Brasil pode voltar a importar urânio em 2014, diz INB
País poderá voltar a importar material para atender Angra 1 e Angra 2, após passar 2013 sem recorrer o mercado externo
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2013 às 19h31.
Rio - Após passar 2013 sem recorrer ao mercado externo, o Brasil poderá voltar a importar urânio para o atendimento das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2.
O problema seria uma possível interrupção na extração do minério na mina de Caetité (BA), cuja continuidade depende da liberação de obras de rebaixamento. "Ou se tem a licença ou não produziremos nada", comentou o presidente das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), Aquilino Martinez, que participou do Congresso Brasileiro de Energia, da Coppe/UFRJ, nesta terça-feira, 22.
Segundo Martinez, a INB produz cerca de 340 toneladas a 350 toneladas de urânio beneficiado a partir do minério extraído da mina em Caetité. Contudo, isso poderá ser interrompido em 2014. Embora o executivo garanta que se trata apenas de um procedimento técnico da extração minério, a obra de rebaixamento depende de liberação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). "Lá, a questão não é de radioatividade. É de mineração. A preocupação é que não despenque uma parte da jazida", explicou.
A companhia apresentou em maio passado um estudo à CNEN, que retornou com uma série de condicionantes. A expectativa da companhia é de que a comissão dê uma resposta sobre o tema até o fim de dezembro. O prazo-limite considerado pela INB para não recorrer à importação de urânio é o início do segundo semestre de 2014. "Para atender a recarga de Angra 1, que acontece em março de 2014, temos a previsão de produção garantida", assegurou.
No segundo semestre de 2014, a companhia terá que fornecer urânio beneficiado para abastecer a usina Angra 2. Nesse caso, a INB não teria produto estocado para suprir a térmica, o que exigiria a importação do insumo. Martinez explicou que, atualmente, o quilo do urânio é cotado no mercado internacional na faixa de US$ 95, valor que não é considerado tão alto, tendo em vista que já chegou a alcançar US$ 200 o quilo no passado. Nos cálculos do executivo, a importação para suprir Angra 2 custaria em torno de R$ 80 milhões à INB.
O executivo afirmou que a companhia não teria dificuldades de importar urânio. A demanda pelo insumo está em queda com o desligamento das termelétricas nucleares na Alemanha e no Japão, como consequência do acidente nuclear na usina japonesa de Fukushima há dois anos. "Temos grupos do Canadá (Cameco) e da Austrália atuando na venda do urânio", afirmou.
Atualmente, a demanda brasileira por urânio está na faixa de 400 toneladas por ano. Com a entrada em operação de Angra 3, prevista para 2018, o consumo nacional subirá para 700 toneladas. O planejamento plurianual da INB 2014-2018 contempla também o fornecimento do insumo para os projetos do submarino nuclear e o Reator de Multipropósito Brasileiro, o que elevaria a demanda local para 800 toneladas por ano.
O cenário revela a necessidade de o Brasil ampliar a sua produção local de urânio, e a estatal já vem discutindo isso. A companhia, junto com a produtora de fertilizantes Galvani, trabalha para viabilizar o início da produção na mina de Santa Quitéria (CE). O projeto aguarda as licenças do Ibama e da CNEN para sair do papel. "Se as licenças saírem até junho de 2014, esperamos começar a produção em 2017", explicou. A produção inicial na mina será de 1,2 mil toneladas ano, com potencial de expansão para 1,6 mil toneladas. A Galvani participa do projeto porque o urânio da mina é misturado com fosfato.
Apesar de projetar um excedente de urânio, o executivo ponderou que ainda não há nenhuma intenção da INB se tornar exportadora do produto, embora receba constantemente a visita de delegações de outros países interessados nas reservas brasileiras. "Nossa primeira intenção é garantir o atendimento da demanda interna. A questão é que ainda não sabemos qual é o tamanho do programa nuclear brasileiro", justificou. Com só 25% do território mapeado, o Brasil detém a 6ª reserva do mundo, com 309 mil toneladas de urânio.
Até 2030, o planejamento energético do governo prevê sete usinas nucleares em operação no País. Se isso realmente ocorrer, Martinez comentou que as sete térmicas consumiriam, ao longo de 80 anos, 110 mil toneladas de urânio, ou seja, um terço das reservas brasileiras.
