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Canadense conta como abraçou desafio de levar água para países pobres

Ryan Hreljac, de apenas 20 anos, hoje lidera fundação de abrangência mundial para construção de poços e latrinas

Canadense deu início ao projeto com apenas seis anos de idade. Hoje, aos 20, comanda fundação mundial Ryan's Well (Jag Gundu/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2012 às 10h36.

Com apenas seis anos de idade, o canadense Ryan Hreljac, hoje com 20 anos, deu início a um projeto que mudou não só sua vida, mas também as de milhares pessoas que nem conhecia. Tudo começou com uma descoberta que virou de ponta-cabeça sua concepção infantil do mundo.

Em 1998, sua professora, a Sra. Prest, relatou em sala de aula que milhões de cidadãos de diversos países não tinham o mesmo padrão de vida que ele e seus colegas. Ryan ficou chocado ao descobrir que muitos se viam obrigados a caminhar por horas apenas para conseguir água , uma coisa que era banal para ele – e, muitas vezes, aquilo a que tinham acesso era mais parecido com lama. A Sra. Prest estimou, com base em sua experiência local, que talvez fosse possível construir poços nessas localidades a um custo unitário de 70 dólares. Ryan voltou da escola cheio de ideias.

Hoje, Ryan tem 20 anos e estuda no curso de Desenvolvimento Internacional e Ciência Políticas do King’s College em Halifax, na costa leste do Canadá. Ele amadureceu as ideias que teve aos seis anos e hoje lidera uma fundação que possui seu nome: a ‘Ryan´s Well’ (ou ‘O poço de Ryan’, na tradução para o português). Criada em 2001, do alto dos dez anos de Ryan, a instituição já ajudou a construir mais de 700 poços e 900 latrinas em todo o mundo em desenvolvimento, levando água potável e saneamento básico para mais de 745.000 pessoas.

Você era tão jovem quando começou a angariar dinheiro para projetos na África. Como essa ideia surgiu?

A ideia surgiu em janeiro de 1998, quando tinha seis anos de idade e pensava que todas as crianças do mundo viviam como eu. Certo dia, começamos a falar na sala de aula sobre os países em desenvolvimento. A minha professora, a Sra. Prest, nos explicou que as pessoas desses locais não possuem a maioria das coisas que temos aqui no Canadá. E ela não parou por aí. Relatou que alguns africanos andavam por horas somente para conseguir um pouco de água suja. Disse ainda que muitos estavam doentes e que alguns morriam por falta de acesso a água potável. Fiquei simplesmente chocado e muito triste.

A Sra. Prest havia dito que 70 dólares seriam suficientes para construir um poço na África. Então fui para casa todo esperançoso e pedi para meus pais ajudarem. Lógico. Eles disseram, no entanto, que eu mesmo poderia fazer tarefas extras para ganhar o dinheiro. Daí, eu trabalhei por quatro meses para ganhar os 70 dólares. Soube depois que o “meu poço” iria custar 2 mil dólares para ser aberto em um lugar como Uganda. Com isso, aprendi que o problema era muito maior do que eu tinha percebido. Decidi prosseguir e meu projeto de criança tornou-se a Fundação Ryan´s Well.


O que o convenceu tão cedo de que poderia fazer a diferença?

Tudo que tinha de fazer para chegar ao bebedouro e ter água limpa era dar nove ou dez passos. Era fácil demais. Antes daquele dia na escola, achava que todo mundo vivia como eu. Quando descobri que não, decidi que tinha que fazer algo. Então, além das minhas tarefas extras, comecei a contar a familiares e amigos sobre a crise da água na África na tentativa de arrecadar dinheiro para abrir poços.

Seus pais o influenciaram?

Sem minha família, nada do meu trabalho teria sido possível. Eles não me deram os 70 dólares que eu precisava, mas disseram que tinha de ganhar com próprio esforço. Foi uma lição fundamental. Desde então, comecei a trabalhar no meu projeto e a falar às pessoas para aumentar a conscientização sobre as questões da água.

No início da Ryan´s Well, o escritório era no porão de nossa casa. Agora temos um pequeno escritório em endereço próprio com uma equipe de sete pessoas: três ficam em tempo integral e quatro trabalham meio período. Contamos ainda com a ajuda preciosa de muitos voluntários.

E como era para uma criança atrair parceiros para o projeto?

Nunca pensei que não poderia fazer isso. Mesmo sendo garoto, fui falar em clubes e nas salas de aula sobre o projeto. Contei a quem quisesse ouvir a minha história. Tudo com o intuito de arrecadar dinheiro para o meu primeiro poço e depois outro, e outro, e outro.

Quais são suas recomendações para jovens com ideias inovadoras, que tenham perfil de liderança e queiram fazer a diferença no mundo?

Eu sempre pensei que o mundo é como um quebra-cabeça bem grande e todos temos de descobrir onde nossa peça se encaixa. Para mim, é água. Portanto, meu conselho a alguém que queira fazer uma mudança positiva no mundo, é encontrar algo que lhe traga paixão e, depois, siga nessa linha.

