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Ativistas pedem que empresas respondam por desastres

Eles pedem que as multinacionais sejam processadas por desastres como o desabamento de um prédio em Bangladesh


	Equipes de resgate carregam corpo de vítima do desabamento de edifício em Bangladesh: mais de mil trabalhadores morreram
 (REUTERS/Stringer)

Equipes de resgate carregam corpo de vítima do desabamento de edifício em Bangladesh: mais de mil trabalhadores morreram (REUTERS/Stringer)

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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2013 às 10h11.

Bangcoc - Ativistas e sindicalistas asiáticos pediram nesta sexta-feira que as multinacionais sejam processadas por desastres como o desabamento de um prédio no qual morreram mais de mil trabalhadores em um complexo têxtil de Bangladesh.

"É preciso criar um marco legal internacional para que as marcas internacionais paguem em seus países por isso que ocorre em outros lugares como Bangladesh", disse em Bangcoc Sanjiv Pandita, diretor da ONG Ásia Monitor Resource Centre.

"A Cada ano morre um milhão de trabalhadores na Ásia. É preciso fazer algo para que as multinacionais deixam de se aproveitar das condições precárias dos trabalhadores", acrescentou Pandita, em entrevista coletiva junto com ativistas da China, Tailândia, Bangladesh, Índia e Paquistão.

Segundo dados oficiais, o desabamento de 24 de abril de um complexo de nove andares com cinco oficinas têxteis situado próximo de Daca, que produzia roupas para grandes marcas estrangeiras, deixou 1.022 pessoas mortas e outras 2.437 feridas, e as autoridades ainda buscam corpos entre os escombros.

"O objetivo é que as multinacionais respondam pelos abusos cometidos por seus provedores e que um marco legal impeça que saltem de um país para outro para evitar regulações mais estritas", apontou o diretor da ONG, com sede em Hong Kong.

Khalid Mahmood, da ONG paquistanesa Labour Education Foundation, lembrou que, em qualquer caso, as convenções trabalhistas são papel molhado se os Governos não garantirem a implementação das normativas trabalhistas e defenderem os trabalhadores.

"Não queremos que as empresas vão embora de nossa país, mas que haja condições de trabalho dignas", afirmou.


Os ativistas disseram que a desgraça causada pelas negligências das empresas em Daca não é um caso isolado na Ásia, onde a corrupção contribui para que não se implementem adequadamente as medidas de segurança e salubridade nas fábricas.

Semanas antes de um incêndio matar cerca de 300 trabalhadores na fábrica de roupa propriedade de Ali Enterprises em Karachi (Paquistão) em setembro de 2012, uma auditoria outorgou um certificado que dava sinal verde à segurança.

Dois meses depois, Muhammad Mominur Rahman teve que saltar do terceiro andar de um prédio para escapar de um incêndio que matou 112 trabalhadores em outra empresa têxtil, Tazreen, em Bangladesh.

O trabalhador recebeu uma compensação de cerca de US$ 1,200 após sofrer lesões permanentes nas costas, um dinheiro que não manterá sua família durante muito tempo se não encontrar um novo emprego.

"Já não posso trabalhar na fábrica. Estou esperando que fique um lugar livre no escritório", afirmou Rahman.

Há 20 anos, 188 trabalhadores morreram no incêndio da fábrica Qadeer na Tailândia e mais de 80 em outro declarado em uma fábrica da cidade chinesa de Zhili.

Para que não se repetissem desastres semelhantes, ONGs e sindicatos de 14 países asiáticos criaram a plataforma Rede Asiática para os Direitos das Vítimas Trabalhistas (ANROEV, por sua sigla em inglês).

"Não avançamos muito. Hoje o número de mortos por negligência nas fábricas é muito mais elevado", lamentou Omana George, coordenadora de programas da Ásia Monitor Resource Centre, integrante da plataforma. 

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