Rio - Após passar 2013 sem recorrer ao mercado externo, o Brasil poderá voltar a importar urânio para o atendimento das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2.
O problema seria uma possível interrupção na extração do minério na mina de Caetité (BA), cuja continuidade depende da liberação de obras de rebaixamento. "Ou se tem a licença ou não produziremos nada", comentou o presidente das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), Aquilino Martinez, que participou do Congresso Brasileiro de Energia, da Coppe/UFRJ, nesta terça-feira, 22.
Segundo Martinez, a INB produz cerca de 340 toneladas a 350 toneladas de urânio beneficiado a partir do minério extraído da mina em Caetité. Contudo, isso poderá ser interrompido em 2014. Embora o executivo garanta que se trata apenas de um procedimento técnico da extração minério, a obra de rebaixamento depende de liberação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). "Lá, a questão não é de radioatividade. É de mineração. A preocupação é que não despenque uma parte da jazida", explicou.
A companhia apresentou em maio passado um estudo à CNEN, que retornou com uma série de condicionantes. A expectativa da companhia é de que a comissão dê uma resposta sobre o tema até o fim de dezembro. O prazo-limite considerado pela INB para não recorrer à importação de urânio é o início do segundo semestre de 2014. "Para atender a recarga de Angra 1, que acontece em março de 2014, temos a previsão de produção garantida", assegurou.
No segundo semestre de 2014, a companhia terá que fornecer urânio beneficiado para abastecer a usina Angra 2. Nesse caso, a INB não teria produto estocado para suprir a térmica, o que exigiria a importação do insumo. Martinez explicou que, atualmente, o quilo do urânio é cotado no mercado internacional na faixa de US$ 95, valor que não é considerado tão alto, tendo em vista que já chegou a alcançar US$ 200 o quilo no passado. Nos cálculos do executivo, a importação para suprir Angra 2 custaria em torno de R$ 80 milhões à INB.
O executivo afirmou que a companhia não teria dificuldades de importar urânio. A demanda pelo insumo está em queda com o desligamento das termelétricas nucleares na Alemanha e no Japão, como consequência do acidente nuclear na usina japonesa de Fukushima há dois anos. "Temos grupos do Canadá (Cameco) e da Austrália atuando na venda do urânio", afirmou.
Atualmente, a demanda brasileira por urânio está na faixa de 400 toneladas por ano. Com a entrada em operação de Angra 3, prevista para 2018, o consumo nacional subirá para 700 toneladas. O planejamento plurianual da INB 2014-2018 contempla também o fornecimento do insumo para os projetos do submarino nuclear e o Reator de Multipropósito Brasileiro, o que elevaria a demanda local para 800 toneladas por ano.
O cenário revela a necessidade de o Brasil ampliar a sua produção local de urânio, e a estatal já vem discutindo isso. A companhia, junto com a produtora de fertilizantes Galvani, trabalha para viabilizar o início da produção na mina de Santa Quitéria (CE). O projeto aguarda as licenças do Ibama e da CNEN para sair do papel. "Se as licenças saírem até junho de 2014, esperamos começar a produção em 2017", explicou. A produção inicial na mina será de 1,2 mil toneladas ano, com potencial de expansão para 1,6 mil toneladas. A Galvani participa do projeto porque o urânio da mina é misturado com fosfato.
Apesar de projetar um excedente de urânio, o executivo ponderou que ainda não há nenhuma intenção da INB se tornar exportadora do produto, embora receba constantemente a visita de delegações de outros países interessados nas reservas brasileiras. "Nossa primeira intenção é garantir o atendimento da demanda interna. A questão é que ainda não sabemos qual é o tamanho do programa nuclear brasileiro", justificou. Com só 25% do território mapeado, o Brasil detém a 6ª reserva do mundo, com 309 mil toneladas de urânio.
Até 2030, o planejamento energético do governo prevê sete usinas nucleares em operação no País. Se isso realmente ocorrer, Martinez comentou que as sete térmicas consumiriam, ao longo de 80 anos, 110 mil toneladas de urânio, ou seja, um terço das reservas brasileiras.