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Cadeiras vazias e ofensas marcam campanha nos EUA

Marcas da campanha das eleições legislativas dos EUA são cadeiras vazias, propostas de legalização da maconha e até confrontos entre candidatos do mesmo partido

Voluntários carregam bandeira americana durante campanha do senador Mitch McConell (John Sommers II/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2014 às 09h19.

Washington - Na véspera das eleições legislativas nos Estados Unidos , já é possível fazer um balanço de como esta campanha foi extremamente incomum, com disputas fervorosas entre candidatos, debates diante de cadeiras vazias, propostas de legalização da maconha e até confrontos entre candidatos do mesmo partido.

Com a hashtag #fangate, o "caso do ventilador" repercutiu muito entre os americanos nas redes sociais.

O episódio aconteceu na Flórida pouco antes do início do debate - transmitido ao vivo - entre os candidatos ao governo do estado e foi realmente inusitado: Rick Scott, atual governador e candidato à reeleição, se recusou a entrar no palco porque seu adversário, Charlie Crist, tinha um pequeno ventilador ligado atrás de sua bancada.

Scott ameaçou não participar do debate, alegando que as regras proíbem a utilização de aparelhos eletrônicos, mas, passados alguns incômodos minutos entre risos e vaias da plateia, o candidato finalmente subiu ao palco.

"Este provavelmente foi um dos inícios de debate mais peculiares da história", afirmou o jornalista Eliott Rodríguez, que mediou o encontro entre os candidatos ao governo da Flórida.

Como se não bastasse, uma controvérsia fez com que o legislador republicano do Congresso da Carolina do Norte, Thom Tillis, participasse de um debate sem a presença de sua oponente.

A senadora democrata Kay Hagan se recusou a participar do quarto debate para o Senado e decidiu não aparecer, deixando o legislador sentado em frente a uma cadeira vazia durante o programa, e Tillis respondeu sozinho às perguntas de dois repórteres do canal "Time Warner" no tempo destinado ao debate.

Esta não é a primeira vez que uma situação assim acontece, segundo a revista institucional "Smithsonian Magazine". Em 1924, o candidato à vice-presidência dos EUA pelo Partido Progressista, Burton K. Wheeler, também participou sozinho de um "debate" porque o presidente Calvin Coolidge não compareceu, fazendo com que o candidato também compartilhasse o palco com uma cadeira vazia, o que Wheeler chamou de "o habitual silêncio da Casa Branca".

A história também parece se repetir no caso do candidato ao Congresso Clay Aiken.

Depois de quase vencer o reality show "American Idol", Aiken busca um lugar na política, assim como o presidente Ronald Reagan e o ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.

Aiken passou da revista "People" - da qual foi capa em 2008 quando revelou sua homossexualidade - para o ônibus de campanha e para os discursos nos quais acusa seu rival de colocar os interesses de seu partido à frente dos da Carolina do Norte.

Em Nova York a disputa ganhou contornos mais ásperos. Randy Credico, democrata que perdeu as primárias em setembro, lançou em seu Twitter uma série de ofensas contra seu companheiro de chapa, Eric Schneiderman, candidato à procuradoria-geral.

Credico, que durante sua campanha se apresentou como "o único político nos Estados Unidos que admite fumar maconha", se referiu a Schneiderman como sendo um "ex-amigo viciado em cocaína" e o chamou de "Eric do nariz", entre outras coisas.

Seu inimigo político admitiu ter consumido a droga no passado, mas nunca como procurador-geral, como afirma Credico.

A rivalidade, no entanto, não se limita ao partido democrata. Clint Didier, que pertence à ala mais radical do Partido Republicano (Tea Party) e Dan Newhouse, do setor moderado e tradicional, não têm candidatos democratas para enfrentar, e enfrentarão um ao outro na disputa pela cadeira correspondente ao 4º distrito do estado de Washington na Câmara dos Deputados.

No dia 4 de novembro, americanos de 41 estados também votarão 125 propostas, que vão desde a legalização da maconha no Alasca, Oregon e Distrito de Columbia (Washington DC) até a proibição de alguns métodos para caçar ursos no Maine.

Os caçadores deste estado - o único que permite capturar ursos com cevas, cachorros e armadilhas - não aceitam a proibição desses métodos e argumentam da necessidade de controlar uma população que cresceu 30% nos últimos 10 anos e atualmente tem 30 mil ursos.

O estado de Washington pode enfrentar um cenário sem precedentes, caso duas medidas contraditórias sejam aprovadas, como preveem as pesquisas do centro de análises Elway Poll.

