Mundo

Canadá se tranquiliza com vitória por pouco de separatistas

Com 100% das urnas apuradas, a diferença do voto popular entre o PQ de Pauline Marois e o federalista Partido Liberal do Quebec (PLQ) é de apenas 0,7%


	Pauline Marois, premiê de Quebec, no Canadá: nessa eleição, a província francófona só elegeu 5 deputados conservadores
 (Christinne Muschi/Reuters)

Pauline Marois, premiê de Quebec, no Canadá: nessa eleição, a província francófona só elegeu 5 deputados conservadores (Christinne Muschi/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2012 às 18h34.

Toronto - O Canadá respirou nesta quarta-feira um pouco mais aliviado e satisfeito depois da apertada vitória do Partido Quebequense (PQ), partidário da soberania , nas eleições legislativas realizadas ontem no Quebec, o que parece afastar um novo plebiscito independentista.

O principal jornal anglófono do Quebec, "Montreal Gazette", publicou hoje em seu editorial que "felizmente, evitou-se o pior resultado possível" e que a maioria dos eleitores elegeu "uma mudança no governo, mas uma maioria também votou contra o PQ".

Os resultados finais das eleições, divulgados hoje pela Direção Geral de Eleições do Quebec, são inclusive mais esclarecedores que os divulgados quando o PQ foi declarado vencedor na noite de ontem.

Com 100% das urnas apuradas, a diferença do voto popular entre o PQ de Pauline Marois e o federalista Partido Liberal do Quebec (PLQ) é de apenas 0,7%: 31,9% frente aos 31,2%, respectivamente.

Com essas porcentagens, o PQ terá 54 dos 125 deputados no Parlamento provincial do Quebec, a chamada Assembleia Nacional, enquanto o PLQ, no governo desde 2003, ficará com 50.

O resto das cadeiras se repartirá entre a Coalitión Avenir Québec (CAQ), um partido nacionalista conservador, que terá 19 deputados, e a formação de independentistas de esquerda Solidaire Québec, com 2 deputados.

O resultado final ficou muito longe do que as enquetes previam pouco antes da realização das eleições: a queda do PLQ e uma cômoda maioria do PQ.

Apesar da pouca distância entre PQ e PLQ, Pauline se tornará a primeira mulher na história do Quebec à frente do executivo provincial, já que a tradição eleitoral canadense exclui coalizões de governo e garante que o partido com mais deputados seja o encarregado de formar o governo.


Mas a duração do executivo do PQ pode ser curta, já que, faltando nove deputados para controlar a Assembleia Nacional, Pauline pode ser derrotada em qualquer momento por uma moção de censura que levaria a novas eleições provinciais, como lembrou hoje o jornal "Le Devoir".

A dificuldade que a nova primeira-ministra vai encontrar nos próximos meses para levar adiante seu programa de governo, incluído o avanço do sentimento separatista entre o eleitorado, foi destacada hoje por muitos analistas políticos do país.

Mas as dificuldades não existem apenas para Pauline e os partidários da soberania quebequense.

Como defendeu hoje em seu editorial o principal diário do país, "The Globe and Mail", a vitória do PQ coloca em uma difícil situação o primeiro-ministro canadense, o conservador Stephen Harper, talvez o político menos popular no Quebec.

A publicação destacou que a vitória do PQ por pouco é a prova de que os quebequenses não estão interessados na independência, como em 1980 ou 1995 - quando a província realizou dois plebiscitos independentistas sob governos do PQ - e sim na mudança.

"Mas ao escolher um governo minoritário liderado por Pauline Marois, os quebequenses acabaram de fato com a moderação que caracterizou as relações entre Quebec e as outras partes do Canadá", publicou o veículo em referência aos nove anos de governo do PLQ.

O problema para Harper é que nas eleições gerais de 2011 a imensa maioria dos quebequenses rejeitou seu Partido Conservador.

Nessa eleição, a província francófona só elegeu 5 deputados conservadores. O social-democrata Novo Partido Democrático (NPD), principal partido da oposição em Ottawa, ficou com 59 cadeiras, o Partido Liberal, com 7 e o Bloco Quebequense, com 4.

Nesse panorama, um dos principais comentaristas políticos do Canadá, John Ibbitson, disse hoje que, se Harper jogar bem suas cartas, pode apagar a chama independentista como ninguém fez em mais de 50 anos.

Mas o primeiro-ministro, eleito basicamente pelos canadenses do oeste do país, também se arrisca a "provocar uma rebelião separatista" caso se mostre arrogante e insensível às particularidades dos quebequenses. 

Acompanhe tudo sobre:CanadáEleiçõesPaíses ricosPolítica

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua