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CAF espera que América Latina cresça 'acima de 4%' em 2011

Corporação acredita em crescimento moderado da região, que não deve ser satisfatório

O Brasil foi elogiado pela Corporação Andina de Fomento por ser um país que adotou políticas de Estado bem-sucedidas (Getty Images)

O Brasil foi elogiado pela Corporação Andina de Fomento por ser um país que adotou políticas de Estado bem-sucedidas (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2011 às 08h09.

Paris - O presidente da Corporação Andina de Fomento (CAF), Enrique García, previu nesta terça-feira que a economia latino-americana alcançará neste ano 'crescimento moderado (...) acima de 4%', nível que não deveria deixar a região satisfeita.

A América Latina deve elevar seu crescimento 'a taxas superiores a 5%' ao ano, ressaltou García em encontro com a imprensa em Paris, onde participava de uma conferência organizada pela CAF e pelo Instituto de Estudos Políticos da capital francesa, Sciences Po.

Um ritmo superior ao atual na progressão do Produto Interno Bruto (PIB) é o que permitiria à região buscar a convergência com os países mais avançados e reduzir a desigualdade social e fazê-lo de forma sustentável, argumentou.

Para conseguir, explicou que a América Latina tem de investir mais, ao menos 25% do PIB, contra 21% atualmente. Como exemplo citou o caso de alguns países asiáticos em que o investimento representa mais de 35% de sua riqueza.

Em sua opinião não basta aumentar o volume de investimentos, mas estes devem melhorar em qualidade, e concentrar-se particularmente em infraestruturas e em educação.

O presidente do banco regional considerou que a América Latina deve 'fortalecer muito mais sua qualidade institucional'.

Embora tenha sentido que na resposta a crise econômica houve 'uma boa tendência' nos governos da região com relação à vigilância diante dos eventos mais recentes, ele destacou as diferenças e elogiou especialmente os 'países que adotaram políticas de Estado bem-sucedidas'.

Nesse grupo, García citou os casos do Brasil, Chile e Peru, mas não quis nominar os que ficaram na ponta contrária sob o argumento de que nem todos têm o mesmo desenvolvimento institucional.

Lembrou que a América Latina em seu conjunto se defendeu muito bem diante da crise global, e após a recessão de 2009 registrou 'um rebote importante' em 2010 com crescimento de 6% em média.

Agora 'temos a esperança de que a situação não se deteriore mais' graças entre outros pontos ao fato de não haver problema de dívida externa e os países contarem com altos níveis de reservas.


O 'número 1' da CAF - que com seus US$ 22 bilhões de ativos representa em torno de 30% do financiamento multilateral da América Latina - lembrou as peculiaridades da entidade que preside: 'é talvez o único organismo multilateral de caráter regional (...) propriedade de países em desenvolvimento'.

Igualmente destacou a independência da instituição, 'sem ideologia', em que os empréstimos não são vinculados a eventos políticos, mas à qualidade dos projetos: 'nós não dizemos (aos países) que têm de ter modelo X, E ou Z'.

Interrogado sobre a evolução da crise na Europa, disse que 'está um pouco surpreso' e constatou que 'o sistema de decisões é complexo', mas acredita 'que as decisões estejam sendo postergadas', embora não quis dar receitas: 'não quero ter a pretensão do Fundo Monetário Internacional'.

Coincidindo com a presença de García em Paris, na segunda-feira a CAF assinou com a Agência Francesa de Desenvolvimento uma linha de financiamento de 150 milhões de euros.

Na conferência desta terça-feira discursavam, entre outros, a secretária-geral da União de Nações Sul-americanas (Unasul), María Emma Mejía; o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais do Brasil, Marco Aurélio Garcia; o presidente do Diálogo Interamericano, Michael Shifter, o diretor- geral da Agência Francesa de Desenvolvimento, Dov Zerah, ou o diretor de Sciences Po, Richard Descoings.

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