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Bangladesh se defende após rejeitar ajuda estrangeira

O governo rejeitou as acusações de negligência nas operações de resgate e anunciou um plano de inspeção dos ateliês têxteis do país


	Corpo de um funcionário de confecção é retirado dos escombros: o governo de Bangladesh precisa enfrentar as fortes críticas relacionadas às condições de segurança dos trabalhadores
 (Munir Uz Zaman/AFP)

Corpo de um funcionário de confecção é retirado dos escombros: o governo de Bangladesh precisa enfrentar as fortes críticas relacionadas às condições de segurança dos trabalhadores (Munir Uz Zaman/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2013 às 13h44.

Daca - Bangladesh defendeu nesta terça-feira sua decisão de rejeitar a ajuda de países estrangeiros, após o desabamento, na quarta-feira, de um prédio de oito andares, no qual morreram centenas de trabalhadores do setor têxtil que trabalhavam para conhecidas marcas de roupa ocidentais.

A catástrofe ocorreu no Rana Plaza, em Savar, nos arredores da capital, deixou ao menos 387 mortos, assim como mil feridos graves, em sua maioria mulheres, mas até o momento - antes que os escombros sejam completamente retirados - é impossível determinar o número exato de vítimas.

Enquanto isso, o governo de Bangladesh precisa enfrentar as fortes críticas relacionadas às condições de segurança dos trabalhadores do setor têxtil e a sua posição de não aceitar ajuda de países estrangeiros nas operações de socorro.

No entanto, o governo rejeitou as acusações de negligência nas operações de resgate e anunciou um plano de inspeção dos ateliês têxteis do país.

"Não sentimos a necessidade de pedir ajuda de emergência do exterior porque nosso dispositivo de socorro era suficiente e foi exemplar", declarou à AFP o ministro do Interior, Mustak Ahmed.

"Nosso exército, nossos bombeiros, a polícia e os voluntários realizaram um trabalho muito bom. Contamos com equipamentos muito bons", acrescentou o ministro.

O conselheiro da ONU de Assuntos Humanitários de Bangladesh, Gerson Brandão, disse nesta terça-feira que propôs mobilizar equipes especializadas com sede em Cingapura e Abu Dhabi poucas horas após o desastre, sem receber resposta.

Desde quarta-feira, mais de 2.400 pessoas foram resgatadas com vida. Segundo a federação de trabalhadores do setor têxtil, cerca de 3.000 pessoas trabalhavam nestes ateliês no edifício.


Entre as centenas de familiares que permaneciam nesta terça-feira nas imediações do local da catástrofe à espera de notícias, muitos expressavam suas dúvidas sobre a eficácia das operações de socorro.

"O uso destes equipamentos pesados arruinará as oportunidades de encontrar os corpos", disse Yunus Khan. "Queremos uma busca manual, como fizeram desde o início", acrescentou.

Milhares de trabalhadores do setor têxtil protestaram na segunda-feira em Bangladesh exigindo a pena de morte para os proprietários do edifício.

"Enforquem Rana, enforquem o assassino!", gritava uma multidão reunida perto do tribunal onde o proprietário do edifício construído ilegalmente, Sohel Rana, compareceu nesta terça-feira.

Para o ativista de direitos humanos Hana Shams Ahmed, o governo temia aceitar a ajuda estrangeira por medo de que seus erros viessem à tona. "Eles não querem que se veja no exterior como era fácil prevenir" este acidente, disse.

Acusado de homicídio por negligência, este homem que foi detido na fronteira com a Índia quando tentava fugir foi colocado em prisão preventiva.

O edifício abrigava cinco ateliês de costura ligados principalmente à marca de roupas espanhola Mango e à britânica Primark.

A Primark, uma empresa de vendas de roupas no varejo, disse na segunda-feira que indenizará os familiares das vítimas do desabamento, assim como a rede de supermercados canadense Loblaw.

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