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Autoridades etíopes afirmam que o exército "controla" a capital de Tigré

As autoridades etíopes anunciaram que o exército federal "controla" a capital da região dissidente de Tigré, na operação militar que começou há três semanas

Soldados etíopes na entrada do campo de Dansha, oeste de Tigray, em 25 de novembro de 2020 (Robbie Corey-Boulet/AFP Photo)

Soldados etíopes na entrada do campo de Dansha, oeste de Tigray, em 25 de novembro de 2020 (Robbie Corey-Boulet/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 28 de novembro de 2020 às 21h22.

As autoridades etíopes anunciaram neste sábado que o exército federal "controla" a capital da região dissidente de Tigré, na última ofensiva da operação militar iniciada há três semanas.

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O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, afirmou que o exército "entrou" em Mekele, uma cidade que tinha 500.000 habitantes antes do início do conflito.

Conseguimos entrar na cidade de Mekele, sem atacar civis inocentes", declarou Ahmed, Prêmio Nobel da Paz em 2019, segundo um comunicado divulgado pelo canal estatal etíope EBC.

Pouco depois, o comandante do exército, Berhanu Jula, afirmou na mesma emissora que "as forças governamentais controlam completamente Mekele".

Jula também disse que o exército "expulsa os membros da TPLF (Frente de Libertação do Povo de Tigré) que se escondem".

Algumas horas antes, as autoridades locais afirmaram que disparos de armas pesadas haviam atingido o centro de Mekele. A informação foi confirmada à AFP por duas fontes de serviços humanitários.

Na quinta-feira, Abiy Ahmed, ordenou ao exército o início da "última fase" da operação militar que começou em 4 de novembro, quando determinou uma ofensiva contra Mekele, o reduto dos líderes da TPLF.

O exército federal "começou a atacar o centro de Mekele, que tem uma grande população e organizações em desenvolvimento, com armas pesadas e artilharia", afirmaram as autoridades de Tigré em um comunicado lido neste sábado pelo canal de televisão local, Tigray TV.

"Ontem, da mesma maneira, muitas áreas de Mekele foram bombardeadas por aviões militares", completa a nota.

O governo local pede à comunidade internacional que "condene os ataques e massacres com artilharia e aviões militares cometidos contra civis e infraestruturas" por Abiy e o presidente da Eritreia, Issaias Afeworki, a quem acusa de ajudar Adis Abeba.

O governo de Tigré prometeu "uma resposta proporcional".

"Manter a ordem"

Ao menos um foguete lançado a partir de Tigré na sexta-feira à noite teve como alvo a capital da Eritreia, Asmara, informaram à AFP quatro diplomatas da região do Chifre da África. Um deles afirmou que o foguete caiu ao sul de Asmara", mas não foi divulgado se provocou vítimas.

A TPLF, que há 10 dias atacou Asmara com armas similares, acusa a Eritreia de servir de base para o exército etíope, não reivindicou a responsabilidade pelos disparos.

Etiópia e Eritreia não fizeram comentários.

Na sexta-feira, as autoridades de Tigré usaram a TV e convocaram a população para a luta, alegando que o exército federal estava bombardeando suas "localidades e vilarejos, infligindo grandes danos".

A comunidade internacional, preocupada com a propagação regional do conflito, também advertiu para possíveis "crimes de guerra" na Etiópia e tenta pressionar Abiy a aceitar uma mediação.

A União Africana (UA), que tem sede em Adis Abeba, nomeou três enviados especiais com este objetivo, os ex-presidentes Joaquim Chissano (Moçambique), Ellen Johnson-Sirleaf (Libéria) e Kgalema Motlanthe (África do Sul).

Após uma reunião com o trio na sexta-feira, Abiy expressou "gratidão", mas recordou que seu governo tem "a responsabilidade constitucional de manter a ordem (em Tigré) e em todo o país".

Neste sábado, o papa Francisco pediu no Twitter que as pessoas rezem pela Etiópia, "onde se intensificaram os confrontos armados e que estão provocando uma situação humanitária grave".

"Milhares de mortos"

Embora não exista um balanço preciso sobre o conflito em Tigré, o centro de estudos International Crisis Group (ICG) afirmou na sexta-feira que " milhares de pessoas morreram nos combates".

Mais de 43.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidos para os Refugiados (ACNUR).

Um número desconhecido de pessoas também está em deslocamento dentro de Tigré e da Etiópia.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou na sexta-feira que registrou ao menos 2.000 pessoas deslocadas no nordeste do país.

As tensões entre Abiy e a TPLF, que dominou os setores político e de segurança da Etiópia durante quase três décadas décadas, aumentaram desde que o primeiro-ministro chegou ao poder em 2018.

As tensões culminaram em setembro em Tigré em uma eleição regional qualificada de "ilegítima" por Adis Abeba, e depois no ataque no início de novembro contra duas bases do exército federal, atribuído às forças da TPLF, que nega a acusação.

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