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Da Redação
Publicado em 22 de abril de 2013 às 18h07.
Uma verdadeira auditoria das eleições presidenciais na Venezuela indicará irregularidades como coação do voto ou repetição de eleitores e mostrará "que é preciso repetir as eleições", afirma o candidato opositor Henrique Capriles em uma entrevista divulgada nesta segunda-feira pela imprensa espanhola.
"Nossas queixas estão centradas nas inconsistências entre a ata e a votação, na violência nos centros, nos votos feitos sob coerção, no proselitismo nos centros, em pessoas que votaram duas ou três vezes", explica Capriles ao jornal de centro-direita El Mundo.
Por isso, a auditoria não deve se limitar a uma simples recontagem de cédulas, considera.
"É preciso ver todos os elementos do processo: a urna, as cédulas, a ata de votação e, finalmente, o registro de votação, porque lá está a identidade da pessoa, a impressão digital, a assinatura", afirma. "Aí poderemos descobrir se uma pessoa votou várias vezes ou se mortos votaram", acrescenta.
Segundo o Centro Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, o candidato direitista perdeu por 1,8% para o herdeiro de Hugo Chávez, Nicolás Maduro. Capriles se disse convencido de que esta auditoria provará "que é preciso repetir as eleições".
"Mesmo que sejam parciais, essa parcialidade abarca um número de eleitores tão grande que não só reduziria a distância, mas nos daria a vitória", acrescenta.
Já foram auditadas 54% das urnas e nesse processo os opositores detectaram irregularidades como, por exemplo, centros onde Maduro conseguiu 1.000% mais votos do que Chávez nas eleições de 7 de outubro de 2012. "Quem acredita nisso?", lança o opositor.
Depois de uma onda de violência desencadeada após sua derrota para Maduro, que segundo o governo deixou oito mortos, o CNE concordou em auditar parte dos 46% restantes, mas advertiu que a revisão não mudará o resultado das eleições.
A decisão final recairá sobre o Tribunal Supremo e Capriles afirma que não acredita que essa instituição possa impugnar as eleições. "Mas a luta vai continuar", afirma.
"Os olhos do mundo estão nessas eleições. Há verdades que acabam se impondo, por mais que haja instituições sequestradas politicamente", enfatiza.