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Autoridades dos EUA flexibilizam recomendações para prescrever opioides

Os Centros para o Controle de Doenças (CDC) revisaram os princípios promulgados em 2016 para tentar impedir a epidemia de overdose de opioides nos Estados Unidos

Ao contrário do documento anterior, a nova diretriz tem o cuidado de não estabelecer limites em termos de dosagem ou duração da prescrição. (George Frey/Reuters)

Ao contrário do documento anterior, a nova diretriz tem o cuidado de não estabelecer limites em termos de dosagem ou duração da prescrição. (George Frey/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de novembro de 2022 às 07h44.

Autoridades de saúde pública dos Estados Unidos publicaram, nesta quinta-feira (3), novas recomendações destinadas a ajudar os médicos a receitar analgésicos opioides, apesar do risco de dependência química.

Os Centros para o Controle de Doenças (CDC) revisaram os princípios promulgados em 2016 para tentar impedir a epidemia de overdose de opioides nos Estados Unidos.

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Ao contrário do documento anterior, a nova diretriz tem o cuidado de não estabelecer limites em termos de dosagem ou duração da prescrição.

Interpretados de maneira rígida, esses parâmetros levaram os médicos a cortar ou reduzir drasticamente as doses dos pacientes. Estados e seguradoras também se inspiraram nessas diretrizes para estabelecer seus próprios limites.

Pacientes com dor crônica reclamaram que não tinham mais acesso aos medicamentos que lhes permitiriam levar uma vida normal e alertaram para o aumento do risco de suicídio.

As novas recomendações, reunidas em um relatório de 200 páginas, buscam um equilíbrio.

Um em cada cinco americanos sofre de dor crônica e "os opioides podem ser drogas essenciais" para administrar seu sofrimento, "mas apresentam um risco potencial considerável", apontam os autores do documento.

Segundo eles, para ponderar esse "risco-benefício", nada melhor do que a consideração dos médicos exercida com base em um exame clínico personalizado dos pacientes. As novas recomendações "não devem ser aplicadas como um padrão inflexível", destacaram os CDC.

No entanto, as autoridades de saúde permanecem cautelosas. Os analgésicos opioides só devem ser considerados após outros tratamentos para a dor terem falhado e, em cada etapa do tratamento, os médicos devem discutir isso com seus pacientes.

E, se decidirem recorrer a esta opção, primeiro devem "prescrever a dose eficaz mais baixa" e depois monitorar de perto os efeitos do tratamento.

No caso de problemas, os médicos também devem “evitar a interrupção abrupta da prescrição de opioides” e garantir que as pessoas “com problema de consumo recebam os cuidados necessários”.

Como precaução, "recomendamos, em caso de uso prolongado de medicamentos opioides, oferecer naloxona", um antídoto que pode salvar alguém de uma overdose, disse Christopher Jones, um alto funcionário dos CDC, durante uma coletiva de imprensa.

As prescrições de opioides quadruplicaram entre 1999 e 2010 nos Estados Unidos. Embora a tendência tenha se revertido desde 2016, essas drogas criaram dependência química e levaram alguns pacientes a recorrer ao uso de drogas como heroína e fentanil.

No ano passado, os Estados Unidos  registraram um recorde de 107.000 mortes por overdose, das quais mais de 70% foram por opiáceos sintéticos ilegais.

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