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Bombas do regime sírio matam mais de 200 civis em reduto rebelde

De rara intensidade, estes bombardeios afetaram desde a segunda-feira várias localidades da região de Guta Oriental

Ataques na Síria: é um dos balanços mais mortais nesta região em sete anos de guerra (Reuters)

Ataques na Síria: é um dos balanços mais mortais nesta região em sete anos de guerra (Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de fevereiro de 2018 às 19h08.

Os aviões do regime sírio continuaram a lançar bombas nesta quinta-feira (8) sobre o reduto rebelde da Guta Oriental, onde morreram mais de 210 civis após quatro dias de ataques, provocando um dos balanços mais mortais nesta região em sete anos de guerra.

De rara intensidade, estes bombardeios afetaram desde a segunda-feira várias localidades desta vasta região, que tem 400 mil habitantes, sitiados desde 2013 ante a impotência da comunidade internacional.

Os Estados Unidos asseguraram nesta quinta-feira que apoiam os chamados à trégua de parte da ONU, após anunciar que os ataques do regime do presidente Bashar al-Assad "devem cessar imediatamente".

No entanto, em outra frente, a coalizão internacional liderada por Washington informou ter matado uma centena de combatentes pró-regime sírio em um ataque de represália. O comando militar americano no Oriente Médio confirmou a cifra.

O confronto ocorre em plena escalada da tensão entre Washington e Damasco pelo suposto uso de armas químicas por parte do regime e de uma milícia aliada.

Neste contexto, o Conselho de Segurança da ONU tem prevista uma reunião nesta quinta-feira a portas fechadas para abordar uma trégua humanitária de um mês, reivindicada pelos representantes das agências das Nações Unidas com sede em Damasco. Mais de 13 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária para sobreviver, entre elas seis milhões de deslocados no país.

Os civis continuam pagando um preço enorme nesta guerra desatada em 15 de março de 2011, quando o governo de Damasco começou a reprimir manifestações pacíficas. O conflito complicou-se com a implicação estrangeira e de grupos jihadistas.

Pelo menos seis localidades foram atingidas por estes bombardeios na Guta Oriental. Desde a segunda-feira, 211 civis, entre eles crianças e mulheres, morreram nestes bombardeios, indicou a ONG OSDH (Observatório Sírio de Direitos Humanos), sediada na Grã-Bretanha.

Apenas nesta quinta-feira, 58 civis morreram vítimas de bombas da força aérea síria, que continua seus ataques a várias localidades desta ampla região, segundo a OSDH. Entre eles, 21 morreram na localidade de Arbin e 19 na de Jisrin.

"Quatro piores dias"

Segundo testemunhas, a situação humanitária é catastrófica nesta região, enquanto o conflito já provocou mais de 340 mil mortes e deslocou milhões de pessoas.

"Tratam-se dos quatro piores dias vividos na Guta Oriental" desde o início da guerra, disse à AFP Hamza, médico que atendia feridos em uma clínica de Arbin.

"Foram os bombardeios mais intensos" na região, disse o médico, que detalhou que no local chegaram crianças que, apesar de suas feridas, não conseguiam chorar pelo estado psicológico.

"Como médico, o mais difícil é socorrer parentes, amigos e vizinhos", acrescentou.

Em Jisrin, as bombas caíram perto de uma escola, sobre um mercado e perto de uma mesquita. Os socorristas conseguiram tirar três crianças e uma mulher dos escombros.

Segundo a agência oficial síria Sana, dois civis morreram em Damasco por disparos de morteiro, em uma aparente resposta dos rebeldes.

De acordo com o CENTCOM, o comando militar dos Estados Unidos no Oriente Médio, na zona atingida pelas forças pró-governamentais em Deir Ezzor (leste), na noite de quarta-feira, estavam conselheiros da coalizão.

"A coalizão efetuou bombardeios contra as forças agressoras para repelir o ato de agressão" contra seu pessoal e contra as Forças Democráticas Sírias (FDS), com as quais colaboram, declarou um responsável militar deste organismo que pediu para manter o anonimato.

"Consideramos que mais de 100 membros das forças pró-governo sírio tenham morrido em confrontos com as Forças Democráticas Sírias e as forças da coalizão", detalhou esta mesma fonte. A Síria qualificou este ataque como "crime de guerra".

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