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Batalha de Mossul aumenta temor de grave crise humanitária

O primeiro-ministro, Haider al-Abadi, anunciou o lançamento das operações para reconquistar a segunda cidade do país, tomada em 2014 pelo grupo Estado Islâmico


	Estado Islâmico: "Fazemos todo o possível para que sejam tomadas todas as medidas caso ocorra o pior cenário humanitário"
 (Stringer/Reuters)

Estado Islâmico: "Fazemos todo o possível para que sejam tomadas todas as medidas caso ocorra o pior cenário humanitário" (Stringer/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2016 às 09h39.

A batalha para tomar a cidade iraquiana de Mossul dos extremistas pode desencadear uma crise humanitária sem precedentes, capaz de levar às estradas centenas de milhares de civis, em meio à aproximação do inverno, segundo as Nações Unidas.

O vice-secretário geral para assuntos humanitários e coordenador das ajudas urgentes da ONU, Stephen O'Brien, disse que estava "extremamente preocupado com a segurança de 1,5 milhão de pessoas que vivem em Mossul e que podem ser afetadas pelas operações militares".

O primeiro-ministro, Haider al-Abadi, anunciou o lançamento das operações para reconquistar a segunda cidade do país, tomada em 2014 pelo grupo Estado Islâmico (EI) e principal reduto da organização extremista, que não para de perder territórios.

"Fazemos todo o possível para que sejam tomadas todas as medidas caso ocorra o pior cenário humanitário. Mas tememos que ainda haja muito a ser feito", admite Lise Grande, coordenadora humanitária da ONU para o Iraque.

"No pior dos casos, nos encaminhamos literalmente para a maior operação humanitária de 2016" e, segundo a ONU, um milhão de pessoas podem ser deslocadas em questão de semanas.

Ausência de fundos 

"Existe uma regra informal pela qual nenhuma instituição pode encarar um movimento de população de mais de 150.000 pessoas ao mesmo tempo", ressalta Grande.

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) espera poder dispor de onze campos até o fim do ano com uma capacidade de 120.000 pessoas. As autoridades iraquianas esperam poder acolher 150.000 em outros campos.

Mas alguns estarão situados em zonas controladas atualmente pelo Estado Islâmico, e isso significa que deverão ir sendo construídos durante a operação.

É provável que os civis que fugirem de Mossul não consigam carregar muita coisa e será necessário fornecer a eles produtos de primeira necessidade, como água, alimentos e roupas. "Muitos deles devem abandonar Mossul levando apenas algumas roupas nas costas", adverte Becky Bakr Abdullah, do Conselho Norueguês para os Refugiados.

Apesar do caráter maciço da operação humanitária necessária para ajudar as pessoas que fugirem de Mossul, o financiamento é um grande problema: dos 367 milhões de dólares requeridos (334 milhões de euros), menos da metade foi colocada a disposição pelos provedores de fundos.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) anunciou que construirá "locais de emergência" que fornecerão abrigo e serviços básicos a 200.000 pessoas, mas ressaltou que precisa de mais fundos.

Escudos humanos

Além disso, estes deslocamentos em massa de população podem ser agravados com a chegada do inverno e expor os civis sem teto às noites frias do deserto.

Os habitantes de Mossul se encontrarão na linha de frente no decorrer dos combates, presos entre os tiros, ataques aéreos e bombardeios, além de poder ser utilizados como escudos humanos pelo EI.

"Se o Daesh (acrônimo árabe do EI) cercar com bombas os bairros civis, se colocar franco-atiradores em postos estratégicos, os habitantes podem se tornar escudos humanos", adverte Grande.

Das três grandes cidades iraquianas tomadas do EI, apenas Fallujah tinha uma população comparável à de Mossul. A operação militar provocou um êxodo em massa de sua população, dezenas de milhares de civis ficaram deslocados ou amontoados em campos superpovoados.

O destino pode ser mais clemente com os habitantes que fugirem de Mossul. "Com um pouco de sorte, as organizações humanitárias estarão em condições de prestar a ajuda necessária para que não passem de um inferno ao outro", espera Abdullah.

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