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Candidatos desconhecidos sonham com presidência do Irã

A sede do Ministério do Interior em Teerã é um entra-e-sai de gente desde a abertura para inscrever-se como candidato às eleições

Irã: qualquer cidadão iraniano maior de idade pode registrar seu nome e entrar temporariamente na política pela porta da frente (STR/Reuters)
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EFE

Publicado em 15 de abril de 2017 às 13h08.

Última atualização em 15 de abril de 2017 às 14h33.

Teerã - Criar um ministério de Assuntos da Alegria é a proposta eleitoral do universitário Alireza Rasti, apenas um das centenas de iranianos que se inscreveram para tentar chegar à presidência do país, mas que não passarão pelo crivo do Conselho de Guardiões da Revolução.

A sede do Ministério do Interior em Teerã é um entra-e-sai de gente de todas as idades e classes sociais desde o dia 11 de abril, quando se abriu o prazo para inscrever-se como candidato às eleições presidenciais do próximo mês de maio.

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Qualquer cidadão iraniano maior de idade pode registrar seu nome e entrar temporariamente na política pela porta da frente, até que o Conselho de Guardiões os faça voltar à realidade com o anúncio no final de abril de um muito reduzido número de candidatos definitivos.

Com calças jeans e blazer, Rasti, de 20 anos, disse à Agência Efe após preencher o formulário que seu objetivo como presidente será reduzir o desemprego entre os jovens e que seu time do coração, o Esteghlal, ganhe a Liga dos Campeões da Ásia pela terceira vez.

"Os ministros eu escolherei entre meus companheiros da universidade. Atualmente há 17 ministros na República Islâmica do Irã, mas nós vamos ter um a mais, o de Assuntos da Alegria", comentou Rasti sem qualquer sinal de ironia.

Este jovem estudante define seu eventual governo como de "verão", em oposição ao Executivo denominado como de "primavera" pelo ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, que também registrou sua candidatura para as eleições.

Como Rasti, que veio da cidade meridional de Shiraz por "curiosidade", para ver o que acontece e que personalidades aspiram à presidência, vários dos presentes parecem encarar o processo de registro como uma experiência nova ou um jogo.

No entanto, também há pessoas convencidas de poder contribuir com seu conhecimento para dirigir e melhorar o país, como é o caso do ex-deputado e médico Mohamad Ali Kuzegar, de 52 anos e de tendência reformista.

"Meu programa e lema é 'o governo do conforto' e minha ideia é gastar o dinheiro do Irã no Irã e com os iranianos", resumiu em declarações à Efe Kuzegar, que não parecia muito disposto a desistir a favor de outro candidato de ideologia similar.

As principais correntes no Irã são os reformistas e os conservadores, ou principalistas, que vêm se alternando no poder desde a fundação da República Islâmica em 1979.

O candidato do primeiro grupo é o atual presidente, Hassan Rohani, que, no entanto, se define como moderado e não confirmou oficialmente que tentará a reeleição para um segundo mandato, embora já seja dado como certo.

O bloco conservador aposta no clérigo Ebrahim Raisi, próximo ao líder supremo, Ali Khamenei, e protetor do mausoléu do imã Reza na cidade santa de Mashad.

A estes dois principais oponentes se somaram no segundo dia de registro Ahmadineyad - a surpresa da corrida eleitoral já que o líder supremo havia lhe recomendado não concorrer às eleições - e aquele que foi duas vezes seu vice-presidente, Hamid Baghaei.

Até o momento, uma dezena de nomes conhecidos e com experiência em cargos políticos se registrou, uma porcentagem ínfima entre as mais de 600 pessoas que compareceram ao Ministério do Interior.

Todas as inscrições serão revisadas pelo Conselho de Guardiões, formado por seis clérigos e seis juristas. Os candidatos finalmente aceitos deverão ser, segundo a Constituição, personalidades políticas e religiosas de moral irrepreensível e capacidade administrativa.

No entanto, ser desqualificado parece a menor preocupação para os variados candidatos, de entre 18 e 88 anos de idade e de profissões tão dispares como engenheiro ou merceeiro, conscientes em sua maioria do quão efêmera será sua passagem pela política.

Como disse à Efe o tradutor de alemão Ali Tabatabai, que "quer como os demais recuperar muitas coisas no Irã", superar o escrutínio do Conselho de Guardiões não depende deles, mas "tentar é grátis".

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