Mundo

Ataque contra mesquita no Paquistão deixa mais de 60 mortos

Atentado contra uma mesquita xiita deixou 61 mortos e dezenas de feridos durante as orações de hoje no sul do Paquistão

Seguranças inspecionam a mesquita atacada na cidade de Shikarpur, no Paquistão (Fida Hussain/AFP)

Seguranças inspecionam a mesquita atacada na cidade de Shikarpur, no Paquistão (Fida Hussain/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2015 às 15h55.

Shikarpur - Um atentado em plena luz do dia contra uma mesquita xiita deixou 61 mortos e dezenas de feridos durante as orações de sexta-feira no sul do Paquistão.

O ataque foi cometido em Shikarpur, a 500 km de Karachi, na província de Sind.

O atentado foi contra uma umambargah, nome dado no Paquistão às mesquitas da minoria xiitas.

O ministro provincial da Saúde, Jam Mehtab Dahr, declarou à AFP que o número de vítimas havia alcançado 61.

"Cinquenta e quatro corpos estão no hospital de Shikarpur, Sete outras pessoas morreram nos hospitais de Sukkur e Larkana", indicou.

As autoridades tentam determinar se o atentado foi realizado por um homem-bomba ou se um explosivo colocado no edifício, onde cerce de 400 pessoas estavam reunidas, foi acionado a distância, informou à AFP Sain Rakhio Mirani, um oficial da polícia local.

Pouco depois da explosão, centenas de pessoas correram para o local para tentar ajudar as vítimas que estavam presas nos escombros.

"O telhado da mesquita desabou na explosão", disse à AFP uma testemunha, Zahid Noor.

"O chão estava repleto de sangue e pedaços de corpos. Havia um forte cheiro de corpos queimados, as pessoas gritavam. O caos", relatou.

"Os feridos foram levados para um hospital público em taxis ou motos, porque havia poucas ambulâncias", relatou.

"O chão estava cheio de sangue e carne, e havia um forte cheiro de corpos queimados, as pessoas gritavam... foi o caos", acrescentou.

"Eu perdi quatro primos no ataque, mas um de meus amigos viu seus cinco filhos morrer", declarou Mohabbat Ali Babalani, um morador de Shikarpur.

"Quase 400 pessoas estavam na imambargah no momento da explosão. Os líderes xiitas locais estão aterrorizados", disse à AFP Rahat Kazmi, membro do Majlis-Wahadatul-Muslimeen (MWM), um dos principais partidos xiitas do país.

Violência religiosa

O atentado foi reivindicado pelo Jundullah, um pequeno grupo pouco conhecido que gravita na órbita dos talibãs. "Continuaremos a atacar os xiitas, porque eles são contra o verdadeiro Islã", declarou o porta-voz do grupo, Ahmed Marwat.

Nos últimos anos aumentaram os ataques no Paquistão contra os membros da minoria muçulmana xiita, que representa quase 20% da população do país sunita, que tem quase 200 milhões de habitantes.

O ataque de Shikarpur é o mais violento contra as minorias no último ano no país, que sofre com atentados praticamente diários.

A explosão coincide com uma visita do primeiro-ministro Nawaz Sharif a Karachi para uma avaliação da situação de segurança na província de Sind.

Um relatório do Instituto dos Estados Unidos para a Paz (USIP) alertou esta semana para o aumento de grupos extremistas nas zonas rurais de Sind, que até agora eram relativamente tranquilas.

"O Paquistão trava uma guerra decisiva contra o terrorismo. E estamos conseguindo resultados bons, satisfatórios", declarou nesta sexta-feira o primeiro-ministro Sharif.

Segundo o Instituto Paquistanês de Estudos sobre a Paz (PIPS), um centro de pesquisa independente, os "ataques terroristas" registraram queda de 30% no Paquistão em 2014.

O atentado desta sexta-feira é o mais violento desde um ataque dos talibãs paquistaneses em 16 de dezembro, que matou 150 pessoas, incluindo 132 estudantes, em um colégio de Peshawar (noroeste), perto da fronteira com o Afeganistão.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaAtaques terroristasIslamismoMortesPaquistãoTerrorismoXiitas

Mais de Mundo

Quem é Nicolás Maduro, presidente da Venezuela há 11 anos que tenta reeleição

Edmundo González Urrutia: quem é o rival de Maduro nas eleições da Venezuela

Eleições na Venezuela: o que os Estados Unidos farão quando sair o resultado?

Restaurantes no Japão cobram preços mais altos para turistas; entenda

Mais na Exame