Bernanke vê economia dos EUA mais forte este ano
Em discurso no Clube Nacional de Imprensa, Bernanke aposta na recuperação da economia dos Estados Unidos este ano
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2011 às 16h54.
Washington - O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, disse hoje em discurso no Clube Nacional de Imprensa que a recuperação da economia dos Estados Unidos deve ganhar força neste ano, embora o nível elevado de desemprego e a inflação baixa demonstrem que há necessidade de apoio contínuo do banco central.
A autoridade afirmou que, mesmo diante dos preços elevados das matérias-primas (commodities), a inflação permanece bastante baixa em termos gerais. Bernanke também repetiu o alerta em relação à situação fiscal norte-americana e pediu a preparação de um plano para reduzir o déficit orçamentário do país.
O presidente do Fed ressaltou "a evidência crescente de que está em andamento uma recuperação autossustentada nos gastos das empresas e dos consumidores". Citando dados recentes que mostraram um aumento generalizado nos gastos dos consumidores e um declínio no número de pedidos de auxílio-desemprego, Bernanke disse também que, neste ano, a economia deve crescer num ritmo mais acelerado do que o registrado em 2010.
"Mesmo assim, diante de uma potencial expansão moderada da produção e de empresas relutantes em contratar, levará vários anos até que a taxa de desemprego volte a um nível mais normal", avaliou.
A expansão da economia dos EUA ganhou força no quarto trimestre de 2010, impulsionada por um aumento no consumo e pela redução nos estoques das empresas, o que sugere uma aceleração no crescimento também neste ano. O aumento contínuo na produtividade, no entanto, indica que as empresas estão mais concentradas em reduzir custos trabalhistas do que em contratar.
Como o desemprego deve permanecer elevado e a inflação deve continuar baixa por algum tempo, a economia ainda precisa de apoio do Federal Reserve, de acordo com Bernanke. As autoridades do banco central decidiram por unanimidade, na última reunião de política monetária, manter o programa de compras de títulos da instituição, embora também tenham enxergado melhora na economia dos EUA.
Demonstrando pouca preocupação com o recente aumento nos preços globais dos alimentos e da energia, Bernanke disse que a inflação nos EUA em dezembro foi de apenas 1,2%. Ele destacou que o núcleo da inflação, que despreza a oscilação nos preços de combustíveis e da comida, foi de 0,7% em 2010, ante 2,5% em 2007, antes do início da recessão.
Na Europa, as autoridades monetárias estão acompanhando de perto o aumento nos preços das commodities, mas o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, disse hoje que as pressões inflacionárias na zona do euro estão sob controle e que o recente aumento nos preços terá vida curta. A inflação provavelmente superará a meta da instituição, de aproximadamente 2% para 2011, segundo Trichet.
Bernanke também disse que os EUA enfrentam desafios fiscais significativas e afirmou que o Congresso precisa preparar um plano para evitar que a dívida pública cresça mais. "Os desafios fiscais de longo prazo que se apresentam à nação são especialmente assustadores porque são produto de tendências poderosas, não fatores temporários ou de curto prazo", avaliou, citando também o envelhecimento da população norte-americana e o aumento nos gastos públicos com saúde. As informações são da Dow Jones.