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Biden faz ataques a Trump e questiona Suprema Corte em discurso do Estado da União

Presidente criticou rival por ligação com Rússia, defesa do aborto e envolvimento com invasão do Congresso

 (Saul Loeb/AFP)

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Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 8 de março de 2024 às 00h34.

Última atualização em 8 de março de 2024 às 08h44.

O presidente dos EUA, Joe Biden, usou parte do discurso do Estado da União, a principal fala presidencial do ano, para fazer ataques a Donald Trump, seu antecessor e rival nas eleições deste ano.

Seu discurso teve ao menos 13 menções ao republicano, segundo contabilização do The New York Times, algo incomum na história do evento.

No primeiro ataque, Biden reafirmou o apoio americano à Ucrânia, para em seguida dizer que "meu predecessor, um ex-presidente republicano, disse a Putin: 'faça o que você quer'. Um ex-presidente americano realmente disse isso, se curvando a um líder russo. É ultrajante. É perigoso. É inaceitável", disse.

Em seguida, Biden citou o 6 de janeiro de 2021, dia em que apoiadores de Trump invadiram o Congresso para tentar impedir a certificação dos resultados da eleição de 2020.

"Meu predecessor e alguns de vocês aqui buscam enterrar a verdade de 6 de janeiro. Eu não farei isso. Esse é um momento de falar a verdade e enterrar a mentira. E aqui está a verdade mais simples: você não pode amar seu país só quando vence", prosseguiu.

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Todo ano, o presidente dos EUA vai até o Congresso e faz um discurso sobre o andamento do governo e quais serão as prioridades para os próximos meses. É uma das raras ocasiões em que as principais autoridades do país, como deputados, senadores, comandantes militares, secretários de Estado e juízes da Suprema Corte se reúnem em um evento.

Biden, inclusive, fez uma referência direta aos membros da Suprema Corte. "Com todo o respeito, juízes, as mulheres não são [pessoas] sem poder eleitoral", disse. Seis representantes do tribunal estavam no Plenário e ficaram sentados enquanto parlamentares democratas aplaudiram de pé a fala do presidente.

O democrata promete defender o direito ao aborto, que era garantido no país por uma decisão da Suprema Corte de 1973. No entanto, em 2022, uma nova sentença da corte mudou as regras e, com isso, estados passaram a poder vetar o aborto. Trump apoia as restrições ao procedimento, e o tema deve ser um dos principais assuntos das eleições deste ano.

Em outras partes do discurso, Biden buscou ressaltar bons números da economia, como a criação de 800 mil novos empregos na indústria. Também destacou iniciativas para defender direitos dos trabalhadores, reduzir desigualdades raciais e aumentar impostos sobre grandes empresas e pessoas muito ricas.

"Olhe, eu sou um capitalista. Se você quer fazer um milhão de dólares, ótimo. Apenas pague sua parte justa em impostos", afirmou, para em seguida criticar o governo anterior por um plano para cortar 2 trilhões de dólares em taxas a milionários e grandes empresas.

“O presidente aplicou as narrativas centrais da campanha: contraste de posições com Donald Trump, visão de futuro e discurso focado nos segmentos de renda mais baixa do eleitorado. Passou por todos pontos críticos da disputa, mas fica a dúvida qual o efeito prático em um contexto tão polarizado”, analisa Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington, que esteve presente no Plenário durante o discurso.

O discurso teve na plateia uma presença inesperada: o ex-deputado George Santos, que foi expulso da Câmara e perdeu o mandato, mas ainda tem o direito de comparecer ao Plenário. Ele tentou se sentar na parte reservada aos deputados em exercício, mas foi orientado a ficar mais para o fundo, de acordo com a CNN americana.

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