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Bombardear o Estado Islâmico é cilada, diz ex-refém do grupo

Em entrevista à ONG The Syria Campaign, o jornalista Nicolas Henin critica os esforços da coalizão e revela o que considera ser a melhor solução para o conflito

Destruição causada por ataque com foguetes em Duma, na Síria: para jornalista ex-refém do EI, proteger a população e estabelecer zonas de exclusão de voo são os caminhos para minar influência dos extremistas (Reutes / Bassam Khabieh)

Gabriela Ruic

Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 09h06.

São Paulo – Nesta semana, a batalha contra o Estado Islâmico ( EI ) ganhou novos contornos depois que o Reino Unido decidiu bombardear posições do grupo na Síria. Momentos depois, jatos da Força Aérea Real que já operavam no Iraque atacaram campos de petróleo controlados pelos extremistas no leste sírio.

Para o jornalista Nicolas Hénin, contudo, a notícia de que o Reino Unido passaria a fazer parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos na Síria foi recebida com apreensão. Na sua visão, os bombardeios ao EI são uma cilada para a comunidade internacional.

O vencedor dessa guerra não será a parte que tem as armas mais modernas e sofisticadas, mas sim aquela que conseguir trazer o povo para o seu lado, disse ele em entrevista à ONG The Syria Campaign. Os bombardeios apenas empurrarão as pessoas para as mãos dos extremistas, considerou.

A melhor estratégia? Segundo Hénin, o segredo para o combate ao grupo está na proteção da população local e isso poderia ser feito a partir do desenvolvimento de uma solução política e pelo estabelecimento de zonas de exclusão aérea em locais controlados por forças de oposição ao regime de Bashar al-Assad .

Ao promover a esperança de uma transição política e a também sensação de segurança em regiões que deixariam de ser alvos de bombardeios, a comunidade internacional conseguiria minar o apoio que o grupo poderia vir a ter na população e desestabilizaria as suas zonas de influência pelo país. É isso que a coalizão tem que fazer, pontuou.

Nicolas Hénin

Autor do livro Jihad Academy – The Rise of the Islamic State, Hénin era um dos vários jornalistas cobrindo o desenrolar da guerra civil na Síria nos idos de 2013. Assim como muitos, acabou capturado e foi mantido refém do EI por dez meses. Mohammed Emwazi, conhecido como Jihadi John, era um de seus captores.

Embora tenha vivido momentos de horror com os extremistas, Hénin é firme no posicionamento de que os bombardeios em nada ajudarão nessa batalha e que a prioridade na Síria não deveria ser o combate ao EI, mas sim o combate a Assad.

Em um artigo publicado no jornal britânico The Guardian dias após os atentados de Paris, o jornalista lembrou o papel de do regime sírio na ascensão do EI e afirmou: eles esperam bombardeios, mas temem a nossa unidade.

A ONG disponibilizou o vídeo da entrevista completa com Hénin, conduzida em inglês. Veja abaixo.

https://youtube.com/watch?v=KovpPJULvgk%3Frel%3D0%26showinfo%3D0

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São Paulo – Nesta semana, a batalha contra o Estado Islâmico ( EI ) ganhou novos contornos depois que o Reino Unido decidiu bombardear posições do grupo na Síria. Momentos depois, jatos da Força Aérea Real que já operavam no Iraque atacaram campos de petróleo controlados pelos extremistas no leste sírio.

Para o jornalista Nicolas Hénin, contudo, a notícia de que o Reino Unido passaria a fazer parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos na Síria foi recebida com apreensão. Na sua visão, os bombardeios ao EI são uma cilada para a comunidade internacional.

O vencedor dessa guerra não será a parte que tem as armas mais modernas e sofisticadas, mas sim aquela que conseguir trazer o povo para o seu lado, disse ele em entrevista à ONG The Syria Campaign. Os bombardeios apenas empurrarão as pessoas para as mãos dos extremistas, considerou.

A melhor estratégia? Segundo Hénin, o segredo para o combate ao grupo está na proteção da população local e isso poderia ser feito a partir do desenvolvimento de uma solução política e pelo estabelecimento de zonas de exclusão aérea em locais controlados por forças de oposição ao regime de Bashar al-Assad .

Ao promover a esperança de uma transição política e a também sensação de segurança em regiões que deixariam de ser alvos de bombardeios, a comunidade internacional conseguiria minar o apoio que o grupo poderia vir a ter na população e desestabilizaria as suas zonas de influência pelo país. É isso que a coalizão tem que fazer, pontuou.

Nicolas Hénin

Autor do livro Jihad Academy – The Rise of the Islamic State, Hénin era um dos vários jornalistas cobrindo o desenrolar da guerra civil na Síria nos idos de 2013. Assim como muitos, acabou capturado e foi mantido refém do EI por dez meses. Mohammed Emwazi, conhecido como Jihadi John, era um de seus captores.

Embora tenha vivido momentos de horror com os extremistas, Hénin é firme no posicionamento de que os bombardeios em nada ajudarão nessa batalha e que a prioridade na Síria não deveria ser o combate ao EI, mas sim o combate a Assad.

Em um artigo publicado no jornal britânico The Guardian dias após os atentados de Paris, o jornalista lembrou o papel de do regime sírio na ascensão do EI e afirmou: eles esperam bombardeios, mas temem a nossa unidade.

A ONG disponibilizou o vídeo da entrevista completa com Hénin, conduzida em inglês. Veja abaixo.

https://youtube.com/watch?v=KovpPJULvgk%3Frel%3D0%26showinfo%3D0

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