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Palestinos recusam Pfizer de Israel, com vacinas perto de vencer

Criticado por não vacinar palestinos, Israel anunciou que enviaria 1,2 milhão de doses da Pfizer aos territórios. Mas Autoridade Palestina afirma que as primeiras vacinas entregues expiram já no mês de junho

Vacinação de palestinos em Israel: apenas alguns trabalhadores que frequentam o país foram vacinados, mas a maioria dos palestinos ainda aguarda doses (Amir Levy/Getty Images)
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AFP

Publicado em 18 de junho de 2021 às 17h05.

Última atualização em 18 de junho de 2021 às 18h02.

Após Israel anunciar que entregaria aos palestinos 1,2 milhão de doses da vacina da Pfizer contra a covid-19, a Autoridade Palestina disse na tarde desta sexta-feira, 18, que não aceitará os imunizantes porque estão muito perto do prazo de vencimento, já neste mês.

"Depois de uma análise por parte das equipes técnicas do Ministério da Saúde do primeiro lote de vacinas da Pfizer entregues por Israel nesta noite [...], descobrimos que não estão em conformidade com as características do acordo", declarou o porta-voz da Autoridade Palestina, Ibrahim Melhem, em coletiva de imprensa.

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"O governo se recusa a receber vacinas prestes a vencer", disse Melhem, destacando que 90.000 doses foram recebidas até agora.

Nas redes sociais, fotos de doses da Pfizer com a inscrição "junho de 2021" foram amplamente compartilhadas.

O anúncio do envio das doses havia sido feito pelo gabinete do novo governo israelense mais cedo nesta sexta-feira.

As primeiras doses foram enviadas à Cisjordânia, território controlado pela Autoridade Palestina. Os territórios palestinos incluem ainda a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, cujas relações com Israel são mais tensas.

Um dos líderes da nova coalizão governista de Israel, o centrista Yair Lapid, havia anunciado o envio das doses horas antes no Twitter, afirmando que as partes "continuariam a encontrar formas efetivas de cooperar para o benefício da população da região". A coalizão liderada por Lapid conseguiu formar neste mês um governo e tirar o cargo de premiê do ex-mandatário Benjamin Netanyahu.

A grande divergência está no fato de que as vacinas não são uma doação de Israel, mas uma permuta entre os governos.

Em troca das vacinas entregues aos palestinos agora, o governo de Israel receberia as doses que a Autoridade Palestina havia comprado diretamente da Pfizer, para ser entregues em setembro e outubro. O objetivo seria antecipar a vacinação palestina, que ainda engatinha.

"Israel firmou um acordo com a Autoridade Palestina e entregará 1 milhão de doses de vacinas da Pfizer perto da validade e receberá, em troca, as doses que a empresa Pfizer tinha de enviar para a Autoridade Palestina", afirmou o gabinete do primeiro-ministro e os ministérios israelenses da Defesa e da Saúde, em um comunicado conjunto mais cedo na sexta-feira.

O movimento, no entanto, foi criticado nas redes sociais depois que se soube da curta validade dos imunizantes enviados por Israel.

Alguns sites de notícias israelenses afirmam que ainda há vacinas no lote de 1,2 milhão de doses de Israel com vencimentos mais adiante, em julho e agosto, que podem ser aproveitadas, e que somente as primeiras levas tinham vencimento para junho. O governo israelense ainda não se pronunciou sobre essas datas.

Vacinação modelo em Israel

A demora de Israel em negociar a troca de doses com os palestinos, a ponto de as vacinas vencerem, também tem sido criticada.

Israel começou a vacinar ainda em dezembro de 2020, e tem uma das maiores taxas de vacinação do mundo, graças a um acordo com a Pfizer. Somente foram vacinados alguns palestinos, que trabalham no território israelense, o que gerou críticas da comunidade internacional.

Cerca de 55% da população israelense, mais de 5,1 milhões de pessoas, já receberam duas doses de vacina contra a covid-19.

Do lado palestino, apenas 260.713 pessoas de um total de 4,7 milhões receberam suas duas doses na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, segundo o ministério palestino da Saúde.

Com a vacinação pouco avançada, os territórios palestinos estão mais sujeitos às novas variantes do coronavírus, o que pode se tornar um problema futuro também para Israel, que já eliminou quase todas as restrições de circulação.

Entre quinta e sexta-feira, foram registrados 165 novos casos de covid-19 na Cisjordânia e Gaza, o que eleva o total para mais de 312.000 palestinos infectados, incluindo 3.540 mortos. Há suspeita ainda de uma subnotificação dos números.

Em Israel, foram detectados 25 novos casos do coronavírus nas últimas 24 horas, o que eleva o total para cerca de 840.000, incluindo mais de 6.429 mortes.

"O coronavírus não conhece fronteiras nem faz distinções entre pessoas", declarou o ministro da Saúde de Israel, Nitzan Horowitz, no Twitter. "Esta importante troca de vacinas beneficia ambos os lados", acrescentou, expressando sua esperança de que essa cooperação se amplie para "outras áreas".

A tensão entre israelenses e palestinos também permanece alta, depois da violenta campanha de bombardeios na Faixa de Gaza e dos mísseis lançados pelo grupo islamita Hamas, que governa o enclave palestino, contra o território israelense.

Desde o fim dos confrontos, em 21 de maio, foram registrados vários incidentes isolados e protestos na Cisjordânia ocupada.

A devastação causada pelos ataques aéreos israelenses danificou a infraestrutura sanitária em Gaza e, com isso, atrapalhou ainda mais o programa de combate à covid-19 e a campanha de vacinação.

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