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Biden pede cessar-fogo em Gaza em meio aos novos ataques entre Israel e Hezbollah

Presidente americano discursou na Assembleia Global da ONU logo após Luiz Inácio Lula da Silva descer do púlpito

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos (Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 24 de setembro de 2024 às 12h01.

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O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que é chegada a hora de colocar um fim na guerra entre Israel e Hamas em Gaza e desescalar as tensões regionais no Oriente Médio, em meio aos embates das forças israelenses e do movimento xiita Hezbollah no Líbano, em seu último discurso perante a Assembleia Geral da ONU como chefe de Estado americano, nesta sexta-feira. Aos 81 anos, Biden, que decidiu desistir da tentativa de reeleição nos EUA, não retornará ao principal palco multilateral do mundo.

— Estamos trabalhando para levar grandes medidas de paz e estabilidade ao Oriente Médio. O mundo não deve vacilar sobre os horrores de 7 de outubro, qualquer país teria o direito de garantir que um ataque como aquele não acontecesse novamente — disse Biden, defendendo o direito de defesa de Israel, lembrando as vítimas civis do atentado e apontando o Hamas como responsável por começar a guerra. — Agora é tempo das partes finalizarem os termos [de um acordo], trazer os reféns para casa, garantir a segurança de Israel e de Gaza, livre do Hamas, e terminar esta guerra.

Ainda sobre as tensões no Oriente Médio, o presidente americano afirmou que o trabalho desde o atentado de 7 de outubro foi para prevenir uma guerra que uma guerra regional se espalhasse pelos países vizinhos — algo que não se conseguiu evitar, com desdobramentos na Síria, Iêmen, Irã, Líbano e no Mar Vermelho. Na análise apresentada pelo presidente americano, porém, há tempo para resolver a situação por meio do diálogo.

— O Hezbollah, sem ser provocado, uniu-se ao ataque de 7 de outubro, lançando foguetes em Israel — disse Biden. — [Quase um ano depois] Uma guerra em larga escala não é do interesse de ninguém. Mesmo com a escalada da situação, uma solução diplomática ainda é possível. Na realidade, é o único caminho para garantir a segurança.

A escalada de violência no Oriente Médio é um dos temas que deve ocupar um espaço importante nos próximos dias durante os encontros multilaterais e bilaterais. Em seu discurso de abertura, antes de Biden, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou preocupação e pediu uma ação global para controlar a situação entre Israel e Hezbollah no Líbano.

— O Líbano está à beira do abismo. O povo libanês, o povo israelense e os povos do mundo não podem permitir que o Líbano se torne outra Gaza — disse Guterres. "[A comunidade internacional deve] mobilizar-se para um cessar-fogo imediato e a libertação incondicional de todos os reféns [israelenses detidos pelo Hamas].

Sobre o conflito em Gaza — interligado com a atual escalada entre Líbano e Israel —, Guterres classificou o ataque terrorista lançado pelo Hamas, em 7 de outubro, como desprezível, condenando também a violência que se seguiu na região.

— Nada justifica os atos abomináveis ​​de terror — disse o secretário-geral, acrescentando que nada poderia justificar a punição coletiva dos palestinos. A fala foi aplaudida pela Asselmbleia.

Washington tenta atuar como mediador da situação no Oriente Médio, atuando como um interlocutor entre Israel e Hamas no conflito em Gaza. Há meses, Biden tenta emplacar uma proposição de cessar-fogo em etapas, envolvendo a libertação dos reféns israelenses em Gaza e a retirada das tropas do Estado judeu do território palestino. Até o momento, não houve consenso.

Embora a administração Biden tenha cobrado o governo israelense pelos ataques contra o enclave palestino ao longo da guerra, Washington se mantém como apoio internacional e estratégico de Israel. Com a escalada no Líbano, autoridades americanas, incluindo o presidente, disseram atuar por uma desescalada, mas justificaram que não haveria interesse israelense em tomar territórios no país vizinho ao norte.

Na segunda-feira, o Pentágono afirmou que "pequeno número" de tropas adicionais seria enviado ao Oriente Médio em resposta às crescentes tensões na região. Ao fazer o anúncio do envio de soldados adicionais, o major-general Pat Ryder não esclareceu quantos serão enviados, nem por quanto tempo ou para qual missão.

— Não acreditamos que seja do interesse de Israel que isso se intensifique, que haja uma guerra total lá no norte, na linha azul entre Israel e o Líbano — disse o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, ao Good Moorning America.

Promessas passadas a limpo

A Casa Branca havia antecipado que Biden, em seu último ano de mandato, defenderia que sua "visão de um mundo onde os países se unem para resolver grandes problemas" — algo que disse que faria prevalecer durante seu mandato, após os anos de uma política externa conflitiva e isolacionista de Donald Trump — teria produzido "resultados, conquistas reais para o povo americano e o mundo”.

O que se observa ao redor de Biden, contido, é que há uma série de problemas a serem resolvidos, incluindo a falta de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, a crescente violência na fronteira Israel-Líbano e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

— A América está de volta, tudo bem. Ele pode argumentar isso. Mas com severas limitações em sua capacidade de liderar — disse Aaron David Miller, um negociador de paz de longa data no Oriente Médio que aconselhou presidentes de ambos os partidos. — A administração de Biden é um conto de advertência, eu acho, de quão complicado e surpreendente é o ambiente internacional e as limitações do poder americano.

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