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Bloco de deputados negros será o mais poderoso na Câmara dos EUA

O número de presidentes negros em comitês contrastará fortemente com a atual composição da Câmara, liderada pelos republicanos, que não tem nenhum

Maxine Waters: próxima legislatura da Câmara dos Representantes terá número recorde de representantes negros (Rebecca Cook/File Photo/Reuters)

Maxine Waters: próxima legislatura da Câmara dos Representantes terá número recorde de representantes negros (Rebecca Cook/File Photo/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 15 de novembro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 15 de novembro de 2018 às 06h00.

O Congressional Black Caucus vai se tornar o bloco mais poderoso na Câmara dos Deputados dos EUA quando os democratas assumirem o controle em janeiro. Os membros do bloco vão dirigir pelo menos cinco comitês e mais de uma dúzia de subcomitês.

Isso poderia aumentar as probabilidades de conflito com a Casa Branca, sendo que os democratas negros são críticos contundentes do presidente Donald Trump e dizem que ele fez comentários racistas sobre políticos negros, atacou especialmente mulheres negras e foi ambíguo a respeito dos supremacistas brancos que o apoiam. Entre os opositores de Trump que devem dirigir comitês está a deputada Maxine Waters, da Califórnia, que deve se tornar presidente de Serviços Financeiros.

Haverá um número recorde de legisladores negros na Câmara em janeiro – mais de 50 – e os presidentes estarão entre os mais poderosos, com autoridade para emitir intimações para obter informações do governo Trump. Eles já estão dizendo que querem investigar a breve política de Trump de separar as famílias de imigrantes sem documentos e realizar audiências e investigar acusações de supressão de eleitores contra o Partido Republicano, entre outras áreas.

O número de presidentes negros em comitês contrastará fortemente com a atual composição da Câmara, liderada pelos republicanos, que não tem nenhum – consequência do fato de que há apenas dois deputados republicanos negros na Câmara. Mesmo assim, o número de negros na liderança de comitês será menor que na década de 1980, quando havia sete, e equivalente à quantidade em 2007-2009 e em 1991-1993, quando também havia cinco.

Outros cotados para encabeçar comitês a partir de janeiro são: Elijah Cummings, 67, de Maryland, em Supervisão e Reforma do Governo; Bennie Thompson, 70, do Mississipi, em Segurança Nacional; Bobby Scott, 71, da Virgínia, em Educação e Força de Trabalho; e Eddie Bernice Johnson, 82, do Texas, em Ciência, Espaço e Tecnologia.

Animosidade

Trump incitou a animosidade com os legisladores negros antes da eleição da semana passada fazendo comentários que foram denunciados pelos democratas por serem racistas.

Trump descreveu a democrata Stacey Abrams, candidata negra ao governo da Geórgia, como “não qualificada”, embora ela tenha se formado na Faculdade de Direito de Yale e tenha sido líder da minoria democrata na legislatura estadual. Ele disse que Andrew Gillum, candidato negro ao governo da Flórida, “não estava preparado” para assumir o cargo, apesar de ser prefeito de Tallahassee. Trump também descreveu Waters, 80, que está no Congresso desde 1990, como “uma pessoa com um QI excepcionalmente baixo.”

Waters chamou o presidente de “brutamontes imoral, indecente e inumano”.

Na noite da sexta-feira, o presidente do Black Caucus, Cedric Richmond, de Luisiana, disse em comunicado que Trump é “um valentão inseguro que não tem o mínimo respeito pelos outros” e mencionou os comentários “abusivos e desrespeitosos” feitos por ele sobre mulheres negras.

“Este presidente demonstrou uma clara animosidade contra as mulheres em geral, mas contra as mulheres negras em particular”, disse Richmond. “Isso tem que acabar.”

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