Uma determina a averiguação de antecedentes criminais aos compradores de armas, enquanto a outra proíbe o estado de realizar checagens legais além das exigidas pelas leis federais.

Não está claro qual medida prevalecerá se ambas forem aprovadas e, de fato, pode ser que os paradoxos e contradições alcancem o ápice amanhã, caso os conservadores consigam maioria no Senado e assim o controle total do Capitólio.

Se isto acontecer, Barack Obama se tornará um presidente com pouquíssimos poderes para governar e, por mais que ainda esteja na metade do mandato, seu governo estará praticamente acabado.

São Paulo - Os Estados Unidos sempre se viram como uma nação excepcional, como o "farol da humanidade". Essa ideia é levada muito a sério pelos americanos há quase um século: é o "American Excepcionalism". Contudo, muitas pessoas têm se questionado se o conceito não está ameaçado.Veja a seguir oito pesquisas cujos dados indicam que os "EUA excepcional" pode estar mudando radicalmente:
  • 2. Cidadania americana

    2 /10(Ali al-Saadi/AFP)

  • Veja também

    Em 2013, 2999 cidadãos americanos renunciaram a sua cidadania, o maior número da história e um aumento de 753% em relação a 1998Entre 2012 e 2013, o salto foi gigantesco: de 932 para 2999.Fonte: Treasury Department/PolicyMic
  • 3. Mais idas que vindas

    3 /10(Getty Images)

  • Em 2012, 8 países receberam mais americanos que mandaram seus cidadãos para os EUA, entre eles Brasil, China, Austrália e Chile.Em 2011, esse “déficit” só tinha ocorrido com 4 países.Fonte: UniGroup Relocation/Business Insider
  • 4. Sem religião

    4 /10(REUTERS/Lucas Jackson)

    Em 1990, 7,7% diziam não ter nenhuma afiliação religiosa. Em 2012, essa porcentagem chegou a 19,7%.  Entre jovens de 18 a 24 anos, 1 entre 3 se diz sem religião. Entre os que se dizem liberais, essa porcentagem chega a 40%. Em 1972, apenas 1 entre 20 não tinha religião. Em 2013, 1 entre 5.  Fonte: General Social Survey
  • 5. O melhor país do mundo

    5 /10(AFP)

    50% dos americanos de 65 anos ou mais acreditam que nenhum país é melhor que os EUA.Entre os jovens de 18 a 29 anos, essa porcentagem cai para 27%. 12% deles acreditam que há outras nações melhores.Fonte: Pew Research Center (2011)
  • 6. Orgulho da América

    6 /10(Stock.xchng)

    2 entre 3 idosos nos EUA dizem ter “extremos orgulho da América”. Apenas 2 entre 5 jovens dizem o mesmo. Americanos acima de 50 anos são mais propensos que os europeus (superando-os em 15 pontos percentuais) a falar que “a cultura americana” é superior. Entre os jovens americanos, é ao contrário: são menos propensos que os europeus em afirmar isso. Fonte: Public Religion Research Institute
  • 7. Determinismo americano

    7 /10(Jewel Samad/AFP)

    Os americanos sempre alimentaram a noção de que, não importando o meio, você poderia vencer e ser rico. Os jovens não pensam assim: eles são mais propensos que os adultos (14 pontos mais) a dizer que, nos EUA, a riqueza se deve mais ao “berço e aos contatos certos” que “ao trabalho, ambição e educação”. Fonte: Pew Research
  • 8. Capitalismo x Socialismo

    8 /10(Joe Raedle/Getty Images)

    Os adultos dizem preferir o capitalismo ao socialismo com uma vantagem de 27 pontos percentuais. Já os jovens por pouco não preferiram o socialismo em sua maioria.Em 2003, os americanos concordavam mais com a afirmação “o livre-mercado é o melhor sistema” que italianos, alemães ou britânicos. Em 2010, a situação se inverteu. Fonte: Pew Research e GlobeScan
  • 9. Senhores das armas

    9 /10(Chung Sung-Jun/Getty Images)

    Os adultos americanos acreditam muito mais que os adultos britânicos que o seu país não precisa de aprovação da ONU para ir à guerra (29 pontos percentuais acima). Entre os jovens essa diferença é de apenas 8 pontos percentuais.  Jovens americanos concordam mais com a afirmação "os EUA devem levar os interesses de seus aliados em conta, mesmo que isso comprometa o interesse americano" que os americanos mais velhos (23 pontos percentuais acima). Eles também são muito mais favoráveis à ONU que os mais velhos (24 pontos percentuais acima).
  • 10. Entenda mais sobre as mudanças nos EUA

    10 /10(Alex Wong/Getty Images)

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