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Ataques e decapitações talibãs deixam cerca de 100 mortos

Insurgentes multiplicaram seus ataques em diferentes províncias afegãs, aproveitando-se da crise política em Cabul

Soldado afegão nos escombros do local de um ataque suicida a um complexo do governo, na cidade de Ghazni (Shah Marai/AFP)

Soldado afegão nos escombros do local de um ataque suicida a um complexo do governo, na cidade de Ghazni (Shah Marai/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2014 às 15h07.

Cabul - O Talibã reagiu esta semana à eleição de Ashraf Ghani à presidência do Afeganistão com uma vasta ofensiva, durante a qual entre 80 e 100 civis e membros das forças de segurança foram mortos, incluindo 12 por decapitação, informaram nesta sexta-feira autoridades locais.

Os insurgentes multiplicaram seus ataques em diferentes províncias afegãs, aproveitando-se da crise política em Cabul em razão dos resultados da eleição presidencial de 14 de junho, marcada por fraudes.

A última série de ataques dos insurgentes concentrou-se no distrito de Ajristan da província oriental de Ghazni, após ofensivas nas províncias de Helmand, Kandahar e Logar.

Neste distrito, "os insurgentes decapitaram 12 civis em quatro vilarejos", declarou à AFP o vice-governador da província de Ghazni, Mohammad Ali Ahmadi.

"Não temos um balanço concreto, mas estimamos que entre 80 e 100 pessoas foram mortas durante a última semana" nesta ofensiva, acrescentou, indicando que centenas de talibãs participaram da ação contra as forças afegãs.

"Atualmente, a situação é crítica neste distrito. O governo central nos disse que enviaria reforços", afirmou Ahmadi, o que o número dois da polícia de Ghazni, Asadullah Ensafi, confirmou.

Os talibãs afegãos, no poder em Cabul de 1996 a 2001, realizam inúmeras execuções públicas. Nos últimos anos muitos civis foram decapitados, incluindo 17 moradores de uma pequena cidade durante uma festa em 2002 em Helmand.

Transição frágil

A ofensiva ocorre em plena transição política em Cabul, com o anúncio no domingo da vitória do economista Ashraf Ghani na eleição presidencial de junho e da formação de um governo de unidade nacional com o seu rival Abdullah Abdullah, que denunciava até então fraudes em massa.

A comissão eleitoral não forneceu o número de votos recebido por Ghani após uma auditoria de cerca de oito milhões de votos depositados nas urnas no segundo turno da eleição.

Mas nesta sexta-feira, durante uma cerimônia em Cabul em que entregou a Ghani uma placa reconhecendo a sua vitória, a comissão disse que o candidato havia obtido 55,27% dos votos, indicando que centenas de milhares de votos fraudulentos foram cancelados durante a auditoria.

"A transição política tem sido um sucesso para a nação e agora podemos seguir em frente", declarou Ghani, um ex-executivo do Banco Mundial, que pediu aos investidores confiança no Afeganistão e parabenizou o presidente Hamid Karzai, o único homem a governar o Afeganistão desde a queda do regime talibã no final de 2001.

A posse de Ghani está prevista para segunda-feira no palácio presidencial em Cabul.

Seu futuro governo de unidade, em parceria com a equipe de Abdullah, terá a difícil tarefa de estabilizar o país após o fim da missão da Otan (ISAF). "Esta não é uma partilha do poder, mas uma partilha de deveres", ressaltou nesta sexta-feira Ghani.

A Isaf, que possui atualmente 41 mil soldados, incluindo 29 mil americanos, deve retirar todas as suas tropas de combate do país até o final do ano, após 13 anos de presença, período em que não conseguiu derrotar a rebelião liderada pelo Talibã.

Uma força menor de cerca de 12.000 soldados estrangeiros, em sua grande maioria americanos e encarregada, em princípio, de apoiar e treinar as forças locais contra a rebelião, deverá permanecer no país depois de 2014.

Mas o Talibã afegão, convidado no passado a participar de negociações, exigem a saída de todas as forças estrangeiras como uma condição prévia para negociações de paz. E esta semana, chamaram Ghani e Abdullah "de novos funcionários americanos para o governo em Cabul".

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