Brexit: Escócia propõe plano para permanecer no mercado único
Sturgeon ressaltou que "a melhor opção", após "uma Escócia independente dentro da UE", seria que todo o Reino Unido ficasse no mercado único
EFE
Publicado em 20 de dezembro de 2016 às 18h06.
Londres - A ministra principal do governo escocês , Nicola Sturgeon, apresentou nesta terça-feira um plano para que a Escócia permaneça no mercado único até se o Executivo britânico negociar uma saída total da União Europeia (UE) para o conjunto do Reino Unido.
Em um discurso na Bute House, sua residência oficial em Edimburgo, a líder independentista ressaltou que "a melhor opção", após "uma Escócia independente dentro da UE", seria que todo o Reino Unido ficasse no mercado único, através da Área Econômica Europeia (AEE), e dentro da união aduaneira.
Mas, se isto não for possível -"como parece indicar a retórica do governo conservador" da primeira-ministra, Theresa May-, a Escócia deveria poder manter um status "diferenciado", disse.
Sturgeon insistiu que o documento divulgado hoje, intitulado "O lugar da Escócia na Europa", é uma tentativa de "unir o país em torno de um plano claro" e buscar uma "solução para a Escócia" no contexto do "Brexit", pelo qual a região não votou.
Um porta-voz de Downing Street confirmou que será debatida a proposta escocesa em reunião em janeiro com todas as autonomias e recalcou a vontade de May de negociar com Bruxelas um acordo "que beneficie todo o Reino Unido".
Escócia e Irlanda do Norte votaram a favor da permanência na União Europeia no referendo de 23 de junho, no qual 52% dos britânicos apoiaram deixar o bloco comunitário, principalmente da Inglaterra e Gales.
Caso May, pressionada por uma ala de seu próprio partido, acabe negociando um "Brexit" duro -que implique a saída do mercado único, a fim de preservar o controle das fronteiras-, o governo independentista escocês pede uma solução alternativa para a Escócia.
Segundo indica no documento, a ideia seria que a nação histórica escocesa permanecesse no mercado único e recebesse de Londres os poderes necessários para "manter vínculos paneuropeus" em assuntos de gestão própria, como Europol e o programa educativo Erasmus.
Isso requereria ampliar em geral as competências da autonomia que, na opinião de Edimburgo, deveria recuperar áreas de gestão regional agora em mãos de Bruxelas, como agricultura, meio ambiente, pesca e justiça, assim como receber novos poderes em matéria de lei laboral ou de segurança e higiene.
Sturgeon reconheceu que um acordo diferenciado para a Escócia seria "complexo" e requereria "vontade política", mas lembrou que a própria negociação do "Brexit" é complicada e não tem precedentes.
"É preciso levar em conta que existem regras diferenciadas e assimétricas dentro da própria UE e no marco do mercado único", declarou.
A líder afirmou, além disso, que o governo de Londres já mostrou certa disposição a ser "flexível" sobre o "Brexit", com "vários enfoques para diferentes setores da economia".
"Também terá que adotar um enfoque flexível em relação à Irlanda do Norte e Gibraltar, e o prefeito de Londres (o trabalhista Sadiq Khan) também pediu uma regulação especial, particularmente na área de imigração", manifestou.
May se comprometeu a manter as fronteiras abertas entre a província britânica da Irlanda do Norte e da República da Irlanda, que continua sendo membro da UE, o que abre um precedente de livre circulação de movimento com um dos 27.
Sturgeon esclareceu que, caso a Escócia permanecesse no mercado único europeu enquanto o resto do Reino Unido sar, poderia manter a abertura fronteiriça e comercial em território britânico.
O líder do Partido Independentista Escocês (SNP), que governa com maioria absoluta na Escócia, acredita que Londres mostrará "flexibilidade" sobre a proposta escocesa, apesar de May já ter descartado negociar acordos diferenciados para as autonomias.
Caso não sejam defendifos os interesses da Escócia, o governo do SNP não descarta convocar um segundo referendo de independência, depois do que perdeu em 2014, advertiu.