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Belém festeja 1º Natal como Patrimônio e Estado palestino

Os palestinos conquistaram uma vitória histórica, com a obtenção do registro da Igreja Basílica da Natividade e da rota de peregrinação como Patrimônio Mundial


	Árvore de Natal em frente à Basílica da Natividade: a Basílica é o local do nascimento de Cristo, segundo a tradição cristã
 (Musa al Shaer/AFP)

Árvore de Natal em frente à Basílica da Natividade: a Basílica é o local do nascimento de Cristo, segundo a tradição cristã (Musa al Shaer/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2012 às 11h40.

Belém - Belém se prepara nesta segunda-feira para celebrar o Natal, o primeiro desde que a cidade berço do cristianismo se tornou Patrimônio Mundial e após o reconhecimento da Palestina como Estado observador não-membro na ONU.

O patriarca de Jerusalém, bispo Fouad Twal, a mais alta autoridade católica romana na Terra Santa, fará sua entrada triunfal em Belém, uma região autônoma da Cisjordânia, no início da tarde.

Enquanto isso, tropas de escoteiros palestinos com suas cornetas herdadas do colonialismo britânico (1920-1948) marcharam sob o olhar atento de centenas de turistas em frente à Basílica da Natividade, local do nascimento de Cristo, segundo a tradição.

O cortejo colorido é a oportunidade para a realização de uma grande festa popular palestina na Praça da Manjedoura, no coração de Belém, onde as festividades são a principal atração turística anual da Cisjordânia.

Os palestinos conquistaram uma vitória histórica em junho, com a obtenção do registro da Igreja da Natividade e da rota de peregrinação de Belém como Patrimônio Mundial da Unesco, apesar da oposição de Israel e dos Estados Unidos.


Outra grande conquista diplomática chegou no final de novembro, ao se tornarem um Estado observador não-membro na ONU, em uma votação esmagadora na Assembleia Geral chamada pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, de "ato de nascimento".

Em sua tradicional mensagem de Natal, o bispo Twal felicitou na quinta-feira a adesão da Palestina como Estado observador pelas Nações Unidas, chamando-a de "um passo em direção à paz e da estabilidade na região".

A partir da meia-noite (20h00 no horário de Brasília), o patriarca irá presidir a Missa de Natal na igreja de Santa Catarina, ao lado da Basílica da Natividade, na presença de Mahmoud Abbas, do primeiro-ministro Salam Fayyad e do ministro jordaniano das Relações Exteriores, Nasser Jawdeh.

"Israel tratará de igual para igual outro Estado para o bem de todos", ressaltou o bispo Twal, considerando "urgente" encontrar uma "solução justa e pacífica para a questão palestina".

Ele também pediu ao presidente Barack Obama uma "ação imediata" para fazer avançar o processo de paz.

Por sua vez, em uma mensagem de Natal, o presidente Abbas disse que, em Belém, "nós resistimos à opressão com amor; nós a desafiamos com orgulho; nós construíremos as instituições do nosso Estado e desenvolveros a nossa infra-estrutura, apesar da máquina de destruição do ocupante (Israel).


Nas últimas semanas, Israel multiplicou os anúncios de projetos para a construção de milhares de unidades habitacionais em assentamentos em Jerusalém Oriental anexada e na Cisjordânia ocupada, em retaliação à conquista palestina na ONU.

Mas para Xavier Abu Eid, um cristão palestino, assessor da OLP, o novo Estado da Palestina é um sinal de esperança para a paz.

"No Natal celebramos o nascimento do Príncipe da esperança e Príncipe da paz. Há 64 anos, o povo palestino espera alcançar uma paz justa", disse à AFP, em referência à "Nakba", o êxodo palestino no momento da criação do Estado de Israel, em 1948.

"Após a votação na ONU, sentimos-nos mais próximos desta paz que aspiramos. A votação na ONU é um ponto de viragem na nossa luta não-violenta pela justiça e liberdade", defendeu Abou Eid

Durante as férias de Natal, o Exército israelense aliviou as medidas de segurança para facilitar a passagem de peregrinos cristãos nos postos de controle, seja palestinos dos territórios ocupados ou árabes israelenses.

Belém está localizada além da barreira de segurança erguida por Israel na Cisjordânia - o que os palestinos chamam de "muro do apartheid".

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