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Bachelet volta à Presidência com agenda ambiciosa

Socialista leva a centro-esquerda de volta ao poder depois do governo do conservador Sebastián Piñera

Michelle Bachelet, nova presidente do Chile, acena de seu veículo enquanto deixa o Congresso depois de ser empossada no cargo, em Valparaíso (Cristobal Saavedra/Reuters)

Michelle Bachelet, nova presidente do Chile, acena de seu veículo enquanto deixa o Congresso depois de ser empossada no cargo, em Valparaíso (Cristobal Saavedra/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2014 às 17h03.

Valparaíso - A socialista Michelle Bachelet assumiu nesta terça-feira a Presidência do Chile, em uma mudança de cargo histórica, com a promessa de mudar a cara do país latino-americano, que tem uma das piores distribuição de renda da América Latina.

Bachelet, que leva a centro-esquerda de volta ao poder depois do governo do conservador Sebastián Piñera, se torna assim a primeira presidente a assumir um segundo mandato no Chile desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet.

"Sim, prometo", disse Bachelet com voz firme quando a presidente do Senado, Isabel Allende Bussi --filha do ex-presidente Salvador Allende-- recebeu o juramento no Congresso para o início do mandato presidencial de quatro anos.

A médica, de 62 anos e mãe de três filhos, assumiu o governo do maior produtor mundial de cobre das mãos de Piñera, que deixa a Presidência com 50 por cento de aprovação e que deixou o prédio do Congresso na cidade portuária de Valparaíso sob aplausos e dirigindo seu próprio carro.

Como parte de uma agenda cheia de encontros bilaterais, Bachelet se reuniu com a presidente Dilma Rousseff e as mandatárias decidiram que um diplomata brasileiro fará parte da missão chilena no Conselho de Segurança da ONU, em que o Chile ocupa um assento não permanente até 2015.

"Este é um primeiro passo que é muito significativo, simbólico da intensidade das relações que queremos dar aos vínculos entre Brasil e Chile", disse o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, acrescentando que as relações com a América Latina serão uma "prioridade" para o novo governo.

Dilma afirmou que Brasil e Chile irão aprofundar ainda mais as relações com o retorno de Bachelet à Presidência.

"A presidente Michelle Bachelet é amiga e parceira do Brasil", disse Dilma no Twitter. Segundo a presidente brasileira, o Chile é o terceiro parceiro comercial do Brasil na América Latina, atrás somente da Argentina e do México, e o Brasil é o principal destino dos investimentos externos chilenos, com cerca de 22 bilhões de dólares.


A cerimônia de posse contou com a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, uma série de líderes latino-americanos e convidados de organismos internacionais.

Encontro de Chanceleres da Unasul

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cancelou de última hora a presença na posse diante dos violentos protestos contra o governo em seu país.

"Foi uma decisão própria do presidente para conseguir durante estes próximos dias estabilizar a paz e a democracia na Venezuela, uma vez que conseguimos isolar e neutralizar os grupos armados violentos", disse o chanceler venezuelano, Elías Jaua, em Valparaíso.

Foi confirmado durante a posse de Bachelet que os chanceleres dos países-membros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) vão se reunir na quarta-feira, em Santiago, para analisar a situação política na Venezuela, onde 22 pessoas morreram em manifestações contra o governo nas últimas semanas.

Dilma disse a repórteres na cidade de Viña del Mar, vizinha a Valparaíso, que a reunião de chanceleres buscará "a construção de um ambiente de acordo, de consenso, de estabilidade na Venezuela". A presidente disse ainda que deve ser criada pela Unasul uma comissão para fazer a interlocução da crise na Venezuela.

Contra o Relógio

Bachelet conseguiu retornar à Presidência após uma arrasadora vitória eleitoral em dezembro, depois de ter governado entre 2006 e 2010, quando se tornou a primeira mulher presidente do país.

A presidente prometeu aumentar os impostos no setor empresarial para financiar uma reforma educacional e tenta mudar a Constituição herdada da ditadura, com melhorias à saúde, entre outros desafios.

Bachelet tem pela frente uma agenda apertada que inclui um pacote de 50 medidas que prometeu lançar nos primeiros 100 dias de governo.

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