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Bahrein: manifestantes voltam a protestar; tropas se afastam

Sindicatos já convocam uma greve geral a partir do próximo domingo

Manifestantes escalam um monumento na Praça da Pérola (Joseph Eid/AFP)

Manifestantes escalam um monumento na Praça da Pérola (Joseph Eid/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2011 às 16h23.

Manama - Milhares de manifestantes voltaram a ocupar neste sábado a Praça da Pérola, em Manama, epicentro da mobilização antigoverno no Bahrein, depois que a polícia e os militares deixaram o local, enquanto os sindicatos convocaram uma greve geral a partir de domingo.

O príncipe herdeiro do Bahrein, Salman bem Hamad Al Khalifa, ordenou à polícia que "mantenha-se à margem das concentrações", quando os manifestantes voltavam à praça da Pérola.

"Ordenamos a todas as forças de segurança que se retirem imediatamente das zonas de concentração (...) como pedimos ás pessoas concentradas que deixem o local para evitar qualquer confronto", disse o herdeiro do trono bareinita, em aparente gesto de conciliação, segundo um comunicado divulgado pela agência estatal BNA.

Desde o começo dos protestos, na segunda-feira passada, este arquipélago do Golfo, cuja população é majoritariamente xiita, mas é governada por uma dinastia sunita, morreram no total seis manifestantes.

Na sexta-feira, o rei Hamad anunciou que encarregaria seu filho de iniciar um diálogo com os manifestantes.

Em uma entrevista transmitida na televisão, o príncipe Salman disse que "nosso diálogo deve ocorrer em um clima de total calma", e "nenhum assunto pode ser excluído deste diálogo".

A pressão aumentou ainda mais neste sábado no Bahrein, pequeno reino pró-Ocidente estrategicamente posicionado no Golfo Pérsico, onde a oposição xiita afirma que não descansará enquanto o atual governo não renunciar.

Os manifestantes começaram a construir tendas na Praça da Pérola, depois de remover as barreiras de arame farpado instaladas pelas forças de segurança.

A polícia, que mais cedo tentou dispersar a multidão com bombas de gás lacrimogêneo, acabou seguindo a atitude do exército e deixou o local.

Alguns manifestantes foram levados para o hospital Salmaniya depois de ter inalado o gás.

"Estou feliz por termos voltado; eu disse que nós voltaríamos", comemorava o jovem Ibrahim, de 23 anos, que participa dos protestos.

"As pessoas querem a queda do regime", cantavam os manifestantes, que defendem protestos pacíficos.

Mais cedo, a oposição havia rejeitado a oferta de diálogo do príncipe herdeiro, afirmando que só negociaria depois que as tropas se retirassem da Praça da Pérola e o gabinete renunciasse.

"Para que consideremos o diálogo, o governo deve renunciar e o exército deve sair das ruas", disse à AFP Abdel Jalil Khalil Ibrahim, líder parlamentar da Associação do Acordo Nacional Islâmico (INAA), que está boicotando o parlamento para protestar contra a violenta repressão às manifestações.

"Até agora, o que vimos não foi a linguagem do diálogo, e sim a linguagem da força", destacou.

Ao mesmo tempo, o maior sindicato do Bahrein convocou uma greve geral por tempo indefinido, começando no domingo, para protestar contra a violência policial e para exigir o direito de manifestação.

"O sindicato geral convoca os trabalhadores do Bahrein para uma greve geral começando no domingo, a menos que o exército seja retirado das ruas e as manifestações pacíficas sejam permitidas sem ataques das forças de segurança", declarou a entidade.

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