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Cachoeira repetiu "não" 48 vezes na CPI

Com um ar irônico, quase de deboche, o contraventor repetiu que só vai falar depois de sua audiência, marcada para os dias 31 de maio e 1º de junho

"Não vou falar. Pedimos para reavaliar nossa vinda aqui. Quem forçou para eu vir aqui foram os senhores", reclamou Cachoeira (José Cruz/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2012 às 07h19.

Brasília - Personagem principal da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, disse "não" 48 vezes para os deputados e senadores ontem, terça-feira, ao se recusar a responder às questões da CPI. Com um ar irônico, que às vezes beirou o deboche, Cachoeira repetiu que só vai falar depois de sua audiência, marcada para os dias 31 de maio e 1.º de junho, na 11.ª Vara de Justiça Federal, em Goiânia.

A falta de colaboração teve um efeito colateral indesejado pela base aliada: colocou a empresa Delta no alvo da CPI, que, diante da paralisia provocada por Cachoeira, deve avançar na quebra de sigilo da empreiteira em todo o País, e não apenas na Região Centro-Oeste.

"Não vou falar. Pedimos para reavaliar nossa vinda aqui. Quem forçou para eu vir aqui foram os senhores", reclamou Cachoeira, ao fim das cinco perguntas feitas pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Depois desse momento, ele adotou uma postura entre impaciente e entediado.

O depoimento de Cachoeira seria o primeiro grande momento da CPI. Mas nem mesmo diante do anticlímax fugiu ao script de embate entre governo e oposição. De um lado, os aliados do Planalto e o PT que, a todo custo, tentaram com suas perguntas envolver o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, no esquema ilegal de Cachoeira. De outro, os tucanos que fizeram perguntas direcionadas ao governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, que teve assessores flagrados em negociações com Cachoeira.

Quarenta perguntas depois e passada uma hora e meia, a CPI capitulou e decidiu acatar a sugestão da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) para que a sessão fosse encerrada. "Estamos aqui perguntando a uma múmia. Não vou ficar aqui dando ouro para bandido", disse a senadora. "Vamos ficar aqui infindáveis horas sem respostas", concordou Odair Cunha.

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR), reproduziu a pergunta que recebeu via Twitter: "que bicho vai dar hoje?".

Quebras

Provocado pela oposição, o relator Odair Cunha contrariou a estratégia de blindagem da base governista e defendeu a quebra do sigilo bancário da Delta Construções em âmbito nacional, além de seu principal acionista, Fernando Cavendish. O argumento é que a Operação Saint Michel - deflagrada pelo Ministério Público do Distrito Federal, como continuidade à Monte Carlo - trouxe indícios do envolvimento da cúpula da empreiteira com o esquema de Cachoeira.

Segundo integrantes da CPI, documentos obtidos na Saint Michel mostram que os ex-diretores da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, e no Sudeste, Heraldo Puccini, tinham procuração para movimentar dinheiro em contas nacionais da construtora, e não apenas em suas regiões de atuação, o que implica a autorização prévia da cúpula da empresa, no Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Brasília - Personagem principal da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, disse "não" 48 vezes para os deputados e senadores ontem, terça-feira, ao se recusar a responder às questões da CPI. Com um ar irônico, que às vezes beirou o deboche, Cachoeira repetiu que só vai falar depois de sua audiência, marcada para os dias 31 de maio e 1.º de junho, na 11.ª Vara de Justiça Federal, em Goiânia.

A falta de colaboração teve um efeito colateral indesejado pela base aliada: colocou a empresa Delta no alvo da CPI, que, diante da paralisia provocada por Cachoeira, deve avançar na quebra de sigilo da empreiteira em todo o País, e não apenas na Região Centro-Oeste.

"Não vou falar. Pedimos para reavaliar nossa vinda aqui. Quem forçou para eu vir aqui foram os senhores", reclamou Cachoeira, ao fim das cinco perguntas feitas pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Depois desse momento, ele adotou uma postura entre impaciente e entediado.

O depoimento de Cachoeira seria o primeiro grande momento da CPI. Mas nem mesmo diante do anticlímax fugiu ao script de embate entre governo e oposição. De um lado, os aliados do Planalto e o PT que, a todo custo, tentaram com suas perguntas envolver o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, no esquema ilegal de Cachoeira. De outro, os tucanos que fizeram perguntas direcionadas ao governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, que teve assessores flagrados em negociações com Cachoeira.

Quarenta perguntas depois e passada uma hora e meia, a CPI capitulou e decidiu acatar a sugestão da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) para que a sessão fosse encerrada. "Estamos aqui perguntando a uma múmia. Não vou ficar aqui dando ouro para bandido", disse a senadora. "Vamos ficar aqui infindáveis horas sem respostas", concordou Odair Cunha.

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR), reproduziu a pergunta que recebeu via Twitter: "que bicho vai dar hoje?".

Quebras

Provocado pela oposição, o relator Odair Cunha contrariou a estratégia de blindagem da base governista e defendeu a quebra do sigilo bancário da Delta Construções em âmbito nacional, além de seu principal acionista, Fernando Cavendish. O argumento é que a Operação Saint Michel - deflagrada pelo Ministério Público do Distrito Federal, como continuidade à Monte Carlo - trouxe indícios do envolvimento da cúpula da empreiteira com o esquema de Cachoeira.

Segundo integrantes da CPI, documentos obtidos na Saint Michel mostram que os ex-diretores da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, e no Sudeste, Heraldo Puccini, tinham procuração para movimentar dinheiro em contas nacionais da construtora, e não apenas em suas regiões de atuação, o que implica a autorização prévia da cúpula da empresa, no Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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