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Braço armado do Hamas alerta companhias aéreas estrangeiras

Porta-voz fez alerta para aéreas estrangeiras com voos no aeroporto de Tel Aviv, pedindo que não usassem fronteira com Faixa de Gaza a partir das 03h00 GMT

Ataque aéreo de Israel: 22 palestinos morreram desde que Hamas e Israel voltaram a se enfrentar  (AFP)

Ataque aéreo de Israel: 22 palestinos morreram desde que Hamas e Israel voltaram a se enfrentar (AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2014 às 19h22.

O braço armado do Hamas lançou na noite desta quarta-feira um alerta às companhias aéreas com voos programados em Tel Aviv depois da retomada das hostilidades na Faixa de Gaza e da tentativa de eliminação de seu chefe por Israel.

Pelo menos 22 palestinos, incluindo nove crianças, morreram desde que o movimento islamita e o Estado hebreu voltaram a se enfrentar na noite de terça-feira, sem esperar pelo fim de um cessar-fogo de nove dias.

As duas primeiras vítimas da violência foram a esposa e o filho de Mohammed Deif, chefe das Brigadas Ezzedin al-Qassam, braço armado do Hamas.

O grupo afirmou que Deif, que vive na clandestinidade e já escapou de cinco tentativas de assassinato, estava vivo e no comando.

Durante a noite, o porta-voz do movimento armado aumentou a pressão: ele fez um alerta para as companhias aéreas estrangeiras com voos no aeroporto de Tel Aviv, pedindo que não usassem mais o local a partir das 03h00 GMT (00h00 de Brasília).

As Brigadas Al-Qassam não especificaram a ameaça, mas já reivindicaram em várias oportunidades disparos de foguetes em direção ao aeroporto.

No fim de julho, a queda de um desses artefatos nas proximidades do aeroporto Ben-Gurion chegou a causar o seu fechamento e diversos voos foram cancelados.

A violência voltou a assolar os moradores da Faixa de Gaza, que vinha de nove dias de calmaria, após um mês de conflito que deixou até o momento 2.049 mortos --incluindo 553 crianças e 253 mulheres--, de acordo com o Ministério palestino da Saúde.

Tentativa de eliminação

Quando os confrontos foram retomados, as Brigadas Al-Qassam pediram que os negociadores palestinos deixassem "imediatamente" o Cairo para não voltarem mais, considerando que as negociações em torno de um acordo "natimorto" estavam "enterradas com o mártir de Ali Deif", em referência ao filho de Mohammed Deif.

Durante o funeral do bebê de sete meses, de sua mãe, Widad, de 27 anos, e de dois integrantes do Hamas, milhares de moradores de Gaza clamavam "vingança".

As Brigadas Al-Qassam prometeram abrir "as portas do inferno" para Israel em represália por esse ataque contra o líder do grupo.

As hostilidades foram retomadas na noite de terça-feira, quando foguetes disparados do enclave palestino caíram em Tel Aviv e em Jerusalém, acabando com a trégua que vinha sendo respeitada desde 11 de agosto.

Os aviões não tripulados israelenses retomaram os ataques ao território palestino, já devastado por um mês de guerra.

Desde então, pelo menos 142 foguetes foram disparados contra Israel, sendo que 105 atingiram seu território, enquanto 22 foram interceptados pelo sistema israelense de defesa anti-mísseis e outros caíram na Faixa de Gaza, indicou o Exército israelense. Nenhuma vítima foi registrada. Israel atingiu 70 alvos.

Desde 8 de julho, três civis foram mortalmente atingidos em Israel por disparos de foguetes e 64 soldados israelenses perderam a vida nos combates - cinco pelo "fogo amigo".

O rompimento da trégua, que expirava na terça-feira às 21h00 GMT (18h00 de Brasília), interrompeu as negociações por um cessar-fogo duradouro entre israelenses e palestinos com a mediação dos egípcios no Cairo.

"O cessar-fogo está morto"

Israel chamou de volta seus emissários quando a trégua foi rompida e nada indica que um acordo por uma suspensão mais longa nos combates esteja próximo.

"O cessar-fogo está morto e Israel é o culpado", disse Azzam al-Ahmed, chefe da delegação palestina nas negociações, que incluem o Hamas, a Jihad Islâmica e a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), à qual pertence a Autoridade Palestina de Mahmud Abbas.

Mesmo com as divergências aparentemente inconciliáveis, os mediadores egípcios pediram que israelenses e palestinos retomem as negociações, enquanto o presidente palestino, Mahmud Abbas, iniciou uma visita a Doha para se reunir com o emir do Catar, xeque Tamim Ben Hamad al-Thani, e com Khaled Mechaal, líder no exílio do Hamas.

Mas Israel não deu sinal de que vá voltar tão cedo às discussões. "Os disparos de foguetes não romperam apenas o cessar-fogo, eles também desfizeram as fundações sobre as quais se baseiam as discussões no Cairo", disse à AFP Mark Regev, porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Diante da imprensa em Tel Aviv, Netanyahu repetiu que seu país vai manter sua operação "Barreira Protetora" contra o Hamas, acrescentando que "os dirigentes das organizações terroristas são alvos legítimos".

Os israelenses fazem da desmilitarização do enclave uma condição indispensável. Eles deixaram claro que não vão negociar "debaixo de bombas". Não querem fazer concessões ao Hamas, organização considerada terrorista por Israel, pela UE e pelos Estados Unidos.

Os palestinos afirmam que não assinarão acordo algum que não inclua uma suspensão do bloqueio israelense de Gaza.

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