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COP11 da Biodiversidade: a contribuição das cidades

A biodiversidade está por toda parte e, quando o planejamento urbano se aproxima do funcionamento de um ecossistema, todos os seres se beneficiam, inclusive o homem

De acordo com avaliação, aumentar as áreas verdes em 10% pode reduzir as temperaturas das ruas em 3 a 4 graus centígrados (Stock.XCHNG)
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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2012 às 18h17.

São Paulo - Estamos acostumados a pensar em biodiversidade como algo distante das zonas urbanas, como se fosse coisa exclusiva de florestas , mares, ilhas, montanhas ou campos protegidos na forma de parques e reservas.

Mas a biodiversidade está por toda parte e, quando o planejamento urbano se aproxima do funcionamento de um ecossistema, todos os seres se beneficiam, inclusive o homem.

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Esta é a ideia por trás do Cities and Biodiversity Outlook, documento produzido por 123 cientistas sob a coordenação do sueco Thomas Elmqvist, do Centro de Resiliência de Estocolmo*.

Uma primeira versão da publicação foi apresentada em junho passado, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e uma segunda versão é alvo de discussões na 11ª Conferência das Partes da Convenção de Diversidade Biológica (COP11 da CDB), em Hyderabad, na Índia, nesta semana.

Diante da constatação de que a área ocupada por cidades será três vezes maior, em 2030, do que era em 2000 e cerca de 60% desta expansão urbana ainda está por acontecer, os autores do documento se propuseram a apontar os impactos negativos de uma urbanização sem critérios de sustentabilidade, contrapondo tal modelo a exemplos positivos.

Aumentar as áreas verdes em 10%, de acordo com uma avaliação feita na Inglaterra, pode reduzir as temperaturas das ruas em 3 a 4 graus centígrados, reduzindo o uso de ar condicionado.

O verde urbano também funciona como filtro de poeira e particulados e, dependendo do que se planta, os jardins podem se tornar representativos da flora nacional. É caso de Bruxelas, onde se pode encontrar metade das espécies nativas da Bélgica.

“As cidades precisam aprender como proteger melhor e aumentar a biodiversidade, porque a biodiversidade é extremamente crítica para a saúde e o bem estar das pessoas”, enfatiza Thomas Elmqvist.


“A inovação não reside tanto no desenvolvimento de novas tecnologias infraestruturais ou novas abordagens mas em trabalhar com o que já temos. Os resultados com frequência requerem menos recursos econômicos e são mais sustentáveis”, explica o secretário da CDB, Braúlio Dias.

De forma bem resumida, os principais pensamentos do Cities and Biodiversity Outlook são:
1. Urbanização sem sustentabilidade causa a perda de biodiversidade e mudanças nos ecossistemas;
2. A biodiversidade pode ser rica em cidades;
3. A biodiversidade e os serviços ambientais prestados pelos ecossistemas representam um capital natural crítico;
4. Ecossistemas urbanos podem contribuir significativamente para a melhoria da saúde humana;
5. Incorporar biodiversidade e ecossistemas ao planejamento urbano e ao design das cidades ajuda a reduzir emissões de carbono e melhora a adaptação às mudanças climáticas;
6. A segurança alimentar e a nutricional dependem de sistemas de produção local baseados em biodiversidade;
7. Funções do ecossistema devem ser integradas ás políticas e ao planejamento urbano;
8. O manejo bem sucedido da biodiversidade e dos serviços ambientais incluem todos os níveis e todos os setores;
9. Cidades oferecem oportunidades únicas para aprender e educar sobre a resiliência e o futuro sustentável, e
10. Cidades têm um grande potencial para gerar inovações e instrumentos de governança e, portanto, podem – e devem – assumir a liderança do desenvolvimento sustentável.

Claro que as cidades mais biodiversas também apresentam alguns dos problemas das áreas naturais alteradas – como bandos de maritacas barulhentas, espécies invasoras ou pragas e doenças que atacam o verde urbano. Ainda assim, os ganhos parecem superar as eventuais dificuldades. E quando se atinge um certo equilíbrio na convivência, até os mal amados gambás viram simpáticos visitantes!

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