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Associação critica D&G por defenderem família tradicional

Domenico Dolce e Stefano Gabbana foram criticados por associação LGBT por declarações em defesa da "família tradicional"


	Stefano Gabbana e Domenico Dolce: "eles se transformaram neste momento em uma arma da direita, do catolicismo mais fundamentalista", diz associação
 (Getty Images)

Stefano Gabbana e Domenico Dolce: "eles se transformaram neste momento em uma arma da direita, do catolicismo mais fundamentalista", diz associação (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2015 às 16h26.

Roma - O presidente da associação italiana LGBT Arcigay, Flavio Romani, criticou nesta terça-feira a polêmica gerada pelas declarações dos estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana em defesa da "família tradicional" e lamentou que as palavras sejam instrumentalizadas pelos setores mais "fascistas" e retrógrados da sociedade.

"Não sei se foi querendo ou sem querer, mas eles se transformaram neste momento em uma arma da direita, do catolicismo mais fundamentalista, que é usada contra nós, contra o movimento LGBT. Eles dizem "olha, dois homossexuais como Dolce e Gabbana também estão conosco"", disse em entrevista à Agência Efe.

Romani acrescentou que os argumentos de ambos "são usados pelas camadas mais fascistas" e lembrou que "um movimento como o Forza Nuova, de inspiração fascista, os enviou suas credenciais honorárias".

As declarações de Dolce e Gabbana, que provocaram uma onda de críticas por defenderem a família tradicional e por chamarem de "sintéticas" as crianças nascidas de barrigas de aluguel, não correspondem com os valores da sociedade italiana, segundo Romani.

"São declarações que não representam a sociedade italiana. A sociedade italiana, ao contrário da política, nos últimos 10, 20 anos cresceu muito na consideração dos gays e das lésbicas", explicou.

O ativista considerou a política do país "culpada" por "nunca ter desejado enfrentar a questão dos direitos negados às pessoas gays, lésbicas e transexuais".

"A política italiana perdeu muitos adeptos porque teve chances, mas foram evitadas, talvez porque esse assunto seja considerado embaraçoso, difícil de ser tratado, ao contrário do que ocorreu na maioria dos países europeus", explicou.

Em países como a Espanha, esse tema foi tratado no parlamento, às vezes com "discussões fortes", até se chegar a uma solução, coisa que na Itália não ocorre, disse ele.

"Isso passa a imagem de uma classe política antiquada em relação ao resto do país. Para a maior parte dos italianos, uma lei que afeta o casal gay é absolutamente normal", denunciou.

Em algumas ocasiões, essa situação costuma ser vinculada à presença do Vaticano na Itália. No entanto, Romani descartou essa teoria, já que, segundo sua opinião, a "Espanha é um país muito mais católico que a Itália", assim como Portugal e Argentina.

"Esses países são católicos verdadeiros, no sentido da fé. Na Itália são muito mais clericais, atentos ao poder das hierarquias, do bispo, da cura nos povos. E isso prejudica não só os gays, mas toda a sociedade", explicou.

O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, disse recentemente que pretende sancionar uma lei que regule as "uniões civis homossexuais" em maio.

Renzi também se referiu à necessidade de uma "grande operação educativa" para acabar com o fenômeno da homofobia no país, como o caso de um jovem de Turim, que foi agredido no fim de semana passado enquanto andava de ônibus.

Em 2013, chegou ao parlamento da Itália o projeto contra a homofobia "Lei Scalfarotto", que atualmente se encontra bloqueada no Senado à espera de aprovação.

Arcigay é uma associação que luta pela igualdade das pessoas independente da orientação sexual ou do gênero. Fundada em 1985, com sede em Bolonha, a ONG conta com mais de 60 delegações por toda a Itália.

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