A comunidade internacional teme pela população civil em Rafah, onde se estima que 1,4 dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza estavam aglomerados antes da operação. (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 19 de maio de 2024 às 13h24.
O Exército israelense intensificou seus bombardeios na Faixa de Gaza neste domingo (19), em um dia em que um conselheiro de Segurança americano está em Israel para falar do conflito no território palestino.
A chegada de Jake Sullivan a Israel ocorre após mais de sete meses de guerra contra o movimento islamista palestino Hamas, a quem Israel prometeu aniquilar após o ataque de 7 de outubro no sul de seu território.
Em Jabaliya, no norte de Gaza, onde, segundo o Exército israelense, o Hamas recuperou terreno, foram registrados duros combates.
Segundo testesmunhas, as hostilidades também continuam no sul de Gaza, sobretudo em Rafah, onde as tropas israelenses entraram em 7 de maio com a intenção de realizar uma grande ofensiva.Ainda de acordo com a ONU, cerca de "800.000" palestinos "se viram obrigados a fugir" de Rafah para Khan Yunis, mais ao norte, desde que Israel ordenou em 6 de maio a evacuação da população do leste da cidade.
A comunidade internacional teme pela população civil em Rafah, onde se estima que 1,4 dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza estavam aglomerados antes da operação.
No campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa, um bombardeio atingiu a casa de uma família durante a madrugada. "Recuperamos 31 corpos e 20 feridos entre os escombros", indicou à imprensa o porta-voz da agência de Defesa Civil de Gaza, Mahmud Bassal.
No norte, o hospital Al Ahli Arab reportou três mortos em um bombardeio israelense em uma escola onde os deslocados se abrigavam. No início de janeiro, Israel anunciou que havia neutralizado o Hamas no norte da Faixa de Gaza, mas, de acordo com o Exército, o movimento islamista recuperou terreno em Jabaliya, o que levou a uma nova operação terrestre israelense.
"Faço um apelo a todos aqueles que têm um pouco de humanidade. Massacres estão ocorrendo aqui. Crianças estão sendo despedaçadas. Qual é a culpa dessas crianças e mulheres? Não entendo, será que eles pensam que estão lutando contra uma superpotência? São realmente os civis que estão morrendo", disse Abu Nabil, morador de Jabaliya, à AFP.
Do outro lado da Faixa, o Exército israelense anunciou a intensificação de suas operações em Rafah, principalmente no setor leste, para eliminar os últimos batalhões do Hamas.
O Hamas relatou "duros combates" com disparos de projéteis e mísseis antitanque no leste e sudeste de Rafah.
"Não há segurança, nem comida, nem água. Estamos sendo bombardeados continuamente há meses, dia e noite, estamos aterrorizados (...) O que resta para destruir?", disse Rinad Judeh, morador de Rafah.
"Se o Exército expandir suas operações, a única coisa que podemos fazer é fugir. Ir para Al Mawasi é como ir para o inferno", diz ele, referindo-se a uma área a sudoeste de Rafah para a qual muitos palestinos fugiram.
Os EUA, um importante aliado de Israel, mas que se opõe a uma ofensiva em Rafah, enviou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, a Israel, que se reuniu com os dirigentes do país. Sua visita também coincide com um momento de profundas divisões políticas internas em Israel.
O ministro Benny Gantz, membro do gabinete de guerra de Israel, disse que renunciará a menos que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprove um plano de pós-guerra para Gaza dentro de três semanas.
Antes dele, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, pediu a Netanyahu que "prepare imediatamente" uma "alternativa de governo ao Hamas" em Gaza. O primeiro-ministro israelense, que até agora se recusa a discutir o futuro de Gaza antes que o Hamas seja destruído, acusou Gantz de querer "derrubar o governo".
A entrada de suprimentos também foi praticamente bloqueada desde que o Exército israelense fechou a passagem da fronteira de Rafah com o Egito em 7 de maio, um ponto de passagem crucial para a ajuda.
Apesar de os EUA terem instalado um cais flutuante temporário no litoral de Gaza para a chegada de ajuda, a ONU e as ONGs reiteram que somente a abertura das passagens pode garantir a ajuda necessária em grande escala. O bloqueio da ajuda poderia ter consequências "apocalípticas", alertou o chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths.