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BP deixa lições para o pré-sal, diz especialista

Segundo professor da Coppe-UFRJ, País possui técnicas avançadas de prevenção, mas precisa de sistemas de contenção capazes de controlar um vazamento como o ocorrido nos EUA

Mancha negra: vazamento da BP contamina flora e fauna do litoral dos EUA e deixa lições para o pré-sal brasileiro. (.)

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

São Paulo - O acidente petrolífero no Golfo do México, que entrará pra história como um dos piores desastres ambientais dos Estados Unidos, deixa suas lições. Um alerta para o mundo e, principalmente, para o Brasil. No dia em que os EUA começaram a respirar aliviados pelo sucesso na contenção do vazamento, e os europeus propunham moratória à exploração de óleo em alto mar, por aqui, o Brasil anunciava o início da produção de petróleo nas profundezas do pré-sal.

Os especialistas são categóricos ao afirmar que o País precisa se preparar para um acidente de mesma natureza e magnitude. Afinal, em que pese os riscos, vai-se mais fundo nas águas brasileiras do que no Golfo do México. As extrações do pré-sal devem atingir sete mil metros de profundidade, média bem acima, inclusive, das perfurações em curso em outras regiões do Brasil, de até 5 mil metros.

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"A indústria nacional não deve perder a oportunidade de se prevenir para um acidente semelhante", afirma Ilson Pasqualino, professor do programa de engenharia oceânica da Coppe UFRJ e do curso de engenharia de petróleo. "Temos técnicas de prevenção bem seguras, mas precisamos de sistemas eficazes para contenção".

Segundo o professor, a legislação ambiental brasileira deve se fortalecer para definir responsabilidades e apontar quem deverá tomar as primeiras providências no caso de um acidente. "É preciso que haja uma série de acordos de responsabilidade entre as empresas de extração, o IBAMA, a ANP (Agência Nacional de Petróleo) e outros envolvidos no processo de exploração. Essas atribuições ainda não estão bem definidas no Brasil", diz.

Estudos que mitiguem o impacto ambiental de um acidente petrolífero no mar também são necessários. É possível, por exemplo, avaliar a influência das correntes marítimas na dispersão do óleo, que diferem em fluxo e orientação. "Isso ajudaria a prever a direção que a mancha petrolífera vai seguir e dispor de barreiras em regiões estratégicas que impeçam essa dispersão", explica Pasqualino.

Segundo o especialista, se um acidente como o da BP ocorresse no pré-sal, no momento atual, ele certamente alcançaria o litoral do Rio de Janeiro. "Seria um desastre ambiental sem precedentes na nossa história também", alerta.

Em audiência pública realizada em maio, na Câmara dos Deputados, em Brasília, parlamentares da bancada ambientalista, representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e também do setor produtivo do petróleo, debateram sobre as condições e os avanços brasileiros para conter este tipo de desastre ambiental.

De acordo com a diretora de Qualidade Ambiental da Indústria do MMA, Sérgia de Oliveira, acidentes como este "sempre trazem lições". Ela disse que novas técnicas que abrangem o risco e a emergência de ações em atividades de extração de petróleo estão em debate. "Estamos aprimorando nosso arcabouço institucional e legal para lidar melhor com este tipo de problema", afirmou.

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