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Blatter anuncia que recorrerá contra punição de 8 anos

O suíço questionou a competência do Comitê de Ética para afastá-lo do cargo e afirmou que segue "sendo presidente, mesmo suspenso"

Blatter: "Estou envergonhado de como isso tudo ocorreu, que o Comitê de Ética não tenha levado em conta as evidências" (Arnd Wiegmann / Reuters)

Blatter: "Estou envergonhado de como isso tudo ocorreu, que o Comitê de Ética não tenha levado em conta as evidências" (Arnd Wiegmann / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2015 às 09h41.

Genebra - Joseph Blatter anunciou nesta segunda-feira que recorrerá à Corte Arbitral do Esporte (CAS) e à justiça suíça contra a decisão do Comitê de Ética da Fifa de suspendê-lo por oito anos da presidência da entidade e de qualquer atividade relacionada ao futebol.

"Estou envergonhado de como isso tudo ocorreu, que o Comitê de Ética não tenha levado em conta as evidências" de que o pagamento autorizado ao também sancionado presidente da Uefa, Michel Platini, no valor de US$ 1,8 milhão em 2011, correspondia a uma dívida que a organização tinha com ele, argumentou Blatter em entrevista coletiva.

Em entrevista coletiva, O suíço questionou a competência do Comitê de Ética para afastá-lo do cargo e afirmou que segue "sendo presidente, mesmo suspenso", porque uma separação definitiva de suas funções "é uma atribuição que só o Congresso da Fifa tem", defendeu.

"Sou um cidadão suíço e na legislação suíça se alguém é suspenso por oito anos é porque cometeu um erro muito grave", disse, ao informar que seus recursos serão apresentados imediatamente.

No início da entrevista, Blatter se mostrou abatido pela sanção recebida, mas passou a adotar uma postura mais desafiante conforme falava, repetindo várias vezes que está disposto a lutar por sua causa "até o final".

"Vou lutar para restaurar meus direitos e para que possa presidir o Congresso da Fifa em 26 de fevereiro", convocado para escolher o próximo presidente da organização.

A Fifa é atualmente conduzida pelo vice-presidente e agora presidente interino, o camaronês Issa Hayatou, e pelo também interino secretário-geral, o alemão Markus Kattner.

"Hoje fiquei triste, mas vou lutar porque não é possível que algo assim ocorra após 40 anos de serviços à Fifa. Fomos apresentados (em referência a ele e Platini) como mentirosos. É uma questão de respeito e justiça. Sou um combatente e vou lutar por mim e pela Fifa, e espero que Michel faça o mesmo", acrescentou.

Platini se recusou a depor na sexta-feira ao Comitê da Fifa que examinava o caso, enquanto Blatter compareceu à audiência sobre seu caso para expor sua posição.

Blatter insistiu que o pagamento feito pela Fifa a Platini em 2011 foi realizado com "acordo verbal e de cavalheiros" pactuado em 1998, após o qual só foi paga uma parte dos honorários e se deixou o saldo para um pagamento posterior.

O Comitê de Ética "nega a existência desse acordo, que foi confirmado direta ou indiretamente em dois comitês executivos da Uefa, um na Suécia e o outro em Zurique em 1998", segundo Blatter, que sustentou que existem registros de comentários realizados sobre o pagamento a Platini durante essas reuniões.

O que foi pago a Platini mais de uma década depois "era o que se devia" e foi uma operação "que passou pelos comitês de Finanças, Executivo e de Controle, foi registrado e efetuado "seguindo as formas", garantiu Blatter.

"Agora dizem que foi um presente, uma doação, para não dizer corrupção. Dizem que esse dinheiro foi dado a Platini para comprar votos da Uefa", comentou Blatter.

Perguntado na entrevista coletiva sobre uma eventual pressão dos Estados Unidos sobre o Comitê de Ética da Fifa para sancioná-lo, Blatter disse que não considera que tal interferência exista.

"Não sei exatamente se não querem que Platini seja presidente, ou que tirem da Fifa este presidente incômodo", foi a explicação de Blatter.

Sobre o escândalo de corrupção que resultou a prisão de vários dirigentes da Concacaf e da Conmebol, Blatter disse que a Fifa "não tem influência nas confederações", que estas são "independentes" e que elegem seus responsáveis em procedimentos nos quais a entidade internacional não se mistura.

Texto atualizado às 10h41.

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