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Autoridades acreditam que 2015 será o ano da Palestina na UE

Palestinos acreditam que o próximo ano será promissor para o Estado da Palestina, à sombra de decisões como o reconhecimento do Estado pela Suécia


	Bandeiras palestinas: autoridades tem grandes expectativas para o ano de 2015
 (Musa al-Shaer/AFP)

Bandeiras palestinas: autoridades tem grandes expectativas para o ano de 2015 (Musa al-Shaer/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2014 às 15h30.

Ramala - A maioria dos altos responsáveis palestinos falam a mesma frase, que repetem como um mantra: "2015 será o ano da Palestina na UE e isso significará uma grande mudança. Não há dúvida".

E depois dão várias razões para tal: desde a pioneira decisão da Suécia de reconhecer o Estado palestino - adotada três semanas atrás - à contundência das palavras da nova chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, em sua recente e significativa visita à região, a primeira ao exterior.

Mogherini defendeu tanto em Jerusalém como em Gaza e Ramala a "necessidade de se ter um Estado palestino" e insistiu que sua capital deve ficar em Jerusalém Oriental, em aberta contradição com as declarações e políticas do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

A chefe da diplomacia europeia condenou, além disso, a estratégia israelense de ampliar as colônias judias - o gabinete Netanyahu, no qual domina o setor ultranacionalista, é o que mais favoreceu seu desenvolvimento - e exigiu o retorno à mesa de diálogo, mas a partir de uma perspectiva diferente.

Um ponto de vista que segundo responsáveis da diplomacia europeia inclui dotar de maior legitimidade a Autoridade Nacional Palestina para tentar nivelar a balança e garantir assim o sucesso da solução dos dois Estados, na qual a Europa aposta totalmente, apesar de parecer dar sinais de enfraquecimento.

"É preciso completar o processo de Oslo. Temos anos de atraso e seu espírito está sendo perdido. E não devemos deixar que ocorra, sobretudo no atual contexto regional", explicou à Agência Efe um funcionário europeu credenciado em Jerusalém.

"Com o reconhecimento se cria um melhor equilíbrio, uma melhor base para a criação de dois Estados com fronteiras seguras na linha de 1967 e se desativa a pressão dos extremistas", acrescentou o diplomata, que pediu para não ser identificado.

Esses mesmos argumentos foram os invocados pelo Executivo do primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, para justificar sua histórica decisão, que alimentou as esperanças palestinas e inseriu nervosismo na classe política israelense, mais dividida do que nunca.

Logo depois se concretizar a decisão, Israel chamou para consultas seu embaixador na Suécia e ameaçou diminuir as relações bilaterais com o país escandinavo.

O Executivo israelense acredita que reconhecer a Palestina é "um erro" já que na sua opinião este passo deve ser dado no final de uma negociação conjunta na qual os palestinos reconheçam o caráter judeu do Estado de Israel.

Um requisito que o atual primeiro-ministro tirou de uma gaveta fechada desde 1948: nem sequer os pais do Estado de Israel se atreveram a incluir esta denominação em seu caráter altamente controvertido no Judaísmo.

E que também não parece compartilhar um amplo setor da esquerda e a intelectualidade israelense, que enviou uma carta a governos e parlamentos europeus para animá-los ao reconhecimento pela mesma razão: salvar a solução dos dois Estados e conter a ascensão da extrema-direita nacionalista.

"Basicamente, achamos que as negociações não vão chegar a bom termo enquanto não houver igualdade entre as duas partes. Quando uma parte domina a outra, como é este caso, não há possibilidade de sucesso", explicou à Efe o professor Amiran Goldblum, um dos promotores desta iniciativa.

"Com Netanyahu o diálogo não vai para lugar nenhum. Por isso acho que deve se favorecer uma mudança que permita voltar a retomar o caminho do diálogo com os palestinos, mas de uma posição mais propícia ao sucesso", ressaltou.

"Os Acordos de Oslo foram assinados há 21 anos e desde então não se avançou rumo à paz. Supunha-se que no prazo de cinco anos fixado se a soberania seria transferida. Nada disso aconteceu", lembrou Goldblum.

Neste ambiente, a imprensa israelense assegurou na semana passada que existe inquietação no Governo, que teme uma cascata de reconhecimentos europeus nos próximos meses em um momento no qual as relações com os EUA, seu principal aliado e sustento, começam também a derrapar.

Indícios existem: os Parlamentos do Reino Unido e Irlanda já votaram a favor.

A França submeterá a proposta à votação esta semana - com uma alta probabilidade de que seja aprovada - e na Espanha, na próxima terça-feira se debaterá no Congresso dos Deputados um projeto de lei apresentado pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) sobre o reconhecimento da Palestina.

"Há muitos fatos agora que ameaçam a segurança e estabilidade não só da Palestina ou Israel, mas também da região e além, que requerem uma intervenção imediata. Qualquer processo político não pode repetir os mesmos erros do passado, não vimos nada novo até agora", explicou hoje a veterana política palestina Hanan Ashrawi.

"O gesto sueco de reconhecer o Estado da Palestina nos encoraja. Esta é uma forma de recuperar a solução dos dois Estados que ao povo realmente preocupa, em vez de permitir a Israel destruí-lo. E esperamos outros", acrescentou Ashrawi, membro da direção da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

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