Amit Shah (à dir.), ministro do Interior, ao lado do premiê indiano Narendra Modi: hospitalizado por coronavírus (T. Narayan/Bloomberg/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 3 de agosto de 2020 às 10h12.
Última atualização em 3 de agosto de 2020 às 14h55.
O contágio de coronavírus na Índia chegou a alguns dos nomes mais importantes do país. Neste fim de semana, um dos principais ministros do governo do premiê Narendra Modi precisou ser hospitalizado com covid-19, além de outros políticos nos estados.
O número de novos casos diários no país passou de 52.900 no boletim desta segunda-feira, 3, com 771 novas mortes. Nos últimos dias, o número de novos casos também já havia passado de 50.000 diários.
Dentre os políticos hospitalizados neste domingo, 2 de agosto, está o ministro do Interior, Amit Shah. Shah tornou-se o político mais importante até agora a ter contraído coronavírus na Índia.
Com 55 anos, o ministro é um dos maiores aliados do premiê Narendra Modi nas últimas décadas e próximo de todo o gabinete do governo indiano, de modo que pode ter transmitido o vírus a outros políticos. Na última semana, Shah havia participado de uma reunião com todo o corpo ministerial do governo indiano, incluindo Modi.
O governo da Índia ainda não informou se Modi fez testes para o coronavírus. Por ter o cargo de ministro do Interior, Shah também é um dos responsáveis por gerir a crise do coronavírus na Índia.
Neste domingo, a Índia também presenciou a morte de Kamal Rani Varun, secretária do governo do estado de Uttar Pradesh, um dos maiores do país, com mais de 204 milhões de habitantes.
Varun tinha 62 anos e era a única mulher no gabinete do estado. A política foi diagnosticada com a doença em 18 de julho, mas precisou ser hospitalizada e não resistiu às complicações geradas pela covid-19.
Ao menos outros três políticos importantes de estados indianos foram diagnosticados recentemente com covid-19. A infecção de membros da elite política do país, e fora da capital Nova Deli, mostra o desafio da Índia em controlar o vírus e a disseminação da doença para regiões no interior do país.
Um dos desafios da Índia é conter o avanço do coronavírus no interior após o fim do lockdown que proibiu viagens no país. Com as restrições impostas nos últimos meses, uma massa de trabalhadores nas grandes cidades, como Nova Deli e Mumbai, ficaram presos em bairros pobres dessas cidades, grandes picos de contágio do vírus. Agora, ao retornarem a suas casas, espalham o vírus para outras regiões do país.
A Índia chegou a 1,8 milhão de casos de covid-19, sendo o terceiro país no mundo com mais contágios, atrás de Estados Unidos (4,7 milhões de casos) e Brasil (2,7 milhões). As informações foram divulgadas pelo Ministério da Saúde da Índia.
Em número de mortes, o país chega a mais de 38.000 desde o começo da pandemia. No Brasil, são 94.000 óbitos, ante 154.000 nos EUA.
Em meio à alta de casos de coronavírus, uma das esperanças indianas vem de uma aposta bilionária: o instituto indiano Serum está fabricando milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford. A vacina, vale lembrar, ainda não teve eficácia comprovada e está na última fase de testes -- que inclui milhares de voluntários no Brasil.
O Serum pertence a uma bilionária família indiana. A fabricação na Índia começou ainda em abril, muito antes dos primeiros testes mais robustos com a vacina.
Para além do coronavírus, o instituto produz 1,5 bilhão de doses de outras vacinas anualmente. Estima-se que metade das crianças do mundo tenham sido vacinadas com a produção do Serum.
A empreitada do Serum coloca a Índia como potencial líder de uma corrida global pela distribuição de vacinas. Agora, à medida em que os testes com a vacina de Oxford avançam, o Serum afirmou que, se comprovada a eficácia da vacina, manterá metade da produção na Índia e venderá a outra metade ao resto do mundo.