Há uma semana, as principais bolsas ao redor do mundo despencavam com a notícia de que o Reino Unido deixará a União Europeia. Mas, ao olhar para o desempenho dos mercados ao longo dos últimos dias, o Brexit parece um pesadelo distante.
As quedas sofridas nas bolsas nos dois primeiros dias de negociações após o anúncio foram amenizadas ou revertidas. O principal índice londrino, o FTSE 100, subiu 7,5% desde a última sexta-feira 24. Na Alemanha e na França as bolsas também estão em alta. Nos Estados Unidos, o Dow Jones subiu 1,3% desde o Brexit. Por aqui, o Ibovespa fechou a quinta-feira acima dos 51.500 pontos – próximo do patamar da quinta-feira 23, antes do anúncio. A questão que fica é: no fim das contas, o impacto do Brexit será menor que o previsto?
“Ainda não está claro pra ninguém como será esse processo de saída do Reino Unido. Provavelmente vai demorar muito tempo e ainda não está claro como ele afeta outras economias. Por isso, investidores voltaram a comprar nos últimos dias”, afirma Luis Gustavo Pereira, analista da corretora Guide.
Apesar da recuperação de grande parte das ações, há um setor que, este sim, continua caindo. O principal índice dos bancos europeus tem perdas de 15% desde a última sexta-feira. O londrino Barclays caiu 16% e o alemão Deutsche, 10% neste período A situação dos bancos europeus já vinha sendo considerada frágil pelos analistas e o consenso é que o Brexit afeta imediatamente seus rendimentos. O banco Goldman Sachs estima que os bancos europeus lucrarão 32 bilhões de dólares a menos com a saída do Reino Unido.
Por aqui, ontem o Ibovespa encerrou o primeiro semestre do ano com alta de 18,8% – foi a maior alta semestral desde 2009. Além do Brexit, a bolsa foi fortemente afetada pelo processo do impeachment, por dados sobre a economia chinesa e pela volatilidade no preço das commodities. Para o segundo semestre, há eleições presidenciais nos Estados Unidos e uma possível alta de juros no país. Sem calmaria à vista.