Eu era apenas uma criança quando comecei a agir. Espero que minha história seja um exemplo de que todos podemos fazer a diferença. Mantenha sua ideia, mantenha acesa sua paixão, e nunca desista. Não importa quem você seja, onde você mora ou o que faz. Aliás, nunca é cedo demais para mudar o mundo.

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Com apenas seis anos de idade, o canadense Ryan Hreljac, hoje com 20 anos, deu início a um projeto que mudou não só sua vida, mas também as de milhares pessoas que nem conhecia. Tudo começou com uma descoberta que virou de ponta-cabeça sua concepção infantil do mundo.

Em 1998, sua professora, a Sra. Prest, relatou em sala de aula que milhões de cidadãos de diversos países não tinham o mesmo padrão de vida que ele e seus colegas. Ryan ficou chocado ao descobrir que muitos se viam obrigados a caminhar por horas apenas para conseguir água , uma coisa que era banal para ele – e, muitas vezes, aquilo a que tinham acesso era mais parecido com lama. A Sra. Prest estimou, com base em sua experiência local, que talvez fosse possível construir poços nessas localidades a um custo unitário de 70 dólares. Ryan voltou da escola cheio de ideias.

Hoje, Ryan tem 20 anos e estuda no curso de Desenvolvimento Internacional e Ciência Políticas do King’s College em Halifax, na costa leste do Canadá. Ele amadureceu as ideias que teve aos seis anos e hoje lidera uma fundação que possui seu nome: a ‘Ryan´s Well’ (ou ‘O poço de Ryan’, na tradução para o português). Criada em 2001, do alto dos dez anos de Ryan, a instituição já ajudou a construir mais de 700 poços e 900 latrinas em todo o mundo em desenvolvimento, levando água potável e saneamento básico para mais de 745.000 pessoas.

Você era tão jovem quando começou a angariar dinheiro para projetos na África. Como essa ideia surgiu?

A ideia surgiu em janeiro de 1998, quando tinha seis anos de idade e pensava que todas as crianças do mundo viviam como eu. Certo dia, começamos a falar na sala de aula sobre os países em desenvolvimento. A minha professora, a Sra. Prest, nos explicou que as pessoas desses locais não possuem a maioria das coisas que temos aqui no Canadá. E ela não parou por aí. Relatou que alguns africanos andavam por horas somente para conseguir um pouco de água suja. Disse ainda que muitos estavam doentes e que alguns morriam por falta de acesso a água potável. Fiquei simplesmente chocado e muito triste.

A Sra. Prest havia dito que 70 dólares seriam suficientes para construir um poço na África. Então fui para casa todo esperançoso e pedi para meus pais ajudarem. Lógico. Eles disseram, no entanto, que eu mesmo poderia fazer tarefas extras para ganhar o dinheiro. Daí, eu trabalhei por quatro meses para ganhar os 70 dólares. Soube depois que o “meu poço” iria custar 2 mil dólares para ser aberto em um lugar como Uganda. Com isso, aprendi que o problema era muito maior do que eu tinha percebido. Decidi prosseguir e meu projeto de criança tornou-se a Fundação Ryan´s Well.


O que o convenceu tão cedo de que poderia fazer a diferença?

Tudo que tinha de fazer para chegar ao bebedouro e ter água limpa era dar nove ou dez passos. Era fácil demais. Antes daquele dia na escola, achava que todo mundo vivia como eu. Quando descobri que não, decidi que tinha que fazer algo. Então, além das minhas tarefas extras, comecei a contar a familiares e amigos sobre a crise da água na África na tentativa de arrecadar dinheiro para abrir poços.

Seus pais o influenciaram?

Sem minha família, nada do meu trabalho teria sido possível. Eles não me deram os 70 dólares que eu precisava, mas disseram que tinha de ganhar com próprio esforço. Foi uma lição fundamental. Desde então, comecei a trabalhar no meu projeto e a falar às pessoas para aumentar a conscientização sobre as questões da água.

No início da Ryan´s Well, o escritório era no porão de nossa casa. Agora temos um pequeno escritório em endereço próprio com uma equipe de sete pessoas: três ficam em tempo integral e quatro trabalham meio período. Contamos ainda com a ajuda preciosa de muitos voluntários.

E como era para uma criança atrair parceiros para o projeto?

Nunca pensei que não poderia fazer isso. Mesmo sendo garoto, fui falar em clubes e nas salas de aula sobre o projeto. Contei a quem quisesse ouvir a minha história. Tudo com o intuito de arrecadar dinheiro para o meu primeiro poço e depois outro, e outro, e outro.

Quais são suas recomendações para jovens com ideias inovadoras, que tenham perfil de liderança e queiram fazer a diferença no mundo?

Eu sempre pensei que o mundo é como um quebra-cabeça bem grande e todos temos de descobrir onde nossa peça se encaixa. Para mim, é água. Portanto, meu conselho a alguém que queira fazer uma mudança positiva no mundo, é encontrar algo que lhe traga paixão e, depois, siga nessa linha.

Eu era apenas uma criança quando comecei a agir. Espero que minha história seja um exemplo de que todos podemos fazer a diferença. Mantenha sua ideia, mantenha acesa sua paixão, e nunca desista. Não importa quem você seja, onde você mora ou o que faz. Aliás, nunca é cedo demais para mudar o mundo.

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