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Bachelet pede "investigação imparcial" sobre a violência em Hong Kong

Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos têm acompanhado protestos da população de Hong Kong contra o governo chinês

Protestos: população pede manutenção da autonomia da ex-colônia britânica frente a China (AGENCE FRANCE-PRESSE/AFP)

Protestos: população pede manutenção da autonomia da ex-colônia britânica frente a China (AGENCE FRANCE-PRESSE/AFP)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 13 de agosto de 2019 às 12h19.

Última atualização em 13 de agosto de 2019 às 16h37.

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, expressou nesta terça-feira sua preocupação com a repressão das manifestações pró-democracia em Hong Kong e pediu uma "investigação imparcial" na ex-colônia britânica.

Bachelet "condena qualquer forma de violência (...) e exige que as autoridades de Hong Kong iniciem uma investigação rápida, independente e imparcial" sobre o comportamento das forças de segurança, afirmou o porta-voz da Alta Comissária, Rupert Colville, durante uma entrevista coletiva em Genebra.

Para a chefe do governo local, Carrie Lam, favorável a Pequim, a violência registrada durante os protestos em Hong Kong levará a cidade "por um caminho sem retorno".

"A violência, seja seu uso ou sua justificação, levará Hong Kong por um caminho sem retorno e afundará sua sociedade em uma situação muito preocupante e perigosa", disse Lam em entrevista coletiva.

"A situação em Hong Kong durante a semana passada me faz temer que tenhamos chegado a esta perigosa situação".

Lam enfrentou duras perguntas da imprensa, que a interrompeu em várias ocasiões enquanto defendia a atuação da polícia durante um final de semana de violentos confrontos entre manifestantes radicais e as forças de segurança.

A chefe do Executivo de Hong Kong afirmou que a polícia enfrentou "circunstâncias extremamente difíceis" e observou "as rígidas e rigorosas diretrizes sobre o uso apropriado da força".

Lam não respondeu à pergunta sobre se pretende acabar com a crise aceitando a reivindicação-chave  dos manifestantes, retirar por completo o projeto de lei (agora suspenso) que permitiria extradições para a China.

"Volto a pedir a vocês que deixem de lado suas divergências e se acalmem. Reflitam e pensem em nossa cidade, no nosso lar. Realmente querem nos levar ao abismo?!" - questionou Lam com a voz embargada.

A mobilização em Hong Kong, inédita desde que o território foi devolvido à China, em 1997, atingiu na segunda-feira um nível sem precedentes, com a anulação de todos os voos a partir e para o Aeroporto Internacional da cidade, ocupado por manifestantes.

Popularidade de Carrie Lam

A popularidade da chefe do Governo de Hong Kong chegou a mínimos históricos em comparação com qualquer outro líder da cidade autônoma em meio a históricos protestos, segundo uma pesquisa de opinião citada nesta terça-feira pela televisão local "RTHK".

Em uma escala de 0 a 100 (sendo 100 a avaliação mais positiva), a chefe do Executivo conta com uma taxa de apoio de 27,9, a mais baixa da história inclusive ao ser comparada com a do último governador colonial britânico, Chris Patten.

No mês passado, Lam contava com uma taxa de apoio de 30,1%.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Pesquisa de Opinião Pública de Hong Kong entre os dias 1 e 6 de agosto e nela participaram mil cidadãos.

Perguntados se votariam em Lam no caso de eleições serem realizadas amanhã, somente 20,4% dos indagados responderam que sim, enquanto 71,6% disseram que não.

Isto, acrescenta o Instituto, arroja uma taxa líquida de popularidade de -51,2%.

Precisamente, uma das exigências dos manifestantes é recuperar o sufrágio direto em Hong Kong.

Lam não é a pior avaliada do Governo que dirige: essa duvidosa honra recai sobre a secretária de Justiça, Teresa Cheng, à qual alguns veículos de imprensa locais acusam de autorizar que um grupo de 45 detidos pelos protestos fossem acusados de revolta, crime que pode render pena de até 10 anos de prisão, ao invés de manifestação ilegal, castigado com até 5 anos de prisão.

Outra pergunta que o Instituto realizou é se os cidadãos apoiam outra exigência dos manifestantes: o estabelecimento de uma comissão independente que investigue se são certas as denúncias de brutalidade policial durante a resposta das forças da lei aos protestos.

Mais de três quartos dos indagados apoiaram a moção, algo que se une à perda de popularidade do corpo policial: se antes do início dos protestos em grande escala (9 de junho) a taxa era de 61%, agora caiu até 39,4%, o que representa o pior dado para a instituição desde que as pequisas começaram em 2012.

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