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Bangcoc afunda 10 milímetros por ano devido à erosão do solo

Durante anos, a cidade foi chamada de "a Veneza do Leste" por sua complexa rede de canais, sendo as embarcações a principal forma de transporte


	Templo Wat Arun, em Bangcoc, na Tailândia: Durante anos, a cidade foi chamada de "a Veneza do Leste" por sua complexa rede de canais
 (Thinkstock/luamduan)

Templo Wat Arun, em Bangcoc, na Tailândia: Durante anos, a cidade foi chamada de "a Veneza do Leste" por sua complexa rede de canais (Thinkstock/luamduan)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2015 às 14h13.

Bangcoc - Bangcoc afunda a uma média de dez milímetros anuais pela erosão do solo devido à contínua construção de edifícios em um terreno argiloso, o que ameaça o futuro da capital tailandesa, segundo os especialistas.

Essa é a conclusão à qual chegou o Conselho de Reforma Nacional da Tailândia, que em seu último relatório advertiu que "são necessárias soluções imediatas e custosas para evitar que a cidade afunde".

Após três anos de pesquisa sobre o tema, os técnicos asseguram que, se essas soluções não forem impostas, a capital tailandesa poderia ver-se submersa sob a água dentro de 30 ou 50 anos.

"De acordo com as conclusões do estudo, Bangcoc afunda em média dez milímetros ao ano, embora haja certas áreas da capital que cheguem aos 20 milímetros", comentou à Agência Efe Sucharit Koontanakulvong, chefe de Engenharia de Recursos Hídricos da Universidade de Chulalongkorn, em Bangcoc.

Durante anos, a cidade foi chamada de "a Veneza do Leste" por sua complexa rede de canais provenientes das águas do rio Chao Phraya, sendo as embarcações a principal forma de transporte tanto humano como de mercadorias.

A partir da década de 1950 as autoridades taparam grande parte dos canais por motivos higiênicos, mas ainda hoje restam alguns que sulcam a capital entre casas e mercados flutuantes.

Esta obstrução de forma precipitada de canais é uma das causas pelas quais o solo, já bastante argiloso, tende a afundar-se com o peso dos inumeráveis edifícios que são erguidos na cidade, ressaltou o especialista de recursos hídricos.

"O controle urbanístico da cidade não é nada conveniente, com a construção desenfreada de edifícios e com materiais não adequados ao tipo de solo da capital," disse Sucharit.

Bangcoc é uma megalópole onde são erguidos centenas de enormes arranha-céus de mais de 20 andares junto a casas tradicionais tailandesas de dois pisos.

Além disso, a Tailândia possui um clima tropical úmido, com monções que de abril a outubro produzem inundações com assiduidade, algumas delas de grande calibre.

Especialmente trágica foi a de 2011, quando a capital tailandesa sofreu inundações maciças devido ao transbordamento de rios e pântanos com o início das copiosas chuvas.

As autoridades cifraram então em mais de nove milhões os afetados, após contabilizar 790 mortos.

O professor Suchirat se mostrou convencido de que "estes tipos de enchentes serão cada vez mais frequentemente se não forem tomadas medidas urgentes e imediatas".

Além do desgaste do solo, o aumento do nível do mar devido à mudança climática poderia agravar a situação por conta da erosão do litoral.

Este aumento é muito preocupante já que a água marítima já alcançou regiões de costa em Samut Sakhon e Samut Prakan, províncias contíguas com Bangcoc, situada a apenas 40 quilômetros do mar.

"É imprescindível que o governo e as autoridades se unam para combater o afundamento, ou infelizmente teremos que pensar em situar a capital em outra região do país", sentenciou Sucharit.

O estudo apresentado oferece como principal solução a criação de barreiras de construção ao redor da cidade para evitar possíveis transbordamentos.

Segundo o especialista, outras soluções seriam a limitação da construção de edifícios em áreas propensas a sofrer inundações ou a construção de canais de drenagem em torno do rio Chao Phraya.

Porém, os esforços em curso para proteger a cidade com muros de contenção foram atrasados por disputas políticas e burocráticas.

"Apesar da urgência, até o momento o problema recebeu pouca atenção dos responsáveis políticos devido ao pouco entendimento entre as distintas instituições, acostumadas a atuar de forma unilateral", lamentou o especialista. EFE

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