Exame Logo

Biden pede que América Latina resolva divergências na democracia

Esta cúpula é marcada pela ausência de alguns chefes de Estado, particularmente os do México, Guatemala, Bolívia e Honduras

Biden: Durante o discurso, ele enfatizou o anúncio de uma parceria das Américas para a prosperidade econômica com o objetivo de promover um crescimento mais inclusivo na região (AFP/AFP)
A

AFP

Publicado em 9 de junho de 2022 às 08h24.

Última atualização em 9 de junho de 2022 às 08h28.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou na quarta-feira que as divergências podem ser solucionadas na democracia, "com respeito mútuo e diálogo", no discurso de abertura das Cúpula das Américas , evento boicotado por vários governantes da região por desacordos com Washington.

A democracia "é o ingrediente essencial para o futuro", declarou o presidente em Los Angeles, cidade que abriga a maior comunidade hispânica dos Estados Unidos.

Veja também

"Nossa região é grande e diversificada. Nem sempre concordamos em tudo, mas em uma democracia abordamos nossas divergências com respeito mútuo e diálogo", disse.

LEIA TAMBÉM:O que esperar do encontro entre Bolsonaro e Biden na Cúpula das Américas

Esta cúpula é marcada pela ausência de alguns chefes de Estado, particularmente os do México, Guatemala, Bolívia e Honduras.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, critica a Casa Branca por ter excluído os governos de Cuba, Nicarágua e Venezuela, que Washington não convidou por considerar que não cumprem os padrões democráticos.

AMLO enviou o chanceler Marcelo Ebrard, que declarou a seus colegas no evento que a exclusão foi um "erro estratégico" e que o México deseja "refundar a ordem interamericana". "É evidente que a OEA e sua forma de atuar estão esgotadas", afirmou sobre a Organização dos Estados Americanos.

"A democracia é uma marca da nossa região", como consta na Carta Democrática Interamericana, disse o presidente durante abertura da cúpula, marcada por música e pela participação de jovens e crianças.
Biden acompanhou a cerimônia ao lado da primeira-dama Jill.

O presidente dos Estados Unidos Biden exortou os participantes, que incluem representantes da sociedade civil e do mundo empresarial, a se unirem "em torno de ideias ousadas, ações ambiciosas e demonstrar ao nosso povo que o incrível poder das democracias oferece benefícios concretos e melhora a vida de todos".

"Não é mais apenas uma questão de o que os Estados Unidos farão pelas Américas? A questão é o que podemos alcançar trabalhando juntos como verdadeiros parceiros com diversas habilidades, mas com respeito mútuo e igual, reconhecendo nossa soberania individual e nossa responsabilidades", continuou.

Durante o discurso, ele enfatizou o anúncio de uma parceria das Américas para a prosperidade econômica com o objetivo de promover um crescimento mais inclusivo na região, algo essencial, em particular depois que a pandemia de covid provocou muitos danos na América Latina.

Ele também mencionou a Declaração sobre migração que planeja adotar na sexta-feira, com uma abordagem "inovadora", para gerenciar o problema e compartilhar responsabilidades.

"Representa um compromisso mútuo de investir em soluções regionais que melhorem a estabilidade" e "aumentem as oportunidades de migração segura e ordenada", bem como reprimir o tráfico de pessoas.
O presidente democrata tenta resolver a crise migratória que pode custar o controle do Congresso a seu partido nas eleições de meio de mandato de novembro.

Há várias semanas, quase 7.500 imigrantes sem documentos tentam atravessar a fronteira entre os Estados Unidos e o México, em sua maioria procedentes de países da América Central, mas também do Haiti, Venezuela e Cuba. Eles tentam fugir da pobreza e da violência.

"A migração segura e ordenada é boa para todas as nossas economias, incluindo a dos Estados Unidos. Pode ser um catalisador para o crescimento sustentável, enquanto a migração irregular não é aceitável", disse Biden, no momento em que uma caravana de milhares de migrantes avança para o norte do México, rumo aos Estados Unidos.

O fluxo migratório também é consequência da pandemia, que levou mais 22 milhões de pessoas à pobreza em apenas um ano, e da "guerra brutal e não provocada" do presidente russo Vladimir Putin contra a Ucrânia, que dificulta as vidas das famílias com a alta dos preços dos alimentos.

Desde segunda-feira, o governo americano fez vários anúncios para tentar ganhar a confiança dos países latino-americanos.

Na quarta-feira anunciou a criação de um novo Corpo de Saúde das Américas para melhorar a formação de 500.000 profissionais da saúde na região, aproveitando as lições da pandemia de covid-19.

Também propõe uma "reforma ambiciosa" do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de tentar obter uma participação de capital no BID para investir no ramo de empréstimos do setor privado e "direcioná-los para onde tenham o maior impacto

Na terça-feira, Washington anunciou investimentos privados de 1,9 bilhão de dólares para estimular a criação de empregos e conter a migração, assim como o lançamento de uma nova "Rede de Comunicação Digital" para a América Latina.

Reunião entre Biden e Bolsonaro

Biden aproveita a reunião de cúpula para manter encontros bilaterais, incluindo um encontro previsto com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional de Biden, disse a repórteres que a questão eleitoral está na agenda e que Biden falará de "eleições abertas, livres, justas, transparentes e democráticas" no Brasil.
Bolsonaro, que foi aliado do ex-presidente americano Donald Trump, questionou o resultado da eleição que deu a Biden a vitória em 2020, prejudicando as relações entre Washington e Brasília.

LEIA TAMBÉM:Biden recebe pedido para se posicionar por eleições livres no Brasil

Acompanhe tudo sobre:América do SulDemocraciaEstados Unidos (EUA)Joe Biden

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame