Argentina: crise do câmbio deve ter um fim (Getty Images/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 19 de outubro de 2023 às 11h09.
Última atualização em 19 de outubro de 2023 às 11h20.
A miscelânea de taxas de câmbio da Argentina provavelmente está com os dias contados. O libertário Javier Milei e a candidata pró-negócios Patricia Bullrich, os dois principais nomes que disputarão o primeiro turno das eleições presidenciais no próximo domingo, prometeram acabar com a série de taxas de câmbio discrepantes utilizadas no país vizinho.
Durante anos, o país restringiu o declínio diário do peso através de controles cambiais e restrições às importações para proteger as reservas internacionais cada vez menores. Um dólar vale 350 pesos no câmbio oficial, mas é cotado a 950 pesos no paralelo, onde a moeda sofreu uma depreciação de quase 40% desde meados de agosto, quando o governo desvalorizou a taxa oficial depois da liderança inesperada de Milei nas eleições primárias do país.
Até a coligação governista, representada pelo Ministro da Economia e candidato Sergio Massa, já começou a voltar atrás em alguns das taxas que implementou, como o chamado dólar Coldplay — para organizadores de concertos — e o dólar Malbec — para exportações agrícolas.
Taxa: 350 pesos por dólar
A taxa de câmbio oficial é altamente restrita. Pessoas físicas só podem comprar US$ 200 por mês legalmente à taxa oficial, devem pagar três impostos que adicionam cerca de 80% ao custo. Os economistas estão prevendo uma forte desvalorização da taxa oficial após as eleições primárias do país neste fim de semana.
Taxa: cerca de 980 pesos por dólar
É taxa mais usada, com cotação diária, para transações em dinheiro vivo, nos fundos de lojas, bancas de jornal ou em escritórios discretos — ou algum conhecido disposta a vender seus dólares, às vezes exigindo grandes sacolas de compras ou mochilas para carregar os maços de notas de pesos.
Taxa: 932 por dólar
A Argentina também tem taxas de câmbio flutuantes para investidores que compram ações e títulos. Para transações locais, é usada uma taxa de câmbio conhecida como “dólar MEP”, enquanto a blue-chip swap (assim mesmo em inglês) é utilizada para operações que terminam no exterior.
Taxa: 735 por dólar
Os argentinos têm que pagar três impostos separados que equivalem a 100% sobre a taxa de câmbio oficial quando utilizam o seu cartão de crédito ou débito argentino para fazer uma compra em moeda estrangeira, uma estratégia do atual governo para inibir gastos no exterior.
Taxa: 700 por dólar
Os argentinos mais ricos que compram produtos de luxo como jatos particulares, carros esportivos, iates, relógios e álcool de primeira linha precisam pagar impostos adicionais de quase 100% sobre o preço dos produtos importados.
As empresas de tecnologia podem reter 30% dos dólares de vendas adicionais no exterior em vez de ter que trocar por pesos. Esses dólares são destinados aos salários dos funcionários.