Michelle Bachelet: oposição ficou com as prefeituras de cidades importantes como Santiago, Providencia, Maipú, Ñuñoa e Puente Alto (Alex Ibanez/Courtesy of Chilean Presidency/Reuters)
AFP
Publicado em 24 de outubro de 2016 às 08h26.
A oposição de direita chilena aplicou no domingo um duro golpe na coalizão governista de Michelle Bachelet, com vitórias nas localidades mais emblemáticas do país, o que abre caminho para a recuperação do poder nas eleições gerais do próximo ano.
"Este é o primeiro passo para recuperar (a casa de governo) La Moneda", celebrou o presidente da ultraconservadora União Democrata Independente (UDI), Hernán Larraín, um dos partidos da aliança opositora "Chile Vamos".
A aliança venceu com 38,46% dos votos a coalizão governista, que obteve 37,09%, depois de apurados 98,01% dos votos, segundo o Serviço Eleitoral (Servel).
A abstenção superou os 65%. Em algumas localidades como Puente Alto, na área metropolitana, apenas 21,6% dos eleitores votaram.
A oposição ficou com as prefeituras de cidades importantes como Santiago, Providencia, Maipú, Ñuñoa e Puente Alto.
"Os corações sentem que tempos melhores estão vindo", declarou o ex-presidente Sebastián Piñera, o mais provável candidato único da direita para as eleições de novembro de 2017, celebrando vitória naq província de Providência, da ex-candidata presidencial Evelyn Matthei.
O empresário multimilionário, que antecedeu Bachelet no cargo, aditou sua decisão para março do ano que vem. As pesquisas o situam como a melhor opção para recuperar o poder para a direita.
"Temos que fazer melhor as coisas. É o que os cidadãos estão nos pedindo", admitiu a presidente Bachelet, cuja popularidade despencou depois da explosão de um escândalo de corrupção que envolve seu filho mais velho.
A direita vence em Santiago
O advogado Felipe Alessandri foi outra surpresa do dia ao desbancar a experiente dirigente social-democrata Carolina Tohá da prefeitura de Santiago.
A vitória da direita na cidade que concentra o poder político do país dá um novo impulso a Piñera (2010-2014).
Por outro lado, a derrota de Tohá representa um duríssimo golpe para o governo e, em especial, para os planos do também ex-presidenteRicardo Lagos (2000-2006), que ambiciona a indicação única da centro-esquerda.
No lado dos derrotados, também há possíveis candidatos nas primárias como a senadora Isabel Allende - filha do ex-presidente Salvador Allende - e o jornalista Alejandro Guillier, até agora favorito dos eleitores.
Bachelet não pode, por lei, tentar uma reeleição consecutiva.
Alta abstenção
Cerca 14 milhões de cidadãos estavam habilitados a votar nos prefeitos e vereadores das 346 cidade do país, a sexta eleição legislativa desde a volta da democracia após a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
O dia acabou com uma abstenção que superou 65%, segundo dados parciais, como já vinha acontecendo desde a instauração do voto voluntário em 2012.
As eleições transcorreram calmamente, mas foram marcadas por um forte descontentamento da cidadania depois de vários escândalos de corrupção política, incluindo o que envolve o filho deBachelet e sua nora, investigado por um suposto uso de informação privilegiada e tráfico de influência envolvendo um milionário negócio imobiliário.
"Há muita desconfiança em relação a quem ocupa cargos públicos ou se apresentam como candidatos, e a resposta foi abster-se de votar", comentou Ignacio Torres, um eleitor.
As pesquisas prévias antecipavam uma apertada vitória do governo.