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Austrália aprova expansão de porto de carvão próximo a coral

O governo federal aprovou este projeto que converterá Abbot Point em um dos maiores portos de transporte de carvão do mundo


	Grande Barreira de Coral: para os defensores do meio ambiente, a proximidade do porto de carvão representa uma ameaça
 (Phil Walter / Getty Images/Getty Images)

Grande Barreira de Coral: para os defensores do meio ambiente, a proximidade do porto de carvão representa uma ameaça (Phil Walter / Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de dezembro de 2015 às 09h49.

A Austrália autorizou nesta terça-feira um controverso projeto para ampliar um porto dedicado ao transporte de carvão, para desgosto dos ecologistas, que denunciam uma decisão irresponsável e perigosa para a Grande Barreira de Coral.

O governo federal aprovou este projeto que converterá Abbot Point em um dos maiores portos de transporte de carvão do mundo, com capacidade para exportar até 120 milhões de toneladas por ano.

Dois meses antes, o governo australiano aprovou um polêmico projeto de mina gigante do grupo indiano Adani.

Este projeto, conhecido como Carmichael, também denunciado pelos ecologistas, está estimado em 16,5 bilhões de dólares australianos (10,8 bilhões de euros).

Seu objetivo é produzir a cada ano 60 milhões de toneladas de carvão térmico.

O porto em águas profundas de Abbot Point alcançou sua capacidade.

Uma ampliação desta instalação, localizada perto da Grande Barreira de Coral, classificada como patrimônio da humanidade, é necessária para exportar a matéria prima fabricada por Adani e por outros grupos mineradores.

Mas para os defensores do meio ambiente, esta proximidade representa uma ameaça.

A ampliação do porto, que produzirá 1,1 milhão de metros cúbicos de resíduos de dragagem, afetará o meio ambiente, e a produção de carvão contribuirá para o aquecimento global, estimam.

O projeto de ampliação do terminal de carvão "foi aprovado em conformidade com a lei federal sobre o meio ambiente e está sujeito a 30 condições rígidas", afirmou um porta-voz do ministro do Meio Ambiente, Greg Hunt.

No entanto, o projeto ainda está sujeito à aprovação do governo do estado de Queensland, no qual se encontra.

Inicialmente, seus promotores previam a dragagem de três milhões de m3 de resíduos, que seriam lançados nas águas próximas ao parque marinho da Grande Barreira de Coral.

Mas isto asfixiaria os corais e as algas, segundo os defensores do meio ambiente, razão pela qual o projeto foi modificado.

Foi reduzida a quantidade de m3 e os resíduos serão depositados na terra.

"Todos os resíduos serão descarregados em terrenos industriais já existentes. Não será depositado nenhum material na zona do Patrimônio Mundial ou no pântano Caley Valley", um local próximo, lar de até 40.000 aves, acrescentou a porta-voz.

"A zona portuária está localizada a ao menos 20 quilômetros de qualquer arrecife de coral e nenhum será afetado", acrescentou.

Por outro lado, os defensores destes projetos explicam que haverá a criação de postos de trabalho e uma injeção de milhões de dólares na economia.

Adani aplaudiu a decisão de Canberra. "A ampliação de Abbot Point, chave para (a cidade de) Bowen, é essencial para (nossos) projetos de criação de 10.000 empregos diretos e indiretos e de 22 bilhões de dólares em impostos e royalties", disse o grupo em um comunicado, acrescentando que respeitará estritamente os critérios ambientais.

Os que se opõem a estes projetos sustentam que a queda dos preços do carvão afetam sua viabilidade. Também apontam que vários bancos se retiraram nos últimos meses do projeto Carmichael devido ao seu impacto ambiental.

Esta aprovação é "irresponsável, ilógica e desnecessária", estima o Greenpeace.

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