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Brasil está muito atrasado na produção de carros elétricos

Já existem no mundo cerca de 340 mil veículos 100% movidos a eletricidade, mas o Brasil é responsável por apenas 0,02% dessa produção


	Carro elétrico na Alemanha: caso decida investir no setor, além dos óbvios ganhos ambientais, o Brasil também pode ter vantagens econômicas
 (Sean Gallup/Getty Images)

Carro elétrico na Alemanha: caso decida investir no setor, além dos óbvios ganhos ambientais, o Brasil também pode ter vantagens econômicas (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2013 às 15h34.

Em um mundo onde, até 2030, a frota mundial de carros deve dobrar, investir em tecnologias limpas é cada vez mais importante. Atenta à nova demanda, a indústria mundial aumentou os investimentos em veículos elétricos nos últimos quatro anos, mas o Brasil não acompanhou a tendência. Pelo contrário, por aqui há políticas de incentivo à gasolina e ao carro convencional.

"Estamos muito atrasados. Hoje, existem cerca de 340 mil veículos 100% movidos a eletricidade no mundo. No Brasil, temos apenas 70", revelou Paulo Roberto Feldmann, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, durante a edição 2013 do Exame Fórum de Sustentabilidade, que aconteceu em novembro, na cidade de São Paulo.

Para ele, o número é absurdo, uma vez que o Brasil representa cerca de 3% da economia mundial. "A incoerência é ainda maior, se pensarmos que temos uma matriz energética majoritariamente limpa. Deveríamos estar na frente de países como EUA e China e não o contrário", criticou Feldmann.

Por que isso não acontece? Mundo afora, há políticas de incentivo para os elétricos, que não existem no Brasil. "O apoio do Estado é fundamental para popularizar esses carros, que de fato são mais caros. É preciso uma parceria entre governo e indústria para atrair os compradores. Esse tipo de prática acontece em todos os países que são líderes de produção", contou Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz Brasil.

Na China, por exemplo, o governo oferece isenção de US$ 15 mil para aqueles que compram carros menos poluentes. "O mercado de elétricos não é espontâneo. Ele deve ser criado, por isso o Brasil jamais vai decolar no setor sem medidas de incentivo", opinou Schiemer.

Caso decida investir no setor, além dos óbvios ganhos ambientais - como redução da poluição do ar e diminuição dos ruídos nas ruas -, o país também pode ter vantagens econômicas. "O custo do quilômetro rodado com carro elétrico é 10 vezes menor do que com modelos convencionais, movidos a gasolina", garantiu Feldmann.

As cidades estão preparadas para os elétricos?

Outro ponto fundamental para que os elétricos "peguem" no Brasil é garantir que as cidades tenham infraestrutura para atender à frota. "Veículos 100% movidos a eletricidade têm menos eficiência de uso. São uma boa alternativa para percorrer distâncias curtas, em áreas urbanas, desde que haja infraestrutura para recarregá-los", admitiu Schiemer.

Paralelamente, deve-se investir em baterias mais duráveis, bem como em técnicas que garantam maior eficiência na hora da recarga. Nesse quesito, o Brasil está um pouco melhor "na fita".

Dentro da Universidade de São Paulo, por exemplo, já existe um posto de recarga elétrica onde é possível alimentar 80% da bateria do veículo em 20 minutos. "Com investimentos em pesquisa, acredito que haverá o dia em que iremos recarregar a bateria de um elétrico no mesmo período de tempo em que recarregamos um celular", afirmou Feldmann, com esperança.

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