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Blair ofereceu cargo a Brooks em pleno escândalo das escutas

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair ofereceu a Rebekah Brooks, ex-diretora do News of the World, trabalhar como assessora extra-oficial


	O ex-primeiro ministro Tony Blair: político especificou a Brooks que se tratava de uma assessoria "extra-oficial", algo que devia ficar "entre nós"
 (Dan Kitwood/Getty Images)

O ex-primeiro ministro Tony Blair: político especificou a Brooks que se tratava de uma assessoria "extra-oficial", algo que devia ficar "entre nós" (Dan Kitwood/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2014 às 13h43.

Londres - O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair ofereceu a Rebekah Brooks, ex-diretora do extinto jornal dominical "News of the World", trabalhar como assessora "extra-oficial" em pleno escândalo das escutas na imprensa, segundo um e-mail apresentado nesta quarta-feira no julgamento do caso.

Os detalhes do e-mail vieram à tona no tribunal de Old Bailey, em Londres, onde Brooks está sendo processada pelas escutas ilegais do tablóide e por supostos subornos a funcionários, acusações que ela nega.

Entre outras coisas, o trabalhista Blair - no poder entre 1997 e 2007 - recomendou a Brooks em julho de 2011, seis dias antes de ser detida, iniciar uma investigação sobre o escândalo e se ofereceu para trabalhar como assessor do magnata Rupert Murdoch e do filho dele, James Murdoch, donos do "News of the World", presos por causa do escândalo.

No entanto, o político trabalhista especificou a Brooks que se tratava de uma assessoria "extra-oficial", algo que devia ficar "entre nós", de acordo com o e-mail.

A menção desta ajuda está contida em um e-mail que Brooks enviou a James Murdoch (então presidente da News International, que editava o dominical) e datado de 11 de julho de 2011, um dia depois do fechamento do veículo sensacionalista.

Além de Brooks, está acusado Andy Coulson, também ex-diretor do "News of the World" e antigo porta-voz de Comunicações do primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron.


De acordo com as notas de Brooks, Tony Blair lhe aconselhou, em uma conversa telefônica que durou uma hora, abrir uma pesquisa independente para "limpar" seu nome, ao tempo que lhe pediu que fora forte e que se tomasse pastilhas para dormir.

Concretamente, Blair recomendava uma investigação como a "Hutton", realizada após a morte em 2003 de David Kelly, o especialista do Ministério da Defesa em armas de destruição em massa.

Kelly se suicidou após ser identificado como a fonte de controvertida notícia da "BBC" que acusou ao governo de "exagerar" em um relatório a ameaça do regime de Bagdá, a fim de justificar a intervenção militar no Iraque em 2003.

A investigação "Hutton" isentou de culpa Blair e outros funcionários do governo sobre sua participação nesse polêmico relatório.

No final desta semana, prevê-se que a defesa de Brooks exponha seus argumentos.

Durante seus governo, Tony Blair teve uma relação bastante próxima com o magnata Rupert Murdoch, que o apoiou abertamente nas capas do periódico sensacionalista "The Sun" nas eleições de 1997, nas quais o Trabalhismo chegou ao poder, depois que o tabloide apoiou durante anos os conservadores.

O caso dos escutas explodiu em 2011, após revelar-se o alcance das picadas a telefones celulares de ricos e famosos que tinha praticado o dominical durante anos.

O escândalo levou a uma revisão das práticas jornalísticas no Reino Unido por parte do juiz Brian Leveson, que recomendou introduzir um estatuto para a auto-regulações do setor.

Em março de 2013, os três principais partidos políticos do Reino Unido acordaram um novo marco regulador para a imprensa escrita britânica a fim de proteger de possíveis abusos, sem ameaçar a liberdade de expressão.

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