Espanha: Além das duas mortes ligadas aos incêndios, as temperaturas extremas deixaram outras duas vítimas mortais (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 18 de julho de 2022 às 10h32.
Os incêndios florestais que assolam a Espanha provocaram a morte de um pastor no noroeste do país, anunciaram nesta segunda-feira, 18, as autoridades locais, após o falecimento, no domingo, 17, de um bombeiro na mesma região.
O corpo de "um homem de 69 anos" foi encontrado "em uma área queimada pelo incêndio florestal de nível 2 declarado no município de Losacio", na província de Zamora, informou o governo regional de Castilla y León (centro norte) em comunicado.
A localidade onde o homem, um pastor segundo os serviços de emergência, foi encontrado morto havia sido evacuada preventivamente como muitas outras áreas em razão do incêndio florestal declarado na tarde de domingo. Ao todo, centenas de moradores tiveram que deixar suas casas. Além disso, por causa do incêndio, uma linha férrea teve que ser cortada.
Por sua vez, o bombeiro faleceu na noite de domingo "no cumprimento de seu dever (...) quando fazia o trabalho de extinção do incêndio de Losacio", disseram as autoridades de Castilla y León.
A Espanha sofre há mais de uma semana com uma onda de calor sufocante que tem provocado inúmeros incêndios, que já queimaram dezenas de milhares de hectares em várias áreas do país.
"As mudanças climáticas matam. Matam pessoas, como vimos, matam também o nosso ecossistema, a nossa biodiversidade", disse o presidente do governo, Pedro Sánchez, durante uma visita à Extremadura, região do sudoeste do país que tem sido particularmente afetada pelos incêndios.
"Até agora este ano, mais de 70.000 hectares já foram destruídos como resultado dos incêndios em nosso país (...) quase o dobro da média da última década", apontou Sánchez.
A Sierra de la Culebra, onde deflagrou o incêndio de Losacio, já havia sofrido um grande incêndio em junho, durante uma onda de calor anterior, que afetou cerca de 30.000 hectares.
Devido ao número de hectares, foi o incêndio florestal mais importante na Espanha desde 2004, segundo a ONG ambientalista WWF. Nesta segunda-feira, quase toda a Espanha ainda estava em alerta por "risco extremo" de incêndio, o nível mais alto.
O país, que vem registrando desde 10 de julho temperaturas máximas bem acima dos 40 ºC, deve ter uma trégua na terça-feira, mas o calor opressivo pode retornar a partir de quarta-feira, alertou a Agência Meteorológica (Aemet).
Esta segunda-feira será o último dia desta onda de calor, segundo a Aemet, com temperatura de até 42 ºC em regiões do norte como o País Basco e Navarra.
Além das duas mortes ligadas aos incêndios, as temperaturas extremas deixaram outras duas vítimas mortais, devido à insolação: um homem de 50 anos no domingo e um trabalhador de limpeza de 60 anos no sábado, ambos na região de Madri.
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Quase metade do território da União Europeia (UE) está "em risco" de sofrer com a seca após uma ausência prolongada de chuvas, anunciou nesta segunda-feira, 18, a Comissão Europeia, justo no momento em que o continente sofre com uma onda de calor.
Cerca de 46% do território da UE está exposto a níveis de seca considerados de risco, o que significa um déficit importante de umidade do solo, indicou o Centro Comum de Pesquisa (JRC, na sigla em inglês) em seu relatório de julho.
Cerca de 11% está em nível de alerta, com a vegetação e os cultivos debilitados pela falta de água, acrescentou o relatório desse serviço da União Europeia.
"França, Romênia, Espanha, Portugal e Itália provavelmente terão que enfrentar uma queda da produtividade dos cultivos", principalmente dos cereais, gerada pelo "estresse hídrico e térmico", destacou o Executivo da UE.
Por sua vez, Alemanha, Polônia, Hungria, Eslovênia e Croácia também foram afetadas, enquanto a bacia do Pó na Itália "enfrenta o nível mais alto de seca severa" na UE, devido a uma "seca intensa" declarada em cinco regiões italianas, afirmou a Comissão Europeia.
A situação também é difícil na Península Ibérica, onde existem "condições propícias para os incêndios florestais", acrescentam na nota os especialistas do Centro Comum de Pesquisa.
"Na Espanha, os volumes de água armazenados em reservatórios estão atualmente 31% abaixo da média da última década", afirmam.
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