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Bolívia nacionaliza fatia de subsidiária da BP

Governo tomou a decisão porque considera que a empresa não cumpriu os investimentos prometidos; indenização ainda será definida

Logo da BP: governo da Bolívia confirmou que vai assumir a participação da empresa no projeto (Ben Stansall/AFP)

Logo da BP: governo da Bolívia confirmou que vai assumir a participação da empresa no projeto (Ben Stansall/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2012 às 15h42.

La Paz - A Bolívia nacionalizou a participação da petroleira Pan American Energy no projeto de gás Caipipendi, vital para abastecimento de combustível ao mercado argentino, argumentando que a firma não cumpriu com seu compromisso de investimento.

Os 25 por cento de participação em Caipipendi, da PAE, subsidiária argentina do grupo British Petroleum, passa imediatamente às mãos da estatal local YPFB, em troca de uma compensação (valor) a ser determinada, disse nesta terça-feira o ministro de Hidrocarbonetos, Juan José Sosa, em conferência de imprensa.

"O que acontece é que a porcentagem (de investimento) que a PAE teria que aportar (em Caipipendi) não está sendo feita, por isso ela está sendo transferida para a YPFB Chaco, subsidiária da YPFB", disse ao anunciar a primeira medida do gabinete ministerial recomposto pelo presidente de esquerda Evo Morales, na segunda-feira.

Os outros sócios do projeto, a Repsol YPFB e a British Gas, cada um com uma participação de 37,5 por cento, não foram afetados pela medida, aprovada dois dias depois de Morales iniciar seu sétimo ano de governo.

A também chamada "recuperação de ações (ativos)" da PAE em Caipipendi dá ao Estado participação direta em um investimento de mais de 1,5 bilhão de dólares para ampliar o fornecimento à Argentina, que é segundo mercado para o gás boliviano depois do Brasil.

A PAE deveria aportar os 25 por cento referentes a este investimento já em curso e liderado pela Repsol YPF, que prevê elevar gradativamente até 2015 a 15 milhões de metros cúbicos o bombeamento de gás em Caipipendi para a Argentina, ante os atuais 3,9 mmcd que produz esta reserva.

O fornecimento de gás da Bolívia para a Argentina, incluindo outros fornecedores, chegou em 2011 ao 11 mmcd, aproximadamente um terço do que o país exporta para o Brasil.

A nacionalização de parte de Caipipendi agrava as dificuldades que a PAE já vivia na Bolívia desde que há quase três anos o governo de Morales nacionalizou também a participação desta empresa na YPFB Chaco, em um processo que gerou uma disputa por compensação ainda sem conclusão.

"YPFB Chaco (97 por cento de propriedade da YPFB) fará uma avaliação de quanto são os investimentos (em Caipipendi) para chegar a uma conciliação com a PAE", disse Sosa, que foi vice-presidente da corporação YPFB até se tornar ministro na segunda.

Caipipendi é um bloco de gás situado na região sudeste do país com uma reserva provada atual de quase 4 bilhões de pés cúbicos (TCF), que segundo fontes oficiais e privadas poderia chegar até 12 TCF, após a conclusão das perfurações de exploração atualmente em desenvolvimento.

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