EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2012 às 15h41.
Manila - Os cinco milhões de afetados pelo tufão "Bopha", dos quais 214 mil se refugiam em centros oficiais, e as 533 pessoas desaparecidas são hoje as prioridades das autoridades filipinas, quando o número de mortos chega a 418.
O estado de calamidade foi declarado nas províncias do Vale de Compostela, Davao Oriental e Surigao do Sul, na ilha sulina de Mindanao, devido à extensão dos danos causados pelo tufão que entrou no país na terça-feira e saiu na quinta-feira.
Entre o Vale de Compostela e Davao Oriental houve 416 mortos, de uma lista onde só foram identificados 73 corpos até o momento.
O presidente das Filipinas, Benigno Aquino, visitou estas duas províncias acompanhado de uma comitiva cheia de ministros (Interior, Defesa, Saúde, Transporte, Bem-Estar Social, Energia, Comunicações e Meio Ambiente) que iam anotando as instruções do chefe de Governo.
"Temos que conseguir que não aconteçam mortes cada vez que acontece um desastre (...) Este não é o momento de discutir. Este é o momento de trabalhar", assinalou Aquino em seu percurso, segundo a televisão "ABS-CBN".
O presidente primeiro visitou de helicóptero o povoado de Novo Bataan, de cerca de 48 mil habitantes, e o Vale de Compostela, considerada um dos "marcos zero" desta catástrofe, por causa do estado em que o lugar ficou e pelos 110 corpos recolhidos nessa área.
Enquanto distribuía pacotes de comida às cerca de 2.000 pessoas que vivem apinhadas na quadra de esportes da cidade desde terça-feira, Aquino prometia aos desabrigados ajuda estatal e que ia descobrir a forma de evitar que a catástrofe voltasse a se repetir.
"Por favor, colaborem conosco e melhoraremos sua situação o mais rápido possível", disse o presidente.
Ecologistas e especialistas atribuíram parte da tragédia sucedida no Vale de Compostela à derrubada de árvores e às minas ilegais que se espalham sem controle pelas montanhas dessa província.
Além do deslizamento de terra das montanhas, a província conta com uma rede fluvial que transbordou com as copiosas chuvas que acompanhavam "Pablo", o nome local que os filipinos deram ao tufão.
Muitos sobreviventes declararam que na terça-feira desceu pelas montanhas uma grande quantidade de água que varreu suas casas, deixando o nível da enchente na altura do pescoço.
A aldeia de Andap, em Novo Bataan, forma um leito natural e ali morreram cerca de 80 civis e soldados em uma enchente que levou embora o quartel e muitas casas.
O governador do Vale de Compostela, Arturo Uy, disse que a quantidade de água descarregada pela "Bopha" superou todas as previsões e foi a causa da atual tragédia.
As pessoas amparadas nos centros de evacuação precisam de comida, roupa e outras necessidades básicas; alguns passados dois dias optaram por ir embora com parentes ou tentam retornar a seus lares, ao que restou deles.
O tufão, em seu percurso pelas Filipinas, destruiu 17.585 casas, muitas delas taperas, e danificou outras 11.002, segundo os dados do Conselho Nacional de Prevenção e Resposta aos Desastres.
No povoado de Lingig, em Surigao do Sul, ainda não tinham luz hoje e as condições do centro de evacuados eram "bastante ruins", declarou à Efe por telefone a madrilena Sofía Giménez, de Ação Contra a Fome, que viu "bastante gente afetada desorientada e abatida".
"Necessitam de comida, água, não têm acesso à água potável, para ir ao banho têm que ir para casa dos vizinhos moradores", indicou Giménez sobre os desabrigados em Lingig, mas também visitou com uma equipe as outras áreas mais afetadas em Surigao do Sul.
Com a cooperação das Forças Armadas, algumas equipes buscam cadáveres entre os escombros, outros atende aos desabrigados ou se encarregam de restabelecer o serviço elétrico ou de reabrir estradas fechadas ou de buscar soluções temporárias às pontes que colapsaram.
A ONU, Austrália, Canadá, Estados Unidos e outros países e organizações ofereceram assistência às vítimas, parte da qual será canalizada através da Cruz Vermelha.
"Bopha" resultou ser o pior tufão que visitou Filipinas este ano e fecha uma temporada que começa no geral em junho e conclui em novembro.
No ano passado aconteceu algo parecido com o "Washi", que visitou inesperadamente o arquipélago filipino uma semana antes do Natal e matou cerca de 1.200 pessoas.