Aviões da coalizão atacam tropas de Kadafi em Misrata
Escassez de armamento dos rebeldes e temor de ataques a civis fez com que resistência na cidade caísse nos últimos dias
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2011 às 09h52.
Argel - Os aviões da coalizão internacional mobilizada na Líbia para impor a zona de exclusão aérea bombardearam nesta quarta-feira as posições de forças de Kadafi perto cidade de Misrata, entre Trípoli e Sirte, informa rede de televisão "Al Jazeera".
Os rebeldes no local, isolados do resto do território em mãos revolucionárias, resistiram nos últimos dias à artilharia das tropas de Kadafi, reforçada por carros de combate e por francoatiradores que impedem qualquer movimento de civis e milicianos.
A escassez de armas entre os rebeldes e o temor de ataques à população civil após as investidas das forças pró-Kadafi no centro dessa cidade portuária tinham dificultado muito neutralizar os ataques, mas, nesta quarta-feira, os caças da coalizão dispararam sobre os efetivos do regime.
A situação na cidade é crítica, segundo os moradores contatados telefonicamente pela "Al Jazeera", pois faltam mantimentos, energia elétrica e remédios, e número de feridos é muito elevado.
Os moradores da cidade imploram pelo envio de navios-hospitais para atender aos feridos vítimas das sucessivas ofensivas sobre a cidade, que desde que o regime líbio anunciou seu segundo suposto cessar-fogo, testemunhou a entrada de carros de combate no centro da cidade.
O movimento dos brigadistas leais ao coronel líbio foi denunciado como uma tentativa de tomada de escudos humanos civis pelos moradores cujos telefones ainda funcionam.
A população de Misrata não só teme os francoatiradores que impedem os civis de adquirir bens essenciais, mas observa com receio a presença dos carros de combate e veículos de transporte blindados no interior da cidade.
Misrata foi alvo de investidas isoladas das forças de Kadafi desde o começo da rebelião popular.
Após atingir Ajdabiya, o regime líbio aumentou a pressão sobre a cidade, onde os residentes contatados pela Agência Efe explicaram que precisavam de material bélico para oferecer resistência e acreditavam que os confrontos entre os próprios militares evitariam sua tomada.
Uma vez que os aviões da coalizão internacional atacaram nas imediações de Benghazi e em Trípoli, as unidades que mantinham o cerco a Misrata passaram a tentar tomar a cidade, em um movimento interpretado como manobra defensiva para se proteger do assédio aéreo.