Boris Johnson: Partido Conservador do primeiro-ministro tem uma dianteira confortável nas pesquisas e não quer arriscar perdê-la (UK Parliament/Jessica Taylor/Reuters)
Reuters
Publicado em 29 de novembro de 2019 às 10h00.
Londres — O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que seria melhor que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não se envolvesse na eleição britânica quando visitar Londres para uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na semana que vem.
"O que tradicionalmente não fazemos como aliados e amigos amorosos, o que tradicionalmente não fazemos é nos envolver nas campanhas eleitorais uns dos outros", disse Johnson, cujo Partido Conservador tem uma dianteira confortável nas pesquisas sobre a votação de 12 de dezembro.
"O melhor quando você tem amigos e aliados próximos, como os EUA e o Reino Unido, é nenhum dos lados se envolver na eleição do outro", disse ele à rádio LBC.
Trump já opinou sobre a eleição, dizendo em outubro que o líder opositor de esquerda do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, seria "muito ruim" para o país e que Johnson deveria fazer um pacto com o líder do Partido do Brexit, Nigel Farage.
Corbyn usou o elogio de Trump a Johnson como uma de suas principais mensagens para atacar os conservadores em sua campanha, dizendo que estes venderão partes do muito apreciado Serviço Nacional de Saúde (NHS) do governo a empresas norte-americanas após a separação da União Europeia se vencerem a eleição.
O jornal Sun noticiou nesta sexta-feira que figuras destacadas do Partido Conservador temem que Trump diga algo durante sua visita de dois dias que prejudique sua campanha.
O presidente não teve pudor de se intrometer na política britânica em visitas anteriores, o que incluiu críticas à diretriz da antecessora de Johnson, Theresa May, para o Brexit.
Trump, que deve chegar a Londres no dia 2 de dezembro, provavelmente será indagado sobre sua opinião a respeito de futuros acordos comerciais e se o NHS deveria ser incluído, já tendo dito anteriormente que ele deveria estar na mesa.
Mas Johnson disse que abandonaria as negociações comerciais se incluir o serviço de saúde fosse uma precondição.
"Primeiramente, o NHS não está à venda. Em nenhuma circunstância este governo ou qualquer outro governo conservador fará algo para negociar o NHS em conversas comerciais ou privatizar algo assim".