Em discurso no Congresso, Bernanke pediu aos legisladores para que façam o possível para impulsionar a recuperação em meio da atual crise na Europa (Mark Wallheiser/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2011 às 17h35.
Washington - O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, disse nesta terça-feira que os Estados Unidos apresentarão um crescimento "letárgico" do emprego e advertiu ao Congresso que cortes orçamentais de curto prazo podem afetar a recuperação, assim como as tensões financeiras globais.
Em uma audiência no Congresso, Bernanke disse que os recentes indicadores sobre a economia americana "apontam para a probabilidade de um letárgico crescimento do emprego" nos meses vindouros, ao mesmo tempo em que pediu aos legisladores para que façam o possível para impulsionar a recuperação em meio da atual crise na Europa.
O chefe do Fed disse que um plano confiável para cortar os déficits de longo prazo é urgentemente necessário, mas que é preciso "evitar (adotar) ações fiscais que possam impedir a recuperação econômica".
Bernanke disse ainda que o Fed possui recursos e atuará caso a economia se debilite ainda mais no futuro, mas chamou a atenção para a necessidade de respostas de outras lideranças econômicas.
"A política monetária pode ser uma ferramenta poderosa, mas não é a panaceia", disse para defender as ações adotadas pelo Fed para baixar as taxas de juros no curto e longo prazo, e classificou este último movimento como "significativo mas não um enorme apoio".
"Há uma evidente necessidade de melhorar o processo para adotar decisões orçamentárias de longo prazo, para criar maior prevenção e clareza, evitando ao mesmo tempo interferências com os mercados financeiros e a economia", disse aos legisladores.
Um 'supercomitê' de legisladores dos dois partidos no Congresso está atualmente considerando medidas para cortar o déficit público Federal. Contudo, republicanos e democratas estão longe de um acordo, particularmente no que se refere às altas de impostos, e as divergências ficam ainda mais afloradas com a aproximação das eleições presidenciais de 2012.
Com muitas vozes pedindo imediatos e severos cortes orçamentários, similares aos realizados por algumas nações na Europa, Bernanke advertiu que nos Estados Unidos - onde é adotada uma política de gasto público reduzido para sair da crise -, isso poderia golpear a recuperação, que, segundo ele, tem sido "menos robusta do que desejaríamos".
Bernanke negou que o Fed esteja "imprimindo divisas" para sair da crise, e ressaltou as medidas tomadas recentemente pelo organismo.
A fala de Bernanke acontece num momento em que aumentam as preocupações sobre o impacto da crise da dívida europeia em seus bancos e no mundo.
Para ele, "é difícil" estabelecer quanto a crise europeia afetou os Estados Unidos até agora, "mas parece haver poucas dúvidas de que a crise de fato golpeou a confiança das famílias e das empresas, e de que ela apresenta riscos para o crescimento".
"A exposição direta de nossos bancos à Grécia é mínima. Contudo, se houver um default e isso levar ao default de outros países - ou aos bancos europeus -, pode haver muita volatilidade financeira a nível global", disse.
"Seria um risco muito sério caso isso ocorresse. É por isso que é extremamente importante que os europeus continuem em linha" no esforço para evitá-lo, concluiu.