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Bolívia e OEA acertam auditoria de eleições, mas Mesa rejeita acordo

O opositor Carlos Mesa afirma que acordo entre organização e o governo boliviano é "unilateral"

Evo Morales: oposição desconfia e rejeita acordo feito pelo governo boliviano para auditoria das eleições que reelegeu Morales (David Mercado/Reuters)

Evo Morales: oposição desconfia e rejeita acordo feito pelo governo boliviano para auditoria das eleições que reelegeu Morales (David Mercado/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de outubro de 2019 às 17h28.

Última atualização em 31 de outubro de 2019 às 00h06.

O governo boliviano concordou com a Organização dos Estados Americanos (OEA), nesta quarta-feira (30), em realizar uma auditoria das eleições que deram uma polêmica vitória ao presidente Evo Morales, mas o opositor Carlos Mesa rejeitou o acordo, que classificou de "unilateral".

O chanceler Diego Pary anunciou a assinatura de um acordo com a OEA para "fazer a auditoria integral das eleições gerais de 20 de outubro", em busca de uma saída para os protestos que há dez dias abalam o país.

"O resultado do informe de auditoria será vinculante para as duas partes", acrescentou Pary.

Mesa, que denunciou uma fraude eleitoral, havia dito na terça-feira que somente aceitaria uma auditoria se Morales não reconhecesse a própria eleição e se o resultado da análise fosse vinculante.

No entanto, Mesa - um centrista que já foi presidente entre 2003 e 2005 - declarou nesta quarta-feira que "não aceitamos a auditoria nos atuais termos pactuados unilateralmente".

Além disso apontou que "reconhecemos as posições de instituições, setores cívicos e movimentos sociais que querem a anulação das eleições e manifestam sua desconfiança acerca da auditoria pactuada entre a OEA e o MAS", em referência ao Movimento ao Socialismo, o partido de Morales.

A auditoria foi sugerida na semana passada pelo presidente boliviano ao secretário-geral da OEA, Luis Almagro, depois de a oposição ter denunciado uma fraude para garantir o quarto mandato de Morales

Um primeiro sistema de contagem rápida de votos do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) antecipou, horas depois da votação, um segundo turno entre Morales e Mesa.

Após um silêncio de mais de 20 horas sobre o avanço da apuração - que despertou suspeitas e denúncias -, a tendência mudou e foi declarada a vitória de Morales já no primeiro turno. O presidente obteve 47,08% dos votos contra os 36,51% de Mesa.

A lei boliviana atribui a vitória no primeiro turno se um dos candidatos atingir mais de 50% dos votos ou 40% e uma vantagem de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado.

Grupos radicais se opõem

Mesa havia planejado inicialmente ir para o segundo turno, mas depois aderiu aos que pedem a anulação dessas eleições.

Algumas organizações civis que lideram os protestos em várias cidades do país não querem a realização da auditoria, que começará na quinta-feira.

O líder do opositor Comitê Cívico de Santa Cruz (leste), Luis Fernando Camacho, propôs anular as eleições e também rejeita a auditoria da OEA.

"A solução é anular as eleições e ir para um novo processo (...). Se o governo aceitar, a greve será suspensa", garantiu Camacho.

Waldo Albarracín, liderança de um grupo civil (Conade), apoiado principalmente por estudantes da universidade estatal de La Paz, se pronunciou também a favor da nulidade das eleições e anunciou que "a mobilização se mantém enquanto o problema durar".

"Se o governo acha que vão nos ganhar pelo cansaço, está equivocado", desafiou.

Em meio aos protestos, esta semana houve duros confrontos em Santa Cruz, La Paz e Cochabamba entre simpatizantes de Morales e de Mesa. Por enquanto, o balanço é de mais de 40 feridos, incluindo cinco baleados.

Diante da escalada da violência, a ONU fez ontem "um apelo clamoroso e urgente aos atores políticos, aos setores sociais e a todas e todos os bolivianos para reduzirem tensões e rejeitarem qualquer ato de violência